Ajustada vitória conservadora ameaça levar Bulgária a uma crise política
Internacional|Do R7
Vladislav Púnchev Sófia, 12 mai (EFE).- Os conservadores búlgaros do ex-primeiro-ministro Boiko Borisov despontam como vencedores nas eleições legislativas do país, embora com um resultado no qual não poderão governar o país, indicaram todas as pesquisas de boca de urna. Se for confirmado o resultado, pode acontecer a maior instabilidade política e econômica no país balcânico, dadas as grandes dificuldades para formar uma coalizão com qualquer um dos três partidos com representação parlamentar. De acordo com as pesquisas, a formação conservadora Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB) somou entre 31 e 33% dos votos, entre três e seis pontos na frente do Partido Socialista. Outros dois partidos superariam o resultado mínimo de 4% para entrar no Parlamento de 240 cadeiras, o partido da minoria turca DPS, com cerca de 10%, e o ultranacionalista Ataka, com entre 7 e 8%. Com estas projeções de votos, o instituto demoscópico Alpha Research calcula que os conservadores teriam 97 deputados, os socialistas 85 cadeiras, enquanto o DPS teria 34 representantes e o Ataka 24. Conservadores e socialistas já descartaram qualquer tipo de acordo. A única coalizão com a qual parecia possível fazer um acordo era entre centro-direita e a minoria turca, embora o líder desta última formação, Lyutvi Mestan, qualificou hoje o GERB de autoritário e desprezou essa opção. "Em tal situação e por falta de uma maioria no Parlamento, a única opção são novas eleições", disse o analista político Antonio Todorov em entrevista à televisão "BNT". Outra possibilidade é a apontada pela ex-ministra conservadora de Fomento Lilyana Pavlova. "Um Governo de minoria para manter a estabilidade social do país", uma fórmula inédita e que os analistas não veem com bons olhos. A participação eleitoral não teria chegado nem a 50%, um dos números mais baixos de participação nos últimos 23 anos de democracia, segundo todas as pesquisas. Os primeiros resultados oficiais são esperados, como em breve, para a madrugada, depois que o processo de apuração começou com várias horas de atraso. Um pouco antes do fechamento dos colégios eleitorais, centenas de pessoas se concentraram para protestar perante o Palácio Nacional da Cultura, onde os dirigentes políticos oferecem suas entrevistas coletivas sobre a jornada eleitoral. Decepcionados pelos resultados e acusando os conservadores de fraude eleitoral, os manifestantes trataram de entrar no edifício enquanto gritavam "máfia", a palavra que empregam para qualificar a classe política. Esta é a primeira vez, desde a queda do comunismo em 1990, que aconteceu um protesto deste tipo contra os resultados eleitorais. A polícia conseguiu deter os manifestantes e organizar um cordão ao redor do edifício, enquanto eram atingidos por ovos e algumas bengalas. As eleições foram realizadas hoje após a queda do Governo do populista Borisov em 20 de fevereiro, depois de uma onda de protestos no país mais pobre da União Europeia (UE). Na Bulgária, onde o salário médio é de 350 euros mensais e as pensões não chegam a 100 euros, os altos preços da eletricidade e do gás em pleno inverno foram o detonante da ira popular que fez cair ao Executivo. As políticas de austeridade aplicadas por Borisov geraram um grande mal-estar em amplas camadas sociais de um país no qual o desemprego subiu de 8% em 2008 até 12% este ano. Segundo os últimos dados do Eurostat, 22% dos 7,3 milhões de habitantes do país vivem com o salário mínimo de 155 euros, enquanto quase metade da população -49%- corre o risco de cair na pobreza. A apatia dos eleitores e sua desilusão com a classe política marcou uma campanha que também foi envolvida em um escândalo de escutas ilegais. A sombra da fraude eleitoral também esteve presente e hoje a Justiça búlgara condenou um homem a cinco meses de prisão por tentar comprar votos. No sábado, a procuradoria encontrou 350 mil cédulas eleitorais fraudulentas no armazém de um deputado.EFE (foto) vp-ll/ff