Jornalista mexicano é morto em festa de Natal na escola do filho
Gumaro Pérez é o 12º jornalista assassinado neste ano no México
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7, com ANSA
O jornalista mexicano Gumaro Pérez, de 35 anos, foi assassinado nesta terça-feira (19) por dois homens enquanto participava da festa de final de ano da escola de seu filho em Acayucán, no estado de Veracruz, no sul do México.
Segundo dados da organização Artigo 19, Pérez é o 12º jornalista morto no México neste ano, e o 39º desde 2012, quando o presidente Enrique Peña Nieto assumiu o poder.
De acordo com o porta-voz da Associação de Jornalistas Independentes de Acayucán, Juan José Barragán, o jornalista foi morto em uma sala de aula do colégio, após uma pessoa armada invadir o local e disparar nove vezes contra Pérez.
Em entrevista ao R7, Barragán afirma que, por trás dos assassinatos de profissionais da mídia no país, preocupam fatores como impunidade para os autores dos crimes e falta de proteção às famílias.
— O mais preocupante é que há muita impunidade. Não há punição para os assassinos no México, e isso diz respeito a todas mortes, que envolvem vítimas jornalistas ou não. Não existe investigação, não existe apuração sobre a corrupção dentro das polícias e quem reporta os casos acaba sofrendo retaliações. Além disso, não há o acompanhamento do governo para as famílias das vítimas fora os trâmites funerários. Não há apoio para que tenham um pouco de segurança nem enquanto os casos repercutem.
Gumaro Pérez era o fundador do site La Voz del Sur e era funcionário da prefeitura local. Ele era especializado em noticiário policial e pediu escoltas para suas reportagens em 2015. Desde então, passou a receber ameaças de morte e ser coberto pelo programa preventivo de segurança da Comissão Estatal para Cuidado e Proteção de Jornalistas (CEAPP, na sigla em inglês).
O porta-voz da Associação de Jornalistas Independentes de Acayucán diz que 19 jornalistas foram mortos no estado de Veracruz entre 2011 e 2016, sendo uma das regiões mexicanas com mais assassinatos de profissionais de imprensa. Em 2017 — sob a administração do governador Miguel Yúnes —, foram quatro mortos.
No Twitter, Yúnes lamentou a morte de Pérez, descrevendo que o assissanato foi "tortuoso e covarde". Ele ainda pediu para que a Secretaria de Segurança Pública proteja a família do jornalista e ordenou que a Procuradoria acione um grupo especial para investigar o caso.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, em um ranking que mediu a liberdade de imprensa em 180 países no ano de 2017, o México aparece na 147ª posição.