‘Filme de terror para os peixes’: como uma alga matou mais de 200 espécies marinhas
Proliferação produziu um ‘manto tóxico’ no mar e tem provocado a morte por sufocamento dos animais
Internacional|Do R7

A proliferação de algas tóxicas matou mais de 200 espécies marinhas no sul da Austrália. Entre os animais afetados estão tubarões de águas profundas, polvos e o dragão-marinho-folhado, um peixe raro.
A espécie de alga Karenia mikimotoi se espalhou por mais de 150 km do litoral e até 20 metros de profundidade desde que foi detectada pela primeira vez em março e produziu um “manto tóxico” no mar. A ministra do Meio Ambiente da Austrália do Sul afirmou que o surto atingiu uma escala sem precedentes. “É a maior proliferação que já vimos”, disse Susan Close.
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Como consequência, cientistas e moradores têm observado mortes em massa de peixes, mariscos, tubarões, dragões-marinhos, raias, moluscos e espécies de águas profundas ao longo da costa sul do país.
O excesso de algas dessa espécie sufoca os peixes, danifica suas guelras e ataca os glóbulos vermelhos e o sistema nervoso. Os animais afetados podem sofrer hemorragias e apresentar comportamento errático. “É como um filme de terror para os peixes”, disse Brad Martin, da OzFish, uma ONG que ajuda a preservar o habitat de peixes na Austrália, ao jornal britânico The Guardian.
Essas algas não são consideradas tóxicas para os humanos, no entanto, podem causar irritação na pele e problemas respiratórios em alguns banhistas.
O que causou a proliferação
A proliferação de K. mikimotoi foi percebida pela primeira vez em março. Banhistas notaram um espuma espessa e aumento de animais marinhos mortos nas praias.
Uma bióloga da Universidade de Tecnologia de Sydney identificou as algas em um microscópio e por meio de análise de DNA. Segundo ela, a espécie é conhecida por produzir oxigênio reativo que poderia sufocar a vida marinha.
Cientistas dizem que a proliferação se deve a condições climáticas ideais. As algas estão sendo alimentadas por uma onda de calor marinha em andamento, com temperaturas do mar 2,5°C acima da média, e condições calmas do tempo.
Segundo as autoridades, as ondas de calor marinhas estão se tornando muito mais frequentes à medida que os oceanos continuam a aquecer.
O governo da Austrália do Sul disse que os ventos necessários para dispersar a proliferação de algas estavam sendo atrasados por sistemas persistentes de alta pressão.
Close disse que não há muito que o governo possa fazer. “A única coisa que vai interromper essa proliferação é uma mudança no clima e o início dos ventos fortes de oeste”, disse.
Ainda não se sabe qual o impacto ecológico e econômico total causado pela proliferação.