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Em crise demográfica, Japão registra menor número de nascimentos em 125 anos

Queda de 5% na natalidade em 2024 agrava envelhecimento populacional e desafia economia e segurança do país

Internacional|Do R7

Em crise demográfica, Japão registra menor número de nascimentos em 125 anos Reprodução/X/@JapanGov

O Japão atingiu em 2024 o menor número de nascimentos já registrado em 125 anos, com apenas 720.988 bebês nascidos, uma queda de 5% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do país.

É o nono ano consecutivo de recordes negativos, evidenciando uma crise demográfica que ameaça a economia e a segurança nacional japonesas. A redução anual, que não mostra sinais de desaceleração, ocorre apesar das iniciativas do governo para estimular a natalidade.

Em contrapartida, o número de mortes alcançou um recorde de 1,6 milhão, resultando em uma diminuição populacional de quase 900 mil pessoas -- a maior já registrada na história do país. Isso significa que, para cada bebê nascido, duas pessoas morreram.

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O primeiro-ministro Shigeru Ishiba reconheceu que os esforços para reverter a tendência ainda não surtiram efeito. “Precisamos estar cientes de que a queda nos nascimentos não foi interrompida. No entanto, o número de casamentos aumentou, e há uma relação estreita entre casamentos e nascimentos. Devemos focar nisso”, disse, segundo a revista britânica The Economist.


Casamentos sobem, mas não o suficiente

Em 2024, o Japão registrou 499.999 casamentos, um aumento de 2,2% em relação a 2023, quando o número caiu abaixo de 500 mil pela primeira vez em 90 anos. Apesar da ligeira recuperação, especialistas alertam que o impacto da pandemia de Covid-19, que reduziu os casamentos em 12,7% em 2020, ainda reflete na taxa de natalidade.

“Esse efeito pode persistir até 2025”, disse Takumi Fujinami, economista do Instituto de Pesquisa do Japão, à agência de notícias Reuters.


A queda nos nascimentos foi observada em todas as 47 províncias do país, superando até as projeções mais pessimistas do governo. O Instituto Nacional de Pesquisa Populacional e Previdência Social estimava que o número de nascimentos só atingiria a faixa de 720 mil em 2039, mas a realidade chegou 15 anos antes.

Entre os cidadãos japoneses, o total de bebês nascidos deve ficar abaixo de 700 mil pela primeira vez, dado que será confirmado em junho.


Envelhecimento rápido e medidas drásticas

Com quase 30% da população acima dos 65 anos, o Japão é o país que envelhece mais rápido no mundo. O governo vê os anos até 2030 como a “última chance” para reverter o declínio, especialmente com a geração dos anos 1990 (atualmente em idade fértil) sendo crucial para a mudança. “Estamos à beira de saber se podemos continuar funcionando como sociedade”, chegou a dizer o ex-primeiro-ministro Fumio Kishida em 2023.

Entre as medidas adotadas, estão a expansão de creches, subsídios para moradia e até um aplicativo de namoro estatal para incentivar casamentos. Em uma iniciativa mais ousada, o Governo Metropolitano de Tóquio, um dos maiores empregadores do país, lançou uma semana de trabalho experimental de quatro dias para dar mais tempo às famílias.

A combinação de menos nascimentos e mais mortes eleva o peso sobre a população ativa. Estima-se que, até 2040, os gastos com previdência social cheguem a 169 trilhões de ienes (cerca de R$ 6,4 trilhões), um aumento de 28% em relação a 2020, segundo o Instituto de Pesquisa Mitsubishi. Despesas com saúde e cuidados para idosos devem crescer ainda mais, alcançando 83 trilhões de ienes.

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