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Netanyahu retorna ao poder em Israel com governo mais direitista da história do país, dizem analistas

Primeiro-ministro disse ao Parlamento que gestão terá a missão de 'garantir a superioridade militar israelense na região'

Internacional|Do R7

O primeiro-ministro designado de Israel, Benjamin Netanyahu, apresenta novo governo
O primeiro-ministro designado de Israel, Benjamin Netanyahu, apresenta novo governo

Benjamin Netanyahu, ganhador das eleições legislativas de 1º de novembro em Israel, apresentou nesta quinta-feira (29) sua equipe ministerial aos deputados, antes de um voto de confiança do Parlamento e à frente de um governo descrito pelos analistas como o mais direitista da história do país.

Netanyahu anunciou a nomeação do ex-ministro da Inteligência Eli Cohen como chefe da diplomacia. No dia anterior, havia dito que Yoav Gallant, um antigo oficial considerado próximo ao movimento favorável aos assentos na Cisjordânia ocupada, obteve a pasta da Defesa.

A missão do governo será "frustrar os esforços do Irã para adquirir um arsenal nuclear", "garantir a superioridade militar de Israel na região" e "ampliar o círculo de paz" com os países árabes, disse Netanyahu ao Parlamento.

Autoridades de segurança já expressaram preocupação com a liderança do novo governo, assim como os palestinos e algumas capitais ocidentais.


"É um governo dos sonhos para os aliados de Netanyahu", disse à AFP Yohanan Plesner, presidente do instituto de pesquisa Israel Democracy Institute.

"E o sonho de um lado e o pesadelo do outro", qualificou. "Espera-se que este governo leve o país a uma trajetória completamente nova", acrescentou.


Netanyahu, de 73 anos, é o primeiro-ministro mais antigo de Israel, com quinze anos divididos em dois mandatos (1996-1999 e 2009-2021).

Mas enfrentando acusações de corrupção, ele foi deposto do poder em 2021 por uma coalizão eclética de políticos de esquerda, centristas e partidos árabes liderados por Naftali Bennett e Yair Lapid.


Após a eleição, o próximo primeiro-ministro começou a negociar com partidos ultraortodoxos e de extrema direita, como o Partido Sionista Religioso de Bezalel Smotrich e o Poder Judaico de Itamar Ben Gvir, ambos com um histórico de declarações explosivas contra os palestinos.

No novo governo, Smotrich assumirá o Ministério das Finanças e será responsável pela política de colonização na Cisjordânia.

Ben Gvir será ministro da Segurança Nacional e controlará a polícia que opera na Cisjordânia, ocupada desde 1967.

Concessões

Mesmo antes de assumir o governo, a maioria parlamentar aprovou leis para permitir que Aryeh Deri, um importante aliado do partido ultraortodoxo Shas, exercesse o cargo de ministro, apesar de ter admitido crimes fiscais.

Os parlamentares decidiram também ampliar os poderes do Ministério da Segurança Nacional. Nesse contexto, o procurador-geral Gali Baharav-Miara alertou para o risco "de politização das forças de ordem".

E essa não é a única preocupação. Na segunda-feira, durante um telefonema com Netanyahu, o comandante das Forças Armadas, Aviv Kochavi, manifestou preocupação com a criação de um segundo cargo ministerial na pasta da Defesa para Smotrich, que supervisionará a gestão dos assuntos civis na Cisjordânia.

Aliados de Israel, os Estados Unidos também advertiram que se oporiam a uma expansão dos assentamentos ou a qualquer tentativa de anexação desse território.

Homem palestino carrega uma criança enquanto participa de uma manifestação na Cisjordânia
Homem palestino carrega uma criança enquanto participa de uma manifestação na Cisjordânia

Ainda assim, o partido Likud, de Netanyahu, informou em seu programa de governo divulgado na quarta-feira que promoverá os assentamentos na Cisjordânia.

Cerca de 475 mil colonos judeus vivem em assentamentos considerados ilegais pela lei internacional.

Analistas consideram que Netanyahu fez grandes concessões à extrema direita na esperança de ganhar imunidade ou o arquivamento de seu processo judicial por suborno, fraude e quebra de confiança. Mas essas concessões podem incendiar a volátil situação entre israelenses e palestinos.

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Ben Gvir visitou várias vezes a Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar mais sagrado do Islã. Sob um status quo histórico, os não muçulmanos podem visitar o local, mas não orar.

"Se Ben Gvir, como ministro, for à Esplanada das Mesquitas, será uma enorme linha vermelha", comentou à AFP Basem Naim, uma autoridade do movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Israel e o Hamas travaram uma guerra em maio de 2021. Neste ano, outros grupos militantes em Gaza trocaram foguetes e mísseis durante três dias em agosto com as forças israelenses.

E na Cisjordânia a violência aumentou e muitos temem mais problemas. "Acredito que se o governo agir de forma irresponsável, pode provocar uma escalada na segurança", declarou o ministro da Defesa, Benny Gantz, na terça-feira, dizendo estar assustado com a "direção extremista" do novo governo.

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