Brasil não reconhece reeleição de Evo Morales na Bolívia
País apoia uma auditoria completa da OEA (Organização dos Estados Americanos) antes de considerar a vitória de Morales no primeiro turno
Internacional|Do R7, com Reuters
O Ministério das Relações Exteriores afirmou não reconhecer, por enquanto, a reeleição do presidente da Bolívia, Evo Morales, até que seja feita uma auditoria no primeiro turno das eleições. O pronunciamento foi publicado na sexta-feira (25) na conta do Twitter da pasta.
O país apoia uma auditoria completa da OEA (Organização dos Estados Americanos) no primeiro turno eleitoral.
Morales é o virtual vencedor em primeiro turno das eleições gerais do país, superando por 10,56 pontos percentuais o opositor Carlos Mesa, segundo colocado no pleito, que alega ter havido fraude na apuração. Com isso, o presidente irá para o quarto mandato seguido.
Crítica à OEA
Na quinta-feira (24), Morales criticou uma missão de observadores eleitorais da OEA por questionar a legitimidade do que afirma ter sido uma vitória incontestável no primeiro turno da eleição presidencial de domingo (20).
Em uma coletiva de imprensa, Morales disse que observadores da OEA o caluniaram ao apontar o que a entidade classificou como "dúvidas sérias" sobre a eleição.
A equipe local da OEA recomendou que a Bolívia convoque um segundo turno, depois que uma interrupção inesperada da contagem e uma mudança súbita a favor de Morales motivaram alegações de fraude eleitoral por parte da oposição.
"Não quero pensar que a missão da OEA já esteja participando de um golpe de Estado", disse Morales, reiterando a acusação de que seu maior adversário, Carlos Mesa, está tentando roubar sua vitória.
"Existe um golpe de Estado (orquestrado) interna e externamente. A OEA como um todo deveria avaliar a si mesma, e também a missão que enviou", acrescentou.
A missão da OEA não respondeu de imediato a pedidos de comentário. Em um relatório preliminar, o grupo citou a suspensão de uma contagem inicial e a renúncia subsequente do vice-presidente da comissão eleitoral como fatos que prejudicaram a credibilidade do pleito.
Morales, que governa a Bolívia há quase 14 anos, já enfrentou acusações de autoritarismo por concorrer a um quarto mandato, em uma afronta aos limites de mandato e a um referendo nacional.
Mesa pediu que as marchas pacíficas continuem até Morales convocar um segundo turno, um gesto que uma aliança de autoridades regionais e outros líderes de oposição apoiaram nesta quinta-feira.
Mesmo que conquiste outro mandato de cinco anos, Morales provavelmente fará seu governo mais fragilizado e sem a maioria sólida com que contou até agora no Congresso.
Morales disse que acolheria uma auditoria da OEA sobre a contagem final, mas exortou a entidade e a comunidade internacional a respeitarem a Constituição da Bolívia.