Primeiro-ministro do Reino Unido diz que executor de jornalista americano é provavelmente britânico
Londres deve intensificar esforços para impedir que cidadãos se juntem aos jihadistas
Internacional|Do R7
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou nesta quarta-feira (20) que "parece cada vez mais provável" que o extremista encapuzado que decapitou o jornalista americano James Foley é de nacionalidade britânica.
Cameron, que suspendeu suas férias para se reunir em Londres com funcionários do alto escalão do Ministério do Interior e responsáveis de inteligência, condenou a "brutal e bárbara" execução do repórter sequestrado, que foi divulgada em um vídeo da organização extremista EI (Estado Islâmico).
"Deixemos claro o que é este ato. É um ato de assassinato, de assassinato sem nenhuma justificativa", disse o chefe de governo britânico aos jornalistas em sua residência oficial de Downing Street após a reunião.
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"Não identificamos o responsável individual, mas pelo que vimos, parece cada vez mais provável que se trata de um cidadão britânico", afirmou Cameron.
Horas antes, o ministro das Relações Exteriores, Philip Hammond, já tinha adiantado que as forças de segurança do Reino Unido estão tentando identificar o encapuzado que aparece no vídeo e fala com aparente sotaque britânico.
O primeiro-ministro disse que essa possibilidade é "profundamente chocante", apesar de ter ressaltado que é "amplamente conhecido que muitos cidadãos do Reino Unido viajaram ao Iraque e à Síria para participar da violência extremista".
O premiê conservador afirmou que o Reino Unido deve redobrar seus esforços para impedir que outras pessoas continuem saindo do país para se juntar aos jihadistas.
"Retirar os passaportes daqueles que estão pensando em viajar, prender e perseguir aqueles que participam do extremismo e da violência, remover da internet o material extremista e fazer tudo o que for necessário para manter a salvo nossa gente. Isso é o que este governo vai fazer", disse Cameron.
Quanto à política externa do Reino Unido em relação à ofensiva jihadista no norte do Iraque, o primeiro-ministro garantiu que sua estratégia se baseia em "trabalhar conjuntamente com o governo iraquiano" e em "ajudar os curdos a receber as armas necessárias para lutar contra esses militantes brutais e extremistas".
Londres enviou nos últimos dias um avião espião para obter informações no terreno sobre o avanço dos jihadistas no norte do Iraque e colaborou com a entrega de armas fornecidas por outros países, apesar de Cameron ter insistido hoje que não tem planos de enviar tropas para a região.
"Fui claro ao afirmar que este país não vai se envolver em outra Guerra do Iraque. Não vamos enviar soldados, não haverá tropas no terreno", reforçou o primeiro-ministro do Reino Unido. Para Cameron, a sociedade britânica enfrenta uma "luta geracional" contra um inimigo "venenoso, extremista e violento".
"É uma batalha que devemos lutar em nosso país", afirmou o chefe de governo, que ressaltou que "se trata de uma batalha contra o islamismo extremista, não contra a religião islâmica".
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