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Deportado após ajudar a Justiça: a história de um ex-membro do MS-13

A história de Henry, 19, que colaborou com a justiça dos EUA para fugir de uma das gangues mais violentas do mundo e ainda assim foi expulso do país

Internacional|Fábio Fleury, do R7

O MS-13 é uma das gangues mais violentas do mundo, de onde só se sai morto
O MS-13 é uma das gangues mais violentas do mundo, de onde só se sai morto O MS-13 é uma das gangues mais violentas do mundo, de onde só se sai morto

Henry nasceu em El Salvador 19 anos atrás. Duas vezes, foi obrigado a entrar para o MS-13, uma das gangues mais perigosas do mundo. Duas vezes, ele tentou fugir. Na última, foi impedido pela Justiça norte-americana, depois de colaborar com a polícia.

Ele foi deportado no início de janeiro, após ter seu pedido de asilo rejeitado por um juiz em novembro. Ao voltar para El Salvador, ele carregava uma sentença de morte nas costas. Com ajuda de uma campanha online, conseguiu fugir para a Europa, para tentar recomeçar sua vida.

A trajetória de Henry só foi revelada agora, pela agência norte-americana ProPublica, porque ele deixou seu país em segurança. O destino dele, no entanto, é mantido em segredo, para proteger sua vida.

História de violência

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A relação do salvadorenho com a gangue começou quando ele tinha 12 anos. Ele vivia no país com sua avó, depois que os pais imigraram ilegalmente para os EUA quando ele era criança.

Crescendo em uma região pobre do país, ele foi recrutado para o MS-13. Para fazer parte da gangue, ele precisava passar por um rito de iniciação que, no caso, consistia em matar um membro de uma gangue rival.

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Em seus depoimentos, Henry contou que um 'colega' mais velho do MS-13 colocou uma arma em sua mão, apontou para o rival e, com o dedo por cima do seu, apertou o gatilho.

Ele também participou de um assassinato em que diversos meninos da gangue mataram um rival a facadas. Se não fizesse isso, seria morto pelos próprios colegas.

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Tentativa de fuga

Quando fez 15 anos, Henry fugiu para os EUA e foi viver em Long Island com a mãe. Não demorou muito para que membros do MS-13 que vivem no estado aparecessem para lembrar que o único jeito de deixar a gangue é a morte.

Sem alternativas, ele passou a fazer parte da célula local da organização, mas não desistiu de escapar. Ele escreveu uma carta relatando a situação a um professor.

Um dos funcionários da escola encaminhou Henry para um detetive do condado de Suffolk, Angel Rivera, que fazia parte de uma força-tarefa do FBI para investigar o crime organizado. Acreditando que poderia mudar de vida, o rapaz passou a colaborar com o policial.

Ao invés de proteger Henry como uma testemunha importante, a polícia entregou o caso dele para a ICE, agência da imigração dos EUA que detém imigrantes ilegais.

O salvadorenho não apenas foi preso como também foi identificado como um informante e colocado em uma unidade repleta de membros do MS-13. Alguns deles estavam entre os que ele denunciou.

O risco de voltar

Nas audiências para decidir sobre seu pedido de asilo, Henry relatou que testemunhou violências inacreditáveis em El Salvador, como assassinatos e torturas, e afirmou que estaria sob risco se voltasse ao seu país de origem.

Professores e funcionários da escola testemunharam a seu favor e não adiantou. A ICE afirmou que ele oferecia um "risco à sociedade".

O juiz considerou que, pela lei norte-americana, os assassinatos cometidos na pré-adolescência, coagido pela gangue, impediriam o asilo. Então, em novembro do ano passado, ele decidiu pela deportação.

Com medo de permanecer mais tempo encarcerado em meio a diversos membros da gangue da qual ele jamais conseguiu escapar, Henry preferiu voltar a El Salvador. De lá, foi para a Europa, graças a uma campanha de arrecadação montada por seu advogado.

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