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Primeira-dama dos EUA, um trabalho para poucas

Internacional|Do R7

Marc Arcas. Washington, 19 fev (EFE).- Ser primeira-dama nos Estados Unidos é "o trabalho não remunerado mais difícil do mundo", afirmou certa vez a esposa do ex-presidente Richard Nixon, uma opinião que parece ser compartilhada por muitas das 41 mulheres que ocuparam esse "cargo". A pioneira das primeiras-damas, Martha Washington, escreveu já no século 18 várias cartas nas quais compartilhava não só a parte mais agradável do trabalho, mas também o mais difícil de suportar; reveladoras intimidades compiladas, junto com as de muitas de suas sucessoras, pelo Museu Nacional de Escritoras Americanas. "Acho que George já deu muito à nação para querer voltar à vida pública... nossa família enlouquecerá", escreveu Marta Washington sobre seu marido em 1789, depois que este fora eleito primeiro presidente da União. Em carta a uma amiga, Martha confessou quão "desgostosa" se sentia pela decisão de seu marido: "Não imaginava, quando terminou a guerra, que qualquer circunstância podia chamar o general outra vez à vida pública. Acreditava que poderíamos envelhecer juntos na solidão e na tranquilidade". São extratos selecionados por sua biógrafa Patricia Brady, que assinalou como, uma vez na posição, Martha se sentia "como uma prisioneira do Estado" com uma atividade social "completamente restrita" pelo próprio presidente e seus conselheiros. O caso de Washington não foi isolado e o duodécimo presidente da república, Zachary Taylor, explicou durante um ato de campanha em 1849 que sua mulher, Margaret, era "tão contrária a que ele fosse presidente" que inclusive rezava pelas noites pedindo a vitória de seu rival. Algo similar ocorreu com Franklin Pierce (presidente entre 1853 e 1857), cuja esposa desprezava tanto a intromissão que a política tinha causado em seu casamento que desmaiou ao saber que seu marido tinha sido nomeado para a presidência. Trata-se de lembranças compiladas por escritoras e historiadoras especialistas em primeiras-damas reunidas esta semana na capital americana em uma iniciativa organizada pelo Museu Nacional de Escritoras Americanas, que ilustram as "enormes dificuldades" de uma posição "importantíssima e muitas vezes esquecida". "Nenhum dos primeiros presidentes deste país teria podido fazer carreira política se não tivesse por trás uma mulher que velasse por seus negócios e cuidasse das plantações", explicou à Agência Efe Patricia Krider, diretora-executiva da Biblioteca das Primeiras-Damas em Canton (Ohio). "Michelle Obama, por exemplo, representa um bastião emocional para seu marido e, fora da Casa Branca, se encarrega em muitas ocasiões de 'lavar' a imagem de homem pouco sociável que alguns atribuem a Barack", comentou. O papel que a atual primeira-dama desempenha na residência presidencial foi abordado no livro "The Obamas", publicado no início do ano passado, que retratou supostos "choques" de Michelle com os conselheiros do presidente, algo que a própria primeira-dama apressou-se em desmentir. A autora do livro e jornalista do "The New York Times", Jodi Kantor, descreveu Michelle como "uma esposa solidária, mas frequentemente ansiosa, receosa do pensamento político convencional, uma figura rompedora que sentiu agudamente as pressões e possibilidades de ser a primeira afro-americana em sua posição". Michelle Obama faz parte da tradição de primeiras-damas "modernas", muito envolvidas com seus compromissos sociais, da mesma forma que foram Hillary Clinton, Nancy Reagan, Jacqueline Kennedy e, a mais ousada de todas, Eleanor Roosevelt. Ativista pelos direitos das minorias e pela justiça social, foi a primeira a realizar frequentes entrevistas coletivas, escrever uma coluna diária no jornal e, após a morte de seu marido, Franklin Delano Roosevelt, foi designada delegada dos EUA na Assembleia Geral das Nações Unidas. Mesmo assim, Eleanor sempre teve, muitas reservas sobre o estilo de vida da primeira-dama na Casa Branca, segundo sua biógrafa Maurine Beasley. "Eleanor não tinha certeza nem que ela queria ser primeira-dama nem que seu marido queria ser presidente, como reflete em vários de seus escritos: 'Tens que estar à altura de todas as outras primeiras-damas... Somos prisioneiras da história na Casa Branca'", relatou à Efe sua biógrafa. EFE ma/rsd (foto)

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