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Pistorius vai às lágrimas e nega ter premeditado morte de namorada

Internacional|Do R7

Marcel Gascón. Pretória, 19 fev (EFE).- O atleta sul-africano Oscar Pistorius negou nesta terça-feira, sem conseguir conter as lágrimas, que tenha tido a intenção de matar sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, como afirmou a promotoria em uma audiência judicial sobre a possibilidade de lhe conceder liberdade sob fiança. "Não consigo entender como pude ser acusado de assassinato, ainda mais de assassinato premeditado, porque não planejei assassinar minha namorada Reeva Steenkamp", afirmou Pistorius em uma declaração lida por seu advogado, Barry Roux, no Tribunal da Magistratura de Pretória. O juiz relator do caso, Desmond Nair, decidiu adiar até amanhã sua decisão após o promotor, Gerrie Nel, pedir mais tempo para preparar a resposta ao acusado. Nair já havia adiado, na sexta-feira, esta decisão a pedido da defesa, e sua sentença era esperada hoje com muita expectativa. Na audiência desta terça, realizada em uma sala lotada, um emocionado Pistorius - primeiro atleta com as duas pernas amputadas a participar de uma edição de Jogos Olímpicos - deu pela primeira vez sua versão dos fatos ao juíz por meio de uma declaração lida por seu advogado. No texto, o atleta de 26 anos explicou seu medo de assaltos violentos e roubos em residências, que são frequentes na África do Sul, e revelou que dorme com uma pistola 9 milímetros debaixo da cama. Segundo sua versão, um barulho no banheiro o alarmou na madrugada do Dia de São Valentim (dia dos namorados em muitos países, entre eles a África do Sul), e ele se levantou sem as próteses, das quais precisa para caminhar, para fechar as cortinas de seu quarto. "Pensei que alguém tinha entrado em minha casa, estava muito assustado para acender a luz", afirmou o corredor, que afirmou que estava dormindo naquela noite com Steenkamp, que lhe deu "um presente de São Valentim" e pediu "que o abrisse no dia seguinte". Caminhando sem as próteses, Pistorius - sempre segundo sua versão - pegou a pistola e disparou várias vezes contra a porta do banheiro, suspeitando que o ladrão pudesse ter entrado pela janela do mesmo. Ao voltar à cama e reparar que estava vazia, o atleta percebeu que quem estava do outro lado da porta era Steenkamp, de 29 anos, que teria entrado no banheiro enquanto Pistorius ia à varanda. De acordo com seu testemunho, o acusado teria, nesse momento, arrombado a porta trancada, e encontrado sua companheira ferida, porém ainda com vida. Embora tenha chamado os médicos em seguida - disse Pistorius por meio de seu advogado -, nada poderia fazer para salvar a modelo. "Ela morreu em meus braços", afirmou. O promotor tinha exposto antes a sua versão dos fatos, segundo a qual o velocista colocou as próteses e seguiu Steenkamp até atirar nela através da porta do banheiro, onde a modelo teria se escondido depois de discutir com seu namorado. "Se preparou e pegou a arma, é porque queria matar", ressaltou o promotor Nel na audiência, citado pela agência local "Sapa". O juiz não descarta a hipótese de assassinato premeditado, defendida pela promotoria, o que, segundo os especialistas, tornaria muito difícil para Pistorius conseguir a liberdade por meio de fiança. O atleta será condenado à prisão perpétua se for declarado culpado de assassinato com premeditação, segundo a lei sul-africana. Como já aconteceu na primeira audiência, na sexta-feira, Pistorius chorou copiosamente em várias partes da sessão judicial de hoje, como quando alguma das partes reconstruía os fatos ou fazia referência a Steenkamp. Pistorius escondia o rosto entre as mãos e baixava a cabeça, tentando conter as lágrimas. Nem sequer o apoio constante de seu irmão Carl, que estava na fila atrás de Pistorius e o abraçava e pegava em sua mão, evitou que fosse às lágrimas quando seu advogado leu sua declaração jurada. O próprio juíz lhe pediu que controlasse o choro e mantivesse "a compostura", e mandou parar a sessão durante alguns minutos para que se recompusesse falando com sua família. "Minha compaixão como ser humano não me permite continuar com isso", justificou-se o magistrado. O comparecimento de Pistorius coincidiu com o funeral de sua namorada, de quem a família da jovem se despediu em cerimônia íntima na cidade de Port Elizabeth. Pistorius dormirá hoje em uma delegacia na cidade de Pretória, à espera de saber amanhã se aguardará o julgamento na prisão ou em liberdade. EFE mg/jt/id

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