Governo sírio negociará em Genebra, mas não para "entregar o poder"
Internacional|Do R7
Damasco, 24 jun (EFE).- O ministro sírio de Relações Exteriores, Walid Muallem, disse nesta segunda-feira que seu Governo não irá à conferência de Genebra 2, convocada pelos EUA e Rússia, para "entregar o poder", mas para negociar a formação de "um Governo nacional amplo". Em entrevista coletiva em Damasco, Muallem disse que "quem pensa que vamos a Genebra entregar o poder, que não vá" e acrescentou que a participação na conferência, que ainda não tem data marcada, é para "estabelecer uma cooperação verdadeira". O ministro considerou que Genebra 2 será uma "boa oportunidade para uma solução política", embora tenha lembrado que não aceitarão ideias ou soluções impostas desde o exterior. Do mesmo modo, o ministro criticou os países árabes e ocidentais do grupo dos Amigos da Síria, depois que estes anunciaram em seu último encontro em Doha que enviarão material e equipamento bélico aos rebeldes de maneira urgente. "Matando os sírios vocês conseguirão seus objetivos? Para qual parte acabarão indo as armas? Sabemos que (islamismo radical) a Frente al Nusra é a maior força da oposição no terreno. Isso quer dizer que acabarão armando a Al Nursa. Estão apoiando o terrorismo", disse Muallem. O ministro se referiu particularmente ao vídeo que mostra um líder rebelde islamita fazendo gesto de comer o coração que acaba de extrair do corpo de um soldado sírio. "No final, vamos ganhar a batalha, mas estamos preocupados com suas tentativas de alongar a crise. Queremos terminar com este sofrimento hoje melhor do que amanhã", afirmou. Além disso, Muallem negou que seu país tinha utilizado armas químicas no conflito e acusou os rebeldes de terem usado gás nervoso na cidade Khan al Asal, junto a Allepo, no norte. Por outro lado, o ministro afirmou que os últimos combates no Líbano entre o Exército e os salafistas são consequência da decisão dos países árabes e ocidentais de armar os rebeldes. Segundo a ONU, mais de 90 mil pessoas morreram desde que começaram, há mais de dois anos, os protestos contra o regime de Bashar al Assad, que derivaram em uma guerra civil. EFE gb-hh/ff