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Peru: Líder conservadora admite reunião com Odebrecht em 2010

Lourdes Flores Nano negou ter pedido repasses da construtora brasileira, que teriam sido usados para financiar campanha a prefeitura de Lima

Internacional|Da EFE

Líder conservadora nega ter pedido repasses
Líder conservadora nega ter pedido repasses

A líder do conservador Partido Popular Cristão (PPC), Lourdes Flores Nano, admitiu nesta terça-feira (26) que se reuniu em 2010 na sua casa com representantes da construtora brasileira Odebrecht, mas negou ter pedido repasses para sua campanha eleitoral no Peru.

"Sim, houve a reunião, não a neguei nunca", declarou Flores à emissora "RPP Noticias", antes de acrescentar que desse encontro participaram os ex-representantes da Odebrecht no Peru Jorge Barata e Raymundo Trindade Serra.

Este último, que foi gerente de Relações Internacionais da empresa, prestou depoimento na semana passada a promotores peruanos e disse que a construtora forneceu US$ 200.000 à campanha de Flores para prefeitura de Lima em 2010 e também disse que repassou entre US$ 20.000 e US$ 30.000 à sua campanha presidencial de 2006.

Trindade declarou que entregou o dinheiro de 2010 em quatro partes, de US$ 50.000 cada uma, ao advogado Horacio Cánepa, investigado atualmente por supostamente ter recebido US$ 3 milhões em subornos para favorecer a Odebrecht em diversas arbitragens.


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Meios de comunicação locais assinalam que Cánepa admitiu sua vinculação com atos corruptos e aceitou colaborar com a Justiça peruana.

Na semana passada foram revelados áudios de conversas telefônicas de Cánepa com Flores sobre as reuniões com os representantes da Odebrecht.


A esse respeito, a líder conservadora afirmou à "RPP" que "Cánepa não esteve presente" no encontro e que, diante do que afirma Trindade, ela não pediu dinheiro nessa reunião "de nenhuma maneira".

Flores assegurou que, durante a campanha de 2010, Cánepa se ofereceu a contratar pesquisas de opinião e que só em 2017 ela soube que, para financiá-las, tinha pedido os US$ 200.000 à Odebrecht.


Apesar de reconhecer que o dinheiro entregue a Cánepa "evidentemente" estava "muito acima" dos repasses permitidos pela lei peruana, Flores também disse que "o importante é que o dinheiro não entrou no partido".

Flores também defendeu seu direito a ter guardado silêncio sobre este tema, apesar de conhecê-lo desde 2017 e após ter criticado nas semanas anteriores o acordo de leniência assinado pelo Ministério Público peruano com a Odebrecht.

Por outro lado, admitiu que tentou comunicar-se, sem sucesso, com Barata e Trindade para "conseguir informação" sobre seu caso e indagar se este último era delator da Justiça peruana, mas assegurou que não tinha a intenção de evitar que falassem sobre os repasses da Odebrecht para sua campanha eleitoral.

A Justiça peruana investiga os repasses e milionários subornos que a Odebrecht admitiu ter pagado a políticos e funcionários peruanos desde 2005, em um período que inclui os governos de Alejandro Toledo, Alan García, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski.

Além disso, estão implicadas neste caso a líder opositora Keiko Fujimori, a ex-prefeita esquerdista de Lima Susana Villarán e, agora, a líder conservadora Lourdes Flores Nano.

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