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França: Número de ataques antissemitas cresce 74% em um ano

País lida com atos violentos contra judeus desde 2003, mas bateu recorde de violência em 2018, quando 541 agressões foram registradas 

Internacional|Giovanna Orlando, do R7

Maior comunidade judaica na Europa e a maior fora dos Estados Unidos e Israel, a França registrou um aumento de 74% no número ataques antissemitas em um ano, segundo dados do governo francês. Os casos pularam de 311 em 2017 para 541 em 2018.

O país abriga cerca de 500 mil judeus, que são alvo de ataques violentos recentes.

Pelo menos 11 pessoas morreram em 2018 por serem judias. Uma delas era Mireille Knoll, uma idosa de 85 anos sobrevivente do Holocausto, que foi brutalmente assassinada no apartamento em que morava, em Paris.

Entre os ataques mais recentes, um cemitério judeu foi vandalizado e suásticas foram pichadas nas lápides, além de uma padaria francesa amanhecer com a palavra “juden”, termo alemão para judeu, pintada na fachada, como era feito no governo de Hitler.

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Apesar do pico recente de violência, a França lida com ataques antissemitas desde 2003, quando 12 judeus foram mortos. O presidente, Emmanuel Macron, deu declarações públicas condenando a violência e identificando os atos como antissemitas, mas o problema segue sem solução.

O primeiro-ministro Edourad Philippe fez um discurso em fevereiro sobre o crescimento dos ataques e condenou os atos. “Dia após dia eu percebo mais degradações e inscrições escandalosas. Dia após dia eu percebo que símbolos e lugares que o nosso país aprecia são atacados”, disse.

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Quem está por trás dos ataques?

Nenhum grupo assumiu a autoria dos crimes e nem o governo consegue encontrar um culpado específico. Entretanto, alguns membros dos coletes amarelos foram apontados como tendo visões extremistas e alguns atos antissemitas aconteceram durante os protestos contra o governo, que começaram em novembro de 2018.

Entre eles, um grupo foi flagrado por câmeras de segurança fazendo gestos ofensivos e dizendo que jornalistas "trabalham para judeus", além de perseguirem um sobrevivente do Holocausto em uma estação de metrô de Paris.

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Os ataques recentes

O ataque mais recente que causou comoção no país foi em um cemitério judeu em Quatzenheim, onde lápides foram pichadas com suásticas. Macron visitou o lugar e garantiu que os responsáveis teriam que lidar com a Justiça e condenou a situação.

Este foi o segundo ato de vandalismo recente em cemitérios judeus. O primeiro aconteceu em Strasbourg, a 490 km de Paris, em que as lápides também foram pichadas.

Imagem de sobrevivente do Holocausto vandalizada
Imagem de sobrevivente do Holocausto vandalizada Imagem de sobrevivente do Holocausto vandalizada

Caixas de correio com o retrato de Simone Veil, sobrevivente do Holocausto e presidente do Parlamento Europeu, morta em 2017, apareceram pichadas no começo de fevereiro. No mesmo mês, o intelectual judeu Alain Finkielkraut foi cercado por manifestantes ao sair de um táxi perto de sua casa, em Paris. A cena foi gravada por câmeras de segurança e mostram o grupo gritando “Volte para Tel Aviv”, a segunda maior cidade de Israel.

Outros ataques violentos também chocaram a França. Em 2012, um extremista islâmico invadiu uma escola judaica e matou três crianças e uma professora em Toulouse, no interior da França, e em 2015, um mercado kosher em Paris foi atacado e quatro clientes foram assassinados.

A influência das redes sociais

A quantidade de comentários xenofóbicos e ofensivos encontrados nas redes sociais preocupou as autoridades francesas, que precisaram pressionar os aplicativos a excluir comentários de ódio.

A internet ajuda pessoas a se conectarem e criarem grupos que compartilham das mesmas visões e gostos, e isso inclui grupos extremistas com intenções perigosas.

As redes sociais, como Twitter e Facebook, já afirmaram que vão tentar limitar o acesso e propagação de conteúdos extremistas e antissemitas. Uma fase dessa operação funciona automaticamente pelos filtros, que impedem que o conteúdo seja lançado, mas alguns comentários precisam ser excluídos manualmente.

SAIBA MAIS: Manter memória do Holocausto é desafio 73 anos após fim da guerra

O Youtube também tomou medidas recentemente contra conteúdos de extrema direita e que propaguem discursos de ódio. Exclusão de canais, desmonetização de vídeos e limitação ao acesso de novos usuários são medidas que mostram que, de alguma forma, as empresas estão se posicionando contra discursos violentos e ofensivos.

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