Equipes de resgate da Rússia localizaram nesta terça-feira (6) a área da queda de um avião de passageiros com 28 pessoas a bordo, desaparecido dos radares algumas horas antes, quando deveria pousar na remota península de Kamchatka, no extremo-oriente do país.
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A busca foi interrompida durante a noite, informaram fontes do Ministério das Situações de Emergência. De acordo com agências de notícias russas, as esperanças de encontrar sobreviventes eram quase nulas.
O governador de Kamchatka, um grande território com poucos habitantes, mas popular entre os turistas por seus vulcões e natureza selvagem, afirmou que peças da fuselagem foram encontradas no mar de Okhotsk.
"Claramente aconteceu uma catástrofe durante o pouso", disse ele, em um vídeo publicado no site do governo regional.
A agência russa de transporte aéreo, Rossaviatsia, afirmou em um comunicado que os destroços foram encontrados às 21h06 (6h06 de Brasília), mas que o trabalho dos socorristas era dificultado pela geografia da região.
O avião, um Antonov An-26 da época soviética, voava entre a capital da região, Petropavlovsk-Kamchatckiy, e a pequena cidade de Palana, quando parou de transmitir sinais às 15h40 (0h40 de Brasília), informou à AFP a procuradora regional Valentina Glazova.
As autoridades explicaram que perderam a comunicação, quando a aeronave estava a nove quilômetros do aeroporto, 10 minutos antes do horário previsto para o pouso. O Antonov era operado por uma pequena empresa local.
Os investigadores disseram que estão analisando as hipóteses de um acidente causado pelo mau tempo, por um problema técnico ou por um erro do piloto.
Neblina espessa
A maioria dos passageiros era de Palana, uma cidade de menos de 3.000 habitantes. Entre eles, estava a chefe da administração municipal, Olga Mokhiriova.
A imprensa russa divulgou um vídeo do Ministério das Situações de Emergência que mostra a área do acidente.
Citada pela agência Interfax, a frota russa do Pacífico informou que vários pedaços da fuselagem foram encontrados no topo de uma colina e no mar. Outras agências, que mencionam fontes das equipes de emergência, relataram que o avião tentou pousar duas vezes em meio a uma intensa neblina e a fortes ventos.
A Rossaviatsia também se referiu a uma neblina no aeroporto e destacou que "as montanhas da região estavam cobertas pelas nuvens", no momento da aproximação do avião.
Palana foi cenário de um acidente fatal em setembro de 2012, quando, em um momento de intensa neblina, a tripulação de um Antonov An-28 não seguiu os procedimentos de aproximação. O avião caiu, e 10 das 14 pessoas a bordo morreram. Os exames detectaram nível de álcool no sangue dos dois integrantes da tripulação.
Problemas de segurança
De acordo com sites especializados, o Antonov An-26 desaparecido nesta terça-feira entrou em operação em 1982.
Projetado para ser o avião de transporte das forças militares soviéticas e de seus aliados, o An-26 foi produzido de 1969 a 1986 e também foi desenvolvido para uso civil. O modelo sofreu diversos acidentes fatais nos últimos anos.
Em setembro de 2020, 26 pessoas, a maioria estudantes de uma academia militar, morreram em um acidente perto de Kharkiv, no leste da Ucrânia. Em março de 2018, um An-26 militar russo também caiu durante o pouso, desta vez na base russa de Hmeimin, na Síria. Neste acidente, morreram os 39 militares que estavam a bordo.
Por muito tempo conhecida pelos acidentes de aviação, a Rússia melhorou a segurança no tráfego aéreo nos últimos anos, quando as companhias do país trocaram as antigas aeronaves soviéticas por outras mais modernas.
O país ainda sofre, no entanto, com a falta de manutenção dos aviões e com as flexíveis normas de segurança, que provocam acidentes frequentes, especialmente nas zonas remotas do país.