Governo de Enrico Letta conquista voto de confiança definitivo do Parlamento
Internacional|Do R7
Roma, 30 abr (EFE).- O novo Executivo italiano de coalizão, presidido por Enrico Letta, do Partido Democrata (PD), foi aprovado definitivamente no Parlamento da Itália, ao superar com grande maioria o voto de confiança no Senado. Por 233 votos a favor, 59 contra e 18 abstenções, o governo integrado pelo PD, Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi, e Escolha Cívica, de Mario Monti, conseguiu apoio parlamentar no Senado após ter obtido o voto de confiança na Câmara dos Deputados. Desde as eleições realizadas há dois meses, o Senado era o principal obstáculo para a formação do governo italiano depois que o líder da coalizão vencedora, Pier Luigi Bersani, não conseguiu maioria absoluta e apoio para seu Executivo. O bloqueio político foi solucionado quando Letta, braço direito de Bersani no PD, foi encarregado de formar governo e se formalizou um acordo de seu partido com Berlusconi e Monti. Como já ocorreu ontem na Câmera dos Deputados, o Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, e o antigo aliado do PD, Esquerda Ecologia e Liberdade, votaram contra. A separatista Liga Norte se absteve ao não concordar com o programa de Letta. Antes mesmo da aprovação do Senado ao governo, surgiram as primeiras demonstrações públicas de divergências na coalizão entre o PDL e o PD em relação ao imposto sobre habitação reintroduzido por Monti e cujo pagamento de junho tinha sido suspenso. O novo ministro para as Relações com o Parlamento, Dario Franceschini, do PD, disse hoje que haverá uma "prorrogação para o pagamento de junho" e que depois a taxa será revisada. O anúncio desagradou Berlusconi, que durante a campanha eleitoral se comprometeu não só a eliminar o imposto, mas a devolver o que foi pago em 2012. O ex-primeiro-ministro italiano disse que confiava "tanto na abolição como na devolução" do que já foi pago e advertiu que não apoiará um governo que não fizer isto. Durante sua audiência no Senado, Letta afirmou que o pacto obtido para formar um governo de coalizão não significa que tenha se resolvido a frágil situação de "emergência" da Itália. "Me dei conta que há um grande problema: há uma carga de expectativa excessiva sobre este governo. Se não há consciência da fragilidade do que já fez e do que estamos fazendo e se pensa que todos os problemas já estão resolvidos formando um governo, acho que nos equivocamos", disse Letta. "A situação que temos diante de nós continua sendo de grandíssima dificuldade e de grandíssima emergência", afirmou o primeiro-ministro, acrescentando que não há alternativa possível ao seu governo. Após a posse no Senado, Letta se prepara para iniciar uma rodada de contatos na Europa para impulsionar medidas de crescimento econômico que permitam aliviar a situação de uma Itália que, segundo se soube hoje, registrou em março uma taxa de desemprego de 11,5%. O primeiro-ministro da Itália se reunirá hoje mesmo em Berlim com a chanceler alemã, Angela Merkel, e em seguida irá para Paris para se encontrar com o presidente da França, François Hollande. Letta também conversará com os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Na União Europeia "temos que avançar juntos. Já não é mais só a moeda que nos une, um continente como o nosso não pode estar só unido pela moeda", disse Letta. "O assunto da crise europeia é uma questão, sobretudo, de democracia, de soberania, de eficácia de respostas. Estou convencido de que não é uma questão técnica, é uma questão de mostrar à burocracia de Bruxelas, aos líderes políticos europeus e aos cidadãos que nosso destino ou é comum ou será feito por países que caminharão cada um por seu lado", discursou. EFE mcs/dk