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Catar organiza eleição legislativa em votação inédita no país

Eleitores escolherão 30 dos 45 membros da assembleia consultiva. Demais membros serão definidos pela família Al Thani

Internacional|Do R7

Em votação inédita, eleitores do Catar vão às urnas definir integrantes do legislativo
Em votação inédita, eleitores do Catar vão às urnas definir integrantes do legislativo

Os eleitores do Catar comparecem às urnas neste sábado (2) para definir a maioria dos integrantes do órgão legislativo, uma votação inédita no país, onde os partidos políticos são proibidos, e que não vai alterar o equilíbrio de poder no rico emirado governado pela família Al Thani.

Os eleitores determinarão 30 dos 45 membros da Majlis al Shura, uma assembleia consultiva de pouco poder. Os demais serão designados pelo emir Tamim ben Hamad al Thani, que até agora escolhia todos os integrantes.

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Em todo emirado, os eleitores aguardavam, com suas túnicas brancas, para depositar a cédula de voto nas urnas. Os resultados devem ser divulgados durante a noite.

No início da tarde, 101 dos 284 candidatos retiraram seus nomes, segundo a televisão pública, para apoiar outros aspirantes em suas respectivas circunscrições.


O conselho terá novas faculdades, como propor leis, aprovar o orçamento ou revogar ministros, mas o todo-poderoso emir continuará com o direito de veto.

No Golfo Pérsico, apenas o pequeno reino do Kuwait tem um Parlamento eleito por seus cidadãos.


A votação, prevista pela Constituição de 2004, mas adiada em várias ocasiões, acontece em um momento de grande exposição para o país.

O Catar receberá no próximo ano a Copa do Mundo de futebol e as autoridades acreditam que organizar as eleições "provocará uma atenção positiva" para o país, afirmou Luciano Zaccara, especialista na região do Golfo e professor na Universidade do Catar.


"É uma forma de mostrar que o país está no bom caminho, que deseja mais participação política", completou.

Na prática, no entanto, os analistas não esperam grandes mudanças após as eleições no maior produtor e exportador mundial de gás natural liquefeito.

Os cartazes dos candidatos foram espalhados pelas cidades do país. Alguns comícios foram organizados e anúncios eleitorais foram exibidos na televisão. Mas a política externa e o status da monarquia continuam sendo temas tabu.

Outras limitações também foram registradas. Os 284 candidatos originais, incluindo apenas 28 mulheres, precisaram da aprovação do poderoso ministério do Interior, seguindo critérios como idade, caráter ou histórico judicial.

Os candidatos também foram obrigados a informar o ministério com antecedência sobre suas ações de campanha e os nomes das pessoas que discursariam nos eventos.

"É um dia histórico (...) me sinto feliz. Espero que o próximo conselho esteja à altura do momento que o Catar e o mundo vivem", declarou à AFP Ali Abdullah al-Julaifi, eleitor de 44 anos.

O reduzido número de mulheres candidatas não parecia importar a Sabika Yusef. "O mais importante do processo é escolher um candidato que saiba representar nossos votos", disse.

Outra questão importante é que a maioria dos 2,5 milhões de habitantes do emirado são estrangeiros e não podem votar.

E entre os 330.000 cidadãos cataris, apenas os descendentes daqueles que já eram cidadãos em 1930 podem votar e apresentar candidaturas.

Os membros da importante tribo seminômade Al Murra, por exemplo, foram excluídos da votação.

Não é a primeira vez que os cataris participam em um processo eleitoral, uma vez que já votaram em reformas constitucionais ou eleições locais.

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