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CORREÇÃO-Graham Bell falou - e sua voz chega a 2013

Internacional|Do R7

( Corrige no 2o parágrafo para 128 anos, e não 138 anos como publicado anteriormente)

Por Deborah Zabarenko

WASHINGTON, 29 Abr (Reuters) - Nove anos depois de dar o primeiro telefonema da história, Alexander Graham Bell tentou outra experiência: gravou sua voz em um disco de cartolina coberto de cera, em 15 de abril de 1885, e lhe conferiu uma assinatura sonora - "Escutem minha voz - Alexander Graham Bell".

O frágil disco passou 128 anos em silêncio, como parte da coleção de gravações sonoras antigas do Museu Smithsonian, até que as técnicas de exames por imagens, a informática, uma transcrição manual e um pouco de trabalho detetivesco em arquivos confirmassem que se tratava da única gravação da voz de Bell.


Carlene Stephens, curadora do Museu Nacional de História Americana do Smithsonian, disse que viu esse disco e quase 400 outros artefatos de áudio doados por Bell quando entrou para o museu, em 1974, mas que não havia ousado tocá-los até agora.

"Sua natureza experimental e condição frágil (...) os tornavam inadequados para a reprodução", disse Stephens por email. "Reconhecemos que esses materiais eram significativos para os primórdios da história fonográfica, mas, por serem considerados impossíveis de tocar, os armazenamos em segurança e esperamos pelo dia em que a tecnologia de reprodução alcançasse nosso interesse em escutar o conteúdo", escreveu ela.


Esse dia chegou em 2008, quando Stephens soube que cientistas do Laboratório Nacional Lawrece Berkeley, na Califórnia, haviam recuperado dez segundos de uma canção francesa gravada em 1860, em que ondas sonoras eram registradas como rabiscos em um papel coberto de fuligem. Isso foi quase duas décadas antes da primeira gravação executável feita por Thomas Edison, em 1888.

Se os cientistas de Berkely podiam extrair som de um papel sujo, avaliou Stephens, talvez também pudessem decifrar as silenciosas gravações que ela guardou durante décadas.


Ela contatou Carl Haber, de Berkeley, e Peter Alyea, especialista em conversão digital na Biblioteca do Congresso. Eles escolheram seis gravações do acervo, inclusive o que afinal continha a voz de Bell, e fizeram imagens tridimensionais de definição ultraelevada - o que incluía também, e principalmente, a profundidade dos sulcos. "Se você só tiver uma imagem comum (bidimensional), você não obtém a informação necessária."

Haber e seu colega Earl Cornell, também de Berkely, usam um algoritmo que transforma a imagem em som, sem tocar no delicado disco.

Na gravação de Bell, sua voz com sotaque escocês surge ditando uma série de números, e então cifras em dólar, como "três dólares e meio", "sete dólares e 29 cents", e finalmente "3.785,56 dólares".

Isso sugere que Bell estava pensando em uma máquina para gravações mercantis, segundo Stephens.

"A gravação por si só é historicamente interessante e importante", escreveu Stephens. "Ela responde a questões sobre Bell pessoalmente - que tipo de sotaque ele tinha? (Ele era um escocês que morou na Inglaterra, Canadá e EUA)... Como ele pronunciava seu nome do meio? (‘grêrram', não ‘grém')", contou ela.

(Reportagem de Deborah Zabarenko)

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