CNA lamenta tarifas adicionais anunciadas por Trump e pede solução diplomática
Confederação da Agricultura e Pecuária diz que produtos mais impactados seriam aqueles em que o Brasil é dominante nos EUA
Economia|Do R7, em Brasília

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária) divulgou nota em que analisa os efeitos das novas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos agropecuários brasileiros. O presidente Donald Trump anunciou, na quarta-feira (2), tarifas adicionais de 10% para produtos do Brasil, gerando preocupação no comércio internacional.
De acordo com a confederação, os produtos mais impactados seriam exatamente aqueles em que o Brasil é dominante no mercado dos EUA, como sucos de laranja e outras frutas, o etanol e o açúcar.
A estimativa de quedas nas importações americanas, segundo a CNA, pode chegar a 743 milhões de litros de suco de laranja, 41 milhões de litros de etanol e 28 mil toneladas de açúcar refinado.
“Ainda é precipitado avaliar eventuais perdas ou ganhos para o Brasil com o anúncio das tarifas recíprocas pelos EUA, visto que a alteração tarifária afeta todos os países do mundo, inclusive grandes exportadores de produtos agropecuários”, antecipa o documento divulgado pela confederação.
No comunicado, a CNA pede que o governo brasileiro deve “seguir explorando a via negociadora com os EUA para buscar mitigar as tarifas anunciadas e alcançar benefícios mútuos para ambas as nações”.
E argumenta que medidas de retaliação, como o projeto de lei que autoriza o governo a reagir a possíveis sanções comerciais, “devem ser utilizados apenas após o esgotamento dos canais diplomáticos, para defender os interesses brasileiros”.
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O contexto
Os EUA são o terceiro maior destino dos produtos do agronegócio brasileiro, atrás da China e da União Europeia. Em 2024, o mercado americano representou 7,4% das exportações brasileiras no setor, totalizando US$ 12,1 bilhões. Produtos como café verde e sucos de laranja são especialmente importantes para o mercado americano.
A ordem executiva, publicada em 2 de abril, estabeleceu uma tarifa adicional de 10% para produtos brasileiros a partir de 5 de abril. Antes dessa medida, as tarifas médias eram de 3,9%. Com o aumento, as tarifas passarão para 13,9%, segundo a CNA, afetando a competitividade dos produtos brasileiros.
A CNA classificou os produtos do agronegócio brasileiro conforme sua dependência dos EUA: crítica, alta, moderada e leve.
Produtos com alta dependência, como sebo bovino e madeira perfilada, terão dificuldades para encontrar novos mercados. Produtos com menor dependência, como carne bovina e açúcar, podem ter algumas oportunidades em outros países.
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