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Protestos deixam 5 mortos no Peru, apesar do anúncio de eleições antecipadas

Manifestantes pedem a renúncia de Dina Boluarte, que assumiu o poder após Pedro Castillo ter sido deposto

Internacional|

Manifestantes nas ruas de Arequipa pedem a renúncia de Dina Boluarte, nova presidente
Manifestantes nas ruas de Arequipa pedem a renúncia de Dina Boluarte, nova presidente Manifestantes nas ruas de Arequipa pedem a renúncia de Dina Boluarte, nova presidente

Cinco manifestantes morreram na segunda-feira (12) durante os protestos no Peru, que reivindicam a renúncia da recém-empossada presidente Dina Boluarte, o que eleva a sete o total de óbitos nas últimas 36 horas, apesar da proposta da mandatária de antecipar as eleições para abril de 2024. 

O anúncio de Boluarte de que enviará ao Congresso um projeto de lei para antecipar em dois anos as eleições previstas para 2026 não acalmou os manifestantes, que exigem a libertação do presidente destituído Pedro Castillo, o fechamento do Parlamento e eleições imediatas.

Uma das mortes de segunda-feira foi registrada em Arequipa, segunda maior cidade do país, durante ação da polícia para liberar a pista de pouso do aeroporto local, ocupada por cerca de 1.500 manifestantes.

Outros quatro civis morreram durante as marchas repelidas pela tropa de choque em Chincheros e Andahuaylas, no departamento de Apurímac, região natal de Boluarte.

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"Informamos sete mortes nas regiões de Abancay e Arequipa" desde domingo, disse à AFP uma fonte da Defensoria do Povo.

Entre os mortos estão três adolescentes, que tinham entre 15 e 16 anos.

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Em Chincheros, os manifestantes conseguiram incendiar a sede do Ministério Público e uma delegacia.

Uma batalha campal ocorreu no aeroporto de Arequipa, quando a polícia dispersou os manifestantes que bloqueavam a pista de pouso com pedras, paus e pneus em chamas, conforme registrou um fotógrafo da AFP no local.

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A polícia os enfrentou com bombas de gás lacrimogêneo e retomou o controle da pista depois de três horas, acrescentou.

Os manifestantes, alguns com chapéu e roupa tradicionais, queimaram cabines de segurança, e a iluminação da pista de pouso foi destruída. O aeroporto continua fechado, com dezenas de passageiros bloqueados.

Também em Arequipa, uma das maiores fábricas de laticínios do país foi ocupada por manifestantes, segundo imagens exibidas pela TV.

Em Lima, centenas de manifestantes foram dispersados pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo em sua tentativa de chegar ao Congresso.

O governo declarou nesta segunda-feira estado de emergência por 60 dias em sete províncias da região de Abancay.

A Corporação Peruana de Aeroportos e Aviação Comercial fechou o Aeroporto Internacional Alejandro Velasco Astete de Cusco na segunda-feira à noite, depois que manifestantes tentaram invadir o local.

Castillo está preso por ordem de um juiz após sua frustrada tentativa de autogolpe de Estado, na quarta-feira, e posterior destituição pelo Congresso. Ele foi substituído na Presidência por sua vice, Dina Boluarte.

"O presidente Castillo não está bem de saúde. Foi solicitada a intervenção da Cruz Vermelha Internacional para verificar o estado de saúde do presidente. Entramos com um habeas corpus para obter sua libertação imediata. É um direito dele", disse o advogado Ronald Atencio à imprensa.

Em uma tentativa de conter a onda de manifestações, o governo afastou nesta segunda os 26 prefeitos regionais do país, nomeados pelo governo Castillo, sob o argumento de que eles "incitam os protestos".

Apoiadores de Pedro Castillo, presidente deposto, enfrentam a polícia na capital, Lima
Apoiadores de Pedro Castillo, presidente deposto, enfrentam a polícia na capital, Lima Apoiadores de Pedro Castillo, presidente deposto, enfrentam a polícia na capital, Lima

Enquanto isso, o escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos declarou-se "profundamente preocupado com a possibilidade de escalada da violência".

"Dado o número de protestos, incluindo greves, planejados para esta semana, pedimos a todos os envolvidos que exerçam a moderação", informou em nota emitida em Genebra.

As manifestações crescem desde o domingo em várias cidades do norte e do sul. 

Lima, a capital do país, sempre deu as costas a Castillo, um professor rural e líder sindical que não tinha contato com as elites peruanas, enquanto as regiões andinas se identificaram com ele desde as eleições de 2021.

Os governos de esquerda de México, Argentina, Colômbia e Bolívia expressaram nesta segunda-feira apoio ao ex-presidente Castillo em um comunicado conjunto.

"O presidente Castillo, desde o dia da sua eleição, foi vítima de um assédio antidemocrático, que viola a a Convenção Americana sobre Direitos Humanos", diz o comunicado assinado pelos quatro países, divulgado nesta segunda pela chancelaria da Colômbia.

"Exortamos a quem integra as instituições que se abstenha de reverter a vontade popular expressa pelo livre sufrágio", acrescentou o comunicado, sem mencionar que Castillo foi destituído por um autogolpe de Estado fracassado.

AUMENTO DOS PROTESTOS

Enquanto