Países de UE apoiam Paris e não descartam enviar tropas de combate ao Mali
Internacional|Do R7
Bruxelas, 17 jan (EFE).- A União Europeia (UE) expressou nesta quinta-feira seu total respaldo à intervenção francesa no Mali e vários Estados- membros ofereceram apoio militar a Paris, sem descartar a possibilidade de enviar tropas para combater os grupos terroristas que controlam o norte do país africano. Depois de se reunir com os ministros das Relações Exteriores dos 27 países da UE, a chefe da diplomacia comunitária, Catherine Ashton, confirmou que vários governos declararam estar "dispostos a ajudar e apoiar a França por qualquer meio". "Não descartaram nenhum aspecto, incluindo o apoio militar", disse Ashton sobre esses Estados, sem dar mais detalhes. Seguindo a mesma linha, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, considerou "absolutamente possível" que algum país possa enviar tropas de combate ao Mali, embora lembrou que a decisão compete a cada Estado. "Não podemos forçá-los a fazê-lo. Há limites na política de segurança e defesa", assinalou. Até agora, vários países facilitaram à França apoio logístico -entre eles Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Dinamarca - e outros disseram que estudam fazer a mesma coisa, como no caso de Espanha e Itália, mas nenhum expressou vontade de participar diretamente das operações no Mali. Segundo fontes comunitárias, a possibilidade de algum país enviar soldados ao Mali não foi discutida abertamente na reunião extraordinária realizada nesta quinta pelos responsáveis das Relações Exteriores da UE e, em qualquer caso, essa cooperação aconteceria em um plano bilateral. A UE, como bloco, enviará uma missão militar ao Mali para auxiliar na formação do Exército local, cujo estabelecimento foi aprovado nesta quinta pelos ministros, que também nomearam o comandante da operação, o general francês François Lecointre. A missão europeia será formada por cerca de 450 soldados, com 200 formadores que serão encarregados de treinar quatro batalhões do exército malinês para permitir que possam fazer frente aos grupos terroristas que controlam o norte do país. A operação conta com um mandato de 15 meses e com um orçamento comum de 12,3 milhões de euros, que pode aumentar se algum outro país resolver entrar na operação. Pelo menos oito países já confirmaram a vontade de participar da missão (Espanha, França, Alemanha, Itália, Suécia, Estônia, Eslovênia e Bélgica) e o número pode aumentar. A UE acelerou ligeiramente os preparativos do desdobramento de seus formadores, que poderia se tornar efetivo em meados de fevereiro, embora o treino não começaria até março. O Mali destacou a importância deste apoio europeu através do pronunciamento de seu ministro das Relações Exteriores, Tieman Hubert Coulibaly, que participou da primeira parte da reunião com os titulares europeus. Coulibaly insistiu que toda a comunidade internacional deve ajudar na luta contra os grupos terroristas que operam no Sael, pois são uma ameaça para todos os países. Fora do plano puramente militar, a UE também abriu a porta para desbloquear a ajuda econômica ao Mali, congelada desde o golpe de Estado do ano passado e que poderá chegar a 250 milhões de euros. Para isso, o Governo de Bamaco deve apresentar um "roteiro " para devolver a ordem democrático ao país, um plano que Coulibaly anunciou que será revelado nos próximos dias. Segundo explicou, o plano terá duas fases diferenciadas: a primeira centrada em recuperar o controle do norte do país, com a ajuda da força africana que intervirá no Mali sob mandato da ONU, e a segunda na organização de eleições livres. O encontro dos ministros da UE foi realizado sob a sombra do sequestro algumas pessoas em um campo de tratamento de gás na Argélia, um incidente que nem Bruxelas nem Bamaco quiseram vincular ao conflito no Mali, mas que usaram como exemplo do perigo que o terrorismo jihadista representa. EFE mvs/ff (foto) (vídeo)