Iraque tem onda de violência com 60 mortos no aniversário da invasão
Internacional|Do R7
(Atualiza número de vítimas). Bagdá, 19 mar (EFE).- A violência tomou o Iraque nesta terça-feira com a morte de cerca de 60 pessoas em uma sequência de atentados, a maioria contra zonas xiitas de Bagdá, véspera do décimo aniversário da invasão americana do país. O Iraque amanheceu nesta manhã em meio a uma onda de atentados e ataques que, segundo fontes policiais consultadas pela Agência Efe, deixaram 60 mortos e mais de 180 feridos. No total, 17 carros-bomba e dois artefatos explodiram em vários bairros da capital como Kazamiya, Cidade de Sadr, Novo Bagdá, Huseiniya, Otaifiya e Zafaraniya. Este último foi o bairro mais castigado, já que no local morreram pelo menos oito pessoas e dezenas ficaram feridas. Além das explosões, foi registrada a queda de bombas e um ataque armado na capital. Fora de Bagdá, explodiram dois carros-bomba em zonas situadas ao sul da cidade contra uma patrulha da polícia e uma base militar, em uma ação que matou dois soldados, dois agentes e três civis. Além disso, na cidade de Mossul, morreram outros cinco policiais em três ataques diferentes, dois com explosivos e um com armas automáticas. Por enquanto, nenhum grupo assumiu a autoria da série de atentados, que acontece às vésperas do aniversário de dez anos do início de uma coalizão multinacional, liderada pelos Estados Unidos, para derrubar o regime de Saddam Hussein. Em 20 de março de 2003 às 3h35 locais (20h35 do dia 19 em Brasília) mísseis Tomahawk atacaram uma fazenda no sul de Bagdá, onde, segundo as informações da inteligência, o então ditador iraquiano, Saddam Hussein, estava reunido com responsáveis políticos e militares. Era o início de uma ocupação que durou mais de sete anos e que mergulhou o Iraque em uma espiral de violência sectária, devido ao desmantelamento do antigo aparelho de segurança. Durante esse período, mais de 100 mil iraquianos, de acordo com a ONG Iraq Body Count, morreram, assim como 4.400 soldados dos EUA, que se somam às baixas de outros membros da coalizão internacional. A situação não foi estabilizada após a retirada do exército americano, em 18 de dezembro de 2011, já que o país viveu um aumento da violência, que havia diminuído paulatinamente nos últimos anos da ocupação dos EUA. Nos últimos meses, o Iraque foi palco de vários atentados contra os xiitas e as forças de segurança. As recorrentes crises políticas e a corrupção no país também não colaboraram para a tão sonhada estabilidade, enquanto os cidadãos sofrem com a ausência de serviços básicos. O governo de união nacional, liderado pelo xiita Nouri al-Maliki, tem atualmente pouca unidade após o anúncio de boicote de suas reuniões por oito de seus ministros da coalizão opositora Al Iraqiya, integrada por sunitas e xiitas. Os ministros do partido Al Iraqiya decidiram boicotar o Executivo em solidariedade aos protestos nas províncias de maioria sunita, como Al-Anbar, Ninawa e Salah ad-Din. Além disso, as manifestações estimularam as demissões em demonstração de apoio aos ministros de Finanças, Rafei al Essawi, e de Agricultura, Izz al-Din al Daula, ambos membros do Al Iraqiya. Os sunitas se queixam de serdiscriminados pelo Executivo de al-Maliki, após ter gozado de privilégios durante a época de Saddam. Entre suas reivindicações estão a libertação de presos, a revisão do processo político, a emenda da lei antiterrorista e a conquista de um equilíbrio nas instituições do Estado, entre outros. Por outro lado, não parece que a tensão política vá se resolver, ao se aproximar a data de realização das eleições aos Conselhos Provinciais, prevista para 20 de abril. A princípio, estava programado que as eleições aconteceriam em todas as províncias do país, menos nas três que constituem a região autônoma do Curdistão iraquiano, no norte. No entanto, o governo de Bagdá decidiu hoje adiar por no máximo seis meses sua realização em Al-Anbar e em Ninawa,por motivos de segurança. Nessas duas províncias, palcos de protestos sunitas, quatro candidatos foram assassinados na semana passada e vários outros receberam ameaças de morte. EFE ah-hh-ssa/rsd (foto)