Organização fundamentalista ameaça matar refém francês na Somália
Internacional|Do R7
Nairóbi, 16 jan (EFE).- A organização islamita somali Al Shabab ameaçou nesta quarta-feira executar o refém francês Denis Allex, sequestrado na Somália desde julho de 2009 e que o exército da França tentou resgatar na madrugada do último sábado, em uma operação fracassada que deixou dois soldados franceses e 17 rebeldes mortos. Em comunicado publicado hoje, a organização diz ter "chegado a uma decisão unânime" de matar Allex como vingança pelos civis que, segundo os rebeldes, foram assassinados pelos soldados franceses durante a tentativa de resgate. "Com a tentativa de resgate, a França assinou de forma voluntária a sentença de morte de Allex", diz Al Shabab em seu comunicado. Além disso, os islamitas somalis afirmam que a morte de Allex será uma consequência da "crescente perseguição da França a muçulmanos por todo o mundo" e pelas "operações militares do governo francês contra a lei islâmica no Afeganistão e, mais recentemente, no Mali". Embora no sábado passado o presidente da França, François Hollande, tenha dito que Allex havia sido assassinado por seus sequestradores "sem dúvida" durante o resgate fracassado, Al Shabab afirmava ao mesmo tempo que o refém continuava sob sua custódia, a salvo e longe do lugar no qual aconteceu o combate. "(O ministro francês de Defesa, Jean-Yves) Le Drian, consciente de que a execução é a consequência natural da traição, anunciou que o castigo já havia sido dado, apesar de que nesse momento Allex estava vivo", aponta a carta dos fundamentalistas islâmicos. A nota de Al Shabab diz, ainda, que o refém francês forneceu muita informação durante os interrogatórios realizados nos últimos três anos e meio, o que lhes permitiu "um melhor entendimento do funcionamento do aparelho de inteligência da França". Por sua vez, os rebeldes asseguram que não se negaram a negociar com Paris o resgate de Allex, como disse Le Drian no sábado passado, após a fracassada operação militar na Somália. "Queremos confirmar que praticamente tudo negociável foi negociado", aponta Al Shabab, que afirma que todos os seus esforços foram "repetidamente obstaculizados pela Direção Geral da Segurança Exterior (DGSE) da França", que define como "apática" e "pouco colaboradora". Allex é um dos nove franceses sequestrados na África, dos quais cinco estão no Níger, dois em Mali e outro na Nigéria, e a maioria deles em mãos do grupo terrorista Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI). hc/tr