EUA e Coreia do Sul simulam ataque a túneis de Kim Jong-un com robôs e drones
Ação faz parte do exercício militar conjunto Freedom Shield e utiliza tecnologia avançada para treinar incursão em rede subterrânea estratégica da Coreia do Norte
Internacional|Do R7
Tropas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul realizaram uma simulação de ataque à vasta rede de túneis subterrâneos da Coreia do Norte, utilizando cães-robôs de quatro patas, drones e explosivos.
O treinamento, que envolveu cerca de 370 soldados, ocorreu em Paju, na província de Gyeonggi, próxima à fronteira norte-coreana, e faz parte dos exercícios militares anuais Freedom Shield, que começou na semana passada.
O objetivo da ação, de acordo com os exércitos dos dois países, é preparar os soldados para neutralizar instalações estratégicas do regime de Kim Jong-un em um cenário de guerra.
Fotos divulgadas na segunda-feira (17) pelos aliados mostram cães-robôs vasculhando túneis e detonando explosivos sob controle remoto enquanto um grupo militar sul-coreano opera drones de reconhecimento para localizar entradas no local.
“Foi uma oportunidade inestimável para compartilhar estratégias de combate subterrâneo e identificar melhorias na guerra desse tipo”, disse o Tenente-Coronel Hwang Hyeon Jo, comandante do Batalhão de Engenharia da Coreia do Sul, ao jornal Korea JoongAng Daily.
Segundo o exército sul-coreano, acredita-se que esses túneis conectem residências e escritórios de Kim Jong-un a rotas de fuga e abriguem ogivas nucleares e químicas perto da fronteira.
Na última quarta-feira (12), outra simulação do Freedom Shield com 500 militares testou a neutralização de armas de destruição em massa, com drones armados e veículos não tripulados.
Tensões e incidentes
Antes dos exercícios conjuntos começarem, caças sul-coreanos KF-16 bombardearam acidentalmente uma área residencial do país, destruindo prédios e ferindo dezenas de pessoas, incluindo 19 civis, devido a um erro humano.
A Coreia do Norte condena amplamente os treinamentos dos EUA e da Coreia do Sul. O país disparou mísseis balísticos no Mar Amarelo no dia 10 e classificou os exercícios como uma “simulação de guerra nuclear”.
Pyongyang também citou o acidente com os caças como um “sinal ameaçador”, alertando que uma bomba perdida na fronteira poderia ter consequências “desastrosas”. “Observamos cada ato militar dos inimigos e agiremos sem aviso em caso de emergência”, declarou o regime por meio da KCNA, agência estatal de notícias do país.
Os túneis norte-coreanos, cuja construção começou após a Guerra da Coreia (1950-1953), quando bombardeios dos EUA mataram cerca de 282 mil pessoas, são vistos como um trunfo estratégico.
Militares acreditam que eles servem tanto para defesa quanto para ataques surpresa contra o Sul. Em resposta, Seul e Washington afirmam que os exercícios conjuntos têm caráter defensivo, visando deter provocações de Pyongyang.