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África do Sul abre investigação após mulheres serem recrutadas para produzir drones na Rússia

Jovens foram supostamente alocadas para trabalhar na produção de drones militares sem serem informadas previamente sobre isso

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A África do Sul iniciou uma investigação sobre recrutamento de jovens sul-africanas por empresas russas com promessas de emprego, direcionando-as para a produção de drones militares.
  • A Zona Econômica Especial de Alabuga, na Rússia, é um ponto central na fabricação desses drones, com relatos de alocação não informada para trabalho em armas.
  • As jovens recrutadas enfrentam condições adversas, incluindo longas jornadas de trabalho e exposição a produtos químicos, acreditando inicialmente que participariam de programas de trabalho-estudo.
  • A Alabuga busca expandir sua força de trabalho, com planos de contratar milhares de mulheres de diversas regiões, apesar das negações das organizações envolvidas sobre o destino real das trabalhadoras.

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Drone russo do tipo Shahed-136 é encontrado na região de Vinítsia, na Ucrânia, em março de 2024 Polícia Nacional da Ucrânia

A África do Sul iniciou uma investigação para apurar denúncias de que empresas russas estão recrutando jovens sul-africanas com promessas de empregos atraentes, mas as direcionando para trabalhar na produção de drones militares usados na guerra da Ucrânia.

As informações foram publicadas pela agência de notícias norte-americana Bloomberg e pelo site United24 Media, vinculado ao governo ucraniano.


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O governo sul-africano está examinando atividades de empresas russas especialmente na Zona Econômica Especial (ZEE) de Alabuga, no Tartaristão, uma república autônoma no sudoeste russo que produz drones militares, como o iraniano Shahed-136.

A ZEE de Alabuga é um ponto central do programa de fabricação de drones da Rússia. Lá, o país produz milhares de aeronaves por meio de parcerias com o Irã, que compartilha tecnologia com o regime de Vladimir Putin, e de componentes fornecidos pela China, segundo a Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC).


Segundo a Bloomberg, autoridades de Pretória podem convocar representantes diplomáticos russos para esclarecimentos em breve. “O governo da África do Sul está investigando ativamente relatos de programas estrangeiros que recrutam sul-africanos sob falsos pretextos”, afirmou o Departamento de Relações Internacionais e Cooperação do país.

Até o momento, não há evidências conclusivas de que as ofertas de emprego na Rússia sejam inconsistentes com seus propósitos declarados, mas o recrutamento pelo programa Alabuga Start despertou preocupação nas autoridades sul-africanas.


O programa recruta jovens mulheres de 18 a 22 anos de países da América Latina, Sul da Ásia, África e ex-União Soviética, muitas vezes por meio de redes sociais e intermediários locais, para trabalhar em indústrias localizadas na zona econômica.

Depoimentos coletados pela GI-TOC, no entanto, indicam que essas trabalhadoras foram alocadas para trabalhar na produção de armas sem serem informadas previamente sobre isso. Elas acreditavam que iriam participar de um programa de trabalho-estudo.


Os relatos colhidos pela organização descrevem ainda condições adversas, como longas jornadas de trabalho, exposição a produtos químicos perigosos, vigilância constante e assédio.

Supostas ligações com o Brics

A investigação sul-africana também foi motivada por relatos de que jovens mulheres, principalmente entre 18 e 22 anos, estavam sendo atraídas por organizações ligadas ao Brics, bloco econômico do qual a África do Sul, assim como o Brasil, faz parte.

Em maio, a divisão sul-africana da Aliança Empresarial Feminina do Brics, uma organização internacional que promove oportunidades de negócios para mulheres nos países do bloco, assinou um acordo para fornecer 5.600 trabalhadores em 2026 para Alabuga e para a construtora russa Etalonstroi Ural, segundo a Bloomberg.

Além disso, a Comissão de Estudantes do Brics na África do Sul publicou anúncios em janeiro oferecendo vagas em construção e hotelaria, divulgados por influenciadores no Instagram e no TikTok, ainda de acordo com a agência de notícias.

Promessas de emprego

A Alabuga Start promove ofertas de emprego como uma oportunidade para jovens mulheres de países de baixa renda, oferecendo salários de até US$ 800 por mês, voos gratuitos e a possibilidade de construir uma carreira.

No entanto, relatórios do Instituto de Ciência e Segurança Internacional (ISIS), sediado em Washington, nos Estados Unidos, apontam que cerca de 90% das trabalhadoras recrutadas acabam em linhas de montagem de drones Shahed-136, sem serem informadas previamente.

“Elas estão fabricando armas e acabando na linha de frente porque agora fazem parte da guerra”, disse Spencer Faragasso, pesquisador sênior do ISIS, ao United24 Media.

No ano passado, a agência de notícias Associated Press (AP) relatou que mulheres africanas foram enganadas com promessas de estágios em hotelaria, mas acabaram trabalhando em condições extenuantes, manipulando materiais tóxicos sem proteção adequada. O jornal Wall Street Journal também publicou investigações com conclusões semelhantes.

A campanha de recrutamento ocorre em um momento em que a África do Sul enfrenta uma taxa de desemprego de cerca de 33%, com mais de 48% das mulheres abaixo de 34 anos sem trabalho.

Na Rússia, a escassez de mão de obra é agravada pelo envelhecimento da população, pela mobilização de homens para a guerra na Ucrânia e pela saída de opositores do regime, segundo o United24 Media.

