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Espera por cirurgia ortopédica chega a 60 dias em hospitais públicos do DF

Gestores afirmam que falta de anestesistas é principal causa de demora; Saúde aponta rotatividade dos profissionais como desafio

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Espera por cirurgia pode chegar a 60 dias
Espera por cirurgia pode chegar a 60 dias Espera por cirurgia pode chegar a 60 dias (Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)

O tempo de espera por uma cirurgia ortopédica no Hospital da Região Leste, no Paranoá, referência em atendimentos de trauma ortopédicos no Distrito Federal, é de 45 a 60 dias. Os casos menos complexos, atendidos no Hospital de Ceilândia, demoram até 15 dias para uma intervenção cirúrgica. Os dados são parte de um levantamento exclusivo realizado pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação e apontam como principal causa da demora o grande déficit de anestesistas na rede pública.

A gestão do Hospital do Paranoá disse que o déficit “impacta diretamente na capacidade de realização de cirurgias e no tempo de internação dos pacientes”. O centro médico afirmou que “aguarda a contratação e convocação de mais profissionais” e ressaltou que, mesmo com a escassez, o “esforço da equipe” garante a realização de uma média de 200 cirurgias por mês, incluindo 35 cirurgias de coluna, atendimento de alta complexidade e que pode demandar cirurgias de até 12 horas.

O hospital de Ceilândia apontou que as principais demandas da unidade são cirurgias por fratura de fêmur e fixador externo. Em dezembro, havia 66 pessoas internadas aguardando cirurgias ortopédicas. Na ocasião, a demora era motivada por falta de placas, parafusos e próteses, assim como a falta de profissionais de enfermagem no centro cirúrgico.

Segundo a unidade, a alta demanda por diversas intervenções e as condições clínicas dos pacientes são fatores a serem levado em conta, pois os idosos, por exemplo, precisam de avaliações complementares antes de passar por algum procedimento.

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A gestão do hospital disse que montou uma força-tarefa para ter anestesistas em todos os turnos, com um profissional fixo para a equipe de ortopedia. Em relação à falta de insumos, a administração afirmou que providencia a compra pelo Programa de Descentralização Progressiva de Ações de Saúde.

Demora na recuperação

Ortopedista especialista em coluna vertebral e medicina regenerativa, Luiz Felipe Carvalho aponta os riscos da espera para os pacientes. “A cirurgia não acelera a recuperação, mas durante a intervenção cirúrgica realizamos a fixação e o alinhamento das fraturas em traumatologia”, diz. A demora para esse alinhamento pode trazer uma calcificação com desvios, por exemplo.

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Carvalho cita que o atraso pela cirurgia também aumenta a dor e pode levar o paciente a ter perda muscular. “Quanto mais demorarmos para a realização da correção cirúrgica da doença, mais levará tempo para a recuperação funcional dos pacientes”, afirma.

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Ao R7, a Secretaria de Saúde disse que trabalha para contratar mais profissionais. A pasta citou o concurso realizado em 2022, que já nomeou 726 médicos. Em contrapartida, foram 2023 pedidos de exoneração em 2023. A rotatividade dos profissionais é um desafio enfrentado pela pasta, que disse ter uma “média de 180 a 200 médicos pedindo exoneração ao longo dos anos”.

A secretaria informou que trabalha com os programas de “qualidade de vida no trabalho” e atua "para que os servidores tenham boas condições laborais e se sintam motivados para desempenharem suas atividades da melhor forma possível”.

Falta de dados

A reportagem pediu informações sobre o tempo médio de espera nos hospitais de Base, do Gama e de Santa Maria. Em resposta a Lei de Acesso, a gestão do Gama disse que não teria como fazer o levantamento, “pois cada paciente tem sua particularidade, como prioridade por idade, por critérios de urgência e emergência”, o que altera o tempo de espera.

A unidade disse que no período de chuvas ocorrem mais acidentes com motociclistas, por isso aumenta a demanda principalmente por “fraturas de fêmur, tíbia e tornozelo”. A falta de anestesistas é um dos principais desafios do hospital, que ter adotado, “para mitigar as dificuldades, o terceiro turno para realização de cirurgias de pacientes internados pela ortopedia”. “No plantão noturno, com três anestesiologistas, um fica por conta desses procedimentos”, acrescentou.

O Hospital de Santa Maria informou que os casos de cirurgias de urgência e emergência estão sendo enviados para o Hospital de Base. A administração do Base não informou um tempo médio de espera pelas cirurgias ortopédicas, mas declarou que “a grande demanda, a capacidade disponível de recursos, como leitos, equipamentos, [e] profissionais de saúde, pode levar a atrasos e espera para alguns pacientes”. Por isso, eles priorizam os pacientes, conforme o quadro de cada um.

“É uma situação complexa que envolve gerenciamento de recursos, capacidade de resposta e necessidades imediatas dos pacientes. Há, ainda, que se considerar que a saúde pública do Distrito Federal vem acumulando ao longo dos anos um déficit considerável de recursos, o qual vem gerando extensas filas para atendimentos clínicos, cirúrgicos e de procedimentos, diagnósticos e terapêuticos nas diversas especialidades, a despeito dos esforços realizados, tanto ao nível gerencial quanto assistencial”, finalizou.

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