Argentina ameaça levar Uruguai a Haia por elevar produção de fábrica
Internacional|Do R7
Buenos Aires, 15 out (EFE).- O governo da Argentina voltou nesta terça-feira a ameaçar levar o Uruguai à corte internacional de Haia se o país vizinho não voltar atrás "imediatamente" em sua decisão de autorizar um aumento da produção da fábrica de celulose da companhia finlandesa UPM. Em nota enviada à embaixada do Uruguai em Buenos Aires, o Ministério das Relações Exteriores argentino disse que a autorização do governo uruguaio "constitui uma ruptura unilateral do mecanismo de informação e consulta prévias" estabelecido no Estatuto do Rio Uruguai. O rio separa os dois países e a fábrica está instalada em uma de suas margens. Segundo a Chancelaria argentina, a autorização representa também "a constatação do descumprimento, por parte da fábrica da UPM (ex-Botnia), dos padrões estabelecidos pertinentemente e que serão agravados" se a fábrica superar um milhão de toneladas de celulose por ano. "O governo argentino reivindica que, imediatamente, o governo uruguaio deixe sem efeito a resolução", solicitou a Chancelaria. A Argentina ressaltou que se o Uruguai ignorar a exigência, será criada uma nova polêmica bilateral que não poderá ser resolvida por meio do diálogo, e assim "se verá obrigada a iniciar o procedimento perante a Corte Internacional de Justiça de Haia". No último dia 2, Mujica anunciou que autorizava unilateralmente o aumento de produção da fábrica de celulose em 100 mil toneladas, a metade do que a UPM tinha solicitado, sob a condição de implementar novas medidas de proteção ao meio ambiente. A decisão despertou a ira do governo argentino, que há duas semanas ameaçou recorrer à Corte Internacional de Justiça de Haia. A instalação da fábrica da UPM em 2005 foi motivo do pior conflito bilateral em décadas. A Argentina alegou que ela poluía o rio e causava grandes danos à natureza. Ambientalistas de Gualeguaychú protestaram contra a empresa e fecharam por anos a ponte binacional sobre o rio Uruguai que liga um país a outro. Por este conflito, a Argentina recorreu em 2006 ao tribunal de Haia, que em 2010 determinou que a fábrica não poluía, mas que o Uruguai não tinha informado devidamente à Argentina sobre os detalhes da construção. A decisão judicial ordenou, além disso, a criação de uma comissão conjunta para monitorar e controlar a contaminação no entorno da UPM. EFE mcg/cdr/id