“A Rússia tem uma demanda por força de trabalho, enquanto a África do Sul enfrenta uma crise de desemprego”, afirmou Lebogang Zulu, presidente da Aliança Empresarial Feminina do Brics, à Bloomberg.

Visitas a escolas e expansão do programa

Imagem de TV estatal russa mostra estudante trabalhando na construção de um drone Shahed, segundo mídia ucraniana Reprodução/Zvezda

Representantes da Alabuga Start e da Comissão de Estudantes do Brics visitaram a escola secundária Beyers Naude, em Soweto, em Joanesburgo, em abril, oferecendo camisetas e canetas da Alabuga, além de promessas de empregos e apartamentos, segundo estudantes entrevistados pela Bloomberg.

Eles foram orientados a se inscrever por meio de um grupo no WhatsApp. Apesar de a publicidade não mencionar a produção de drones, relatórios do ISIS e da GI-TOC indicam que a maioria das recrutadas trabalha na fábrica de drones.

Alabuga também está construindo moradias para abrigar mais 41 mil trabalhadores, o que sugere planos de expansão da produção de drones, segundo o ISIS. O local já sofreu ataques ucranianos, o último deles no dia 9 deste mês de agosto, segundo a Bloomberg.

Além da África do Sul, a Alabuga tem buscado trabalhadoras em países como Burkina Faso, Etiópia e Lesoto. Em 2023, apenas 22 pessoas foram contratadas pelo programa, mas a meta para 2025 é de mais de 8.000, segundo o site da Alabuga.

Em Botsuana, a Interpol abriu uma investigação para apurar se o programa configura tráfico de pessoas, segundo o United24 Media. Na Argentina, uma ação judicial foi movida contra ex-participantes de um reality show que promoveram o programa, de acordo com o mesmo site.

A Aliança Empresarial Feminina do Brics e a Comissão de Estudantes do Brics negam que as trabalhadoras sejam destinadas à produção de drones. “Não há evidências concretas de que as pessoas enviadas sofram”, disse Thembehlile Mpungose, secretária-geral da comissão, à Bloomberg.

O Ministério da Mulher da África do Sul informou que não tem vínculo formal com a Brics Women’s Business Alliance e desconhece o programa de recrutamento russo. Representantes da Alabuga também negaram o envolvimento de africanas em fábricas de drones.

Perguntas e Respostas

 

Qual é o motivo da investigação da África do Sul?

 

A África do Sul iniciou uma investigação para apurar denúncias de que empresas russas estão recrutando jovens sul-africanas com promessas de empregos atraentes, mas direcionando-as para trabalhar na produção de drones militares usados na guerra da Ucrânia.

 

Quais informações foram divulgadas sobre o recrutamento?

 

As informações foram publicadas pela agência de notícias norte-americana Bloomberg e pelo site United24 Media, vinculado ao governo ucraniano. O governo sul-africano está examinando as atividades de empresas russas, especialmente na Zona Econômica Especial (ZEE) de Alabuga, que produz drones militares.

 

O que se sabe sobre a Zona Econômica Especial de Alabuga?

 

A ZEE de Alabuga é um ponto central do programa de fabricação de drones da Rússia, onde o país produz milhares de aeronaves por meio de parcerias com o Irã e componentes fornecidos pela China.

 

O que o governo sul-africano planeja fazer em resposta às denúncias?

 

Autoridades de Pretória podem convocar representantes diplomáticos russos para esclarecimentos. O Departamento de Relações Internacionais e Cooperação do país afirmou que está investigando relatos de programas estrangeiros que recrutam sul-africanos sob falsos pretextos.

 

Quais são as preocupações em relação ao programa Alabuga Start?

 

O programa Alabuga Start recruta jovens mulheres de 18 a 22 anos de vários países, mas há preocupações de que essas trabalhadoras sejam alocadas para a produção de armas sem serem informadas previamente. Elas acreditavam que iriam participar de um programa de trabalho-estudo.

 

Que condições de trabalho foram relatadas pelas recrutadas?

 

Relatos indicam que as trabalhadoras enfrentam longas jornadas, exposição a produtos químicos perigosos, vigilância constante e assédio.

 

Qual é o contexto econômico que leva ao recrutamento dessas mulheres?

 

A investigação foi motivada por relatos de que jovens mulheres estão sendo atraídas por organizações ligadas ao Brics, em um momento em que a África do Sul enfrenta uma taxa de desemprego de cerca de 33%, com mais de 48% das mulheres abaixo de 34 anos sem trabalho.

 

O que dizem os relatórios sobre o destino das trabalhadoras recrutadas?

 

Relatórios do Instituto de Ciência e Segurança Internacional (ISIS) indicam que cerca de 90% das trabalhadoras recrutadas acabam em linhas de montagem de drones, sem serem informadas previamente sobre isso.

 

Como as organizações envolvidas respondem às acusações?

 

A Aliança Empresarial Feminina do Brics e a Comissão de Estudantes do Brics negam que as trabalhadoras sejam destinadas à produção de drones. O Ministério da Mulher da África do Sul informou que não tem vínculo formal com a Brics Women’s Business Alliance e desconhece o programa de recrutamento russo.

 

Quais ações estão sendo tomadas em outros países em relação a esse recrutamento?

 

Em Botsuana, a Interpol abriu uma investigação para apurar se o programa configura tráfico de pessoas. Na Argentina, uma ação judicial foi movida contra ex-participantes de um reality show que promoveram o programa.

 

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