Presença de cardeais ligados à pedofilia na votação do próximo papa gera polêmica
Conclave que vai definir próximo líder da Igreja Católica Apostólica Romana se inicia na segunda quinzena de março
Internacional|Do R7
A presença de vários cardeais acusados de tentar ocultaresconder casos de clérigos pedófilos, um deles de Los Angeles (EUA), Roger Mahony, gerou uma onda de críticas, que levou a revista católica Famiglia Cristiana a perguntar a seus leitores se consideram sua presença oportuna.
"Em sua opinião: Mahony, sim ou não no Conclave", questiona o semanário da Sociedade de São Paulo (paulinos) na capa de sua última edição, desta terça-feira (19), com a manchete: "Conclave, explode o caso Mahoney. O cardeal acusado de casos de pedofilia estará entre os que elegerão o novo papa. Nos Estados Unidos, pede-se que renuncie ao Conclave".
Alguns leitores chegasramn a responder à pergunta da revista, mostrando sua revolta: "Claro que não", "não é digno de seu cargo" e "é preciso impedir que participe".
Os leitores ressaltaram ainda a necessidade de que a Igreja dê "novos sinais" de que continuam as indicações de Bento 16 de "tolerância zero" contra a pedofilia.
Papa Bento 16 pede que rezem por ele e por seu sucessor
Papado de Bento 16 viu avanço de Islã e evangélicos
Livro revela cartas secretas do papa Bento 16
Em 31 de janeiro, o arcebispo de Los Angeles, José Gómez, destituiu Mahony, prelado aposentado da arquidiocese, de todos os seus cargos por não ter denunciado alguns das centenas de casos de abusos sexuais de menores cometidos por sacerdotes e também por má gestão.
Mahony deu a entender em seu conta no Twitter que tem intenções de participar do próximo conclave e escreveu: "vossas preces são necessárias para que possamos escolher o melhor papa para a Igreja de hoje e de amanhã".
Nos últimos dias, a associação americana "Catholics United" já pediu que o cardeal não participe do rito.
No mesmo tom, Kristine Ward, representante da associação de vítimas de padres pedófilos "National Survivor Advocates Coalition", exigiu do Vaticano que impeça a participação de Mahony.
Mahony, de 77 anos, não é o único cardeal que pode votar no conclave — por ter menos de 80 anos — e que é acusado de ocultar casos de clérigos pedófilos.
Entre eles também está o irlandês Seán Brady, de 74 anos. Em março de 2010, os veículos de imprensa irlandeses revelaram que em 1975, quando era sacerdote, Brady esteve presente em duas reuniões nas quais se pediu a duas crianças vítimas dos abusos do padre Brendan Smyth (que morreu em 1997, um dos mais conhecidos padres pedófilos do país) que fizessem voto de silêncio.
Brady reconheceu o fato e disse que não alertou à época nem os pais nem as autoridades civis sobre os abusos porque participou da investigação como mero administrador, "apenas para tomar notas e informar seus superiores".
Conheça por dentro o palácio onde o papa mora no Vaticano
Conheça as polêmicas do papado de Bento 16
O cardeal manifestou seu arrependimento e assinalou que tinha pedido ao Vaticano a nomeação de um bispo auxiliar que o ajudasse "a desenvolver o trabalho vital de cura, arrependimento e renovação, incluindo o contato com os sobreviventes de abusos".
Em 18 de janeiro, Bento 16 nomeou Eamon Martin, de 51 anos, arcebispo auxiliar de Armagh, na Irlanda, a arquidiocese presidida por Brady.
Já no ano passado, a imprensa belga publicou um relatório policial em que garantia que o cardeal Godfried Danneels, líder da igreja católica na Bélgica até janeiro de 2010, estava a par de cerca de 40 casos de abusos sexuais contra menores por parte de sacerdotes nas últimas décadas. Danneels, que completará 80 anos em junho e também participará do conclave, sempre disse que desconhecia os casos.
O que acontece no mundo passa por aqui
Moda, esportes, política, TV: as notícias mais quentes do dia