PL muda regras para evitar boicote à convenção de Bolsonaro
Movimento de pessoas contrárias ao presidente incentivou nas redes a retirada de ingressos por quem não pretende comparecer ao evento
Brasília|Plínio Aguiar e Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
Para evitar um boicote à convenção do presidente Jair Bolsonaro, o Partido Liberal (PL) mudou as regras da retirada de ingressos para o evento, que ocorre no próximo domingo (24), no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro (RJ). A medida veio depois que pessoas contrárias ao governo difundiram nas redes sociais uma estratégia para esvaziar o lançamento da candidatura à reeleição do presidente.
A ideia seria que opositores que não pretendem comparecer ao evento retirassem um ingresso, que é gratuito, pelo site divulgado pela legenda. Com isso, os ingressos se esgotariam, impedindo que apoiadores conseguissem ir à convenção.
Nas orientações via redes sociais e aplicativos de mensagem, alguns sugeriam até que um CPF inválido (exigido no cadastro) fosse gerado para evitar retaliações. Uma estratégia parecida ocorreu em 2020 em um comício do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que também tentava a reeleição.
Na terça-feira (19), o site apresentou instabilidade, e o número de ingressos se esgotou. Impulsionado pelo boicote ao chefe do Executivo organizado por opositores, o portal para a retirada de ingressos chegou a registrar cerca de 50 mil inscrições para a convenção. No entanto, conforme apurado pela reportagem, perto de 40 mil foram canceladas.
Triagem das inscrições
A reportagem apurou com a equipe da campanha que foi realizada, com o uso de ferramentas próprias, uma triagem das inscrições falsas e dos QR Codes. Além disso, o partido disse que os IPs dos ataques tinham sido armazenados para eventuais medidas judiciais legais, caso configurem crime.
Nesta quarta-feira (20), foi reaberto o espaço para a retirada de ingressos, mas com exigência de mais dados pessoais, como RG, endereço completo e até mesmo as redes sociais de quem retira o ingresso. Esse último requisito, no entanto, é opcional.
O Maracanãzinho tem capacidade para 11,8 mil pessoas. A expectativa do núcleo da campanha é que o evento reúna cerca de 10 mil apoiadores. Além de Bolsonaro, o candidato a vice-presidente na chapa, o ex-ministro da Defesa Braga Netto, estará presente, assim como ministros de Estado e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Aliada do presidente Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) informou nesta quarta-feira que havia acionado a Polícia Federal devido à "tentativa de sabotagem" do evento do presidente. Na avaliação da parlamentar, a ação é ilícita. A reportagem buscou o órgão e aguarda retorno.
"A conduta narrada configura crime eleitoral, e os envolvidos serão investigados pela Polícia Federal, estando sujeitos à pena pelo uso de documento falso", diz a parlamentar.