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PF tem áudio de Bolsonaro e ex-chefe da Abin negociando plano para livrar Flávio de investigação

Encontro aconteceu em agosto de 2020 e teria sido gravado pelo ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem

Brasília|Do R7, em Brasília

Bolsonaro pode ser beneficiado após decisão do TCU Beto Barata/PL - 6.7.2023

A Polícia Federal obteve um áudio de uma reunião em 2020 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem na qual os dois tratam sobre medidas contra supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração do relatório final das investigações sobre supostos desvio de parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro (PL) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) enquanto ele era deputado estadual. O R7 tenta contato com as defesas dos citados.

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A gravação tem uma hora e oito minutos de duração. De acordo com a corporação, Ramagem teria afirmado na reunião que seria preciso instaurar “procedimento administrativo contra os auditores, com o objetivo de anular as investigações, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.

Também participaram dessa reunião o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e uma advogada de Flávio.

Segundo a PF, Ramagem determinou a Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues, que faziam parte do esquema de espionagem ilegal com o sistema da Abin e foram presos em operação da PF nesta quinta-feira (11), que fizessem diligência sobre os auditores responsáveis pela confecção do relatório de inteligência fiscal que substanciou investigação criminal envolvendo Flávio.


Nas redes sociais, Flávio negou relação com a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e afirmou que foi “vítima” de servidores da Receita Federal que teriam acessado ilegalmente seus dados, mas que a defesa dele “atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter”. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro citou, ainda, que a operação teve motivação política e o objetivo de “prejudicar” a candidatura do ex-diretor da agência Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro.

Auditores espionados

Mensagens trocadas entre alvos da operação da PF desta quinta-feira Reprodução/Polícia Federal

A PF também obteve conversas entre Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues.


Nos prints, é possível ver que Bormevet envia a Rodrigues dados pessoais de três auditores. Bormevet pede que sejam encontrados “podres e relações políticas” dos funcionários da Receita Federal.

“Se conseguir, ver [sic] rede social da esposa”, escreveu Bormevet. Pouco tempo depois, Rodrigues manda alguns arquivos e reitera que “foi o que deu para apurar nesse tempo”. “Ao pesquisar, entendi o contexto e vou continuar a pesquisar por aqui”, afirmou.


As orientações de Bormevet e Giancarlo geraram pesquisa nos sistemas, que foram repassadas para o gabinete do então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, em 21 de dezembro de 2021. “Precisamos informar ao GAB [gabinete] para resguardo”. Em resposta, Giancarlo afirmou que já estaria “providenciando as coisas”.

Bormevet e Rodrigues foram alvo de sindicância interna da Abin que apurou o esquema para beneficiar Flávio. Ramagem também prestou depoimento nessa sindicância, e para a PF ele mentiu ao afirmar que não haveria “possibilidade do servidor Marcelo Bormevet ter elaborado qualquer documento para o senador Flávio Bolsonaro ou para advogados”.

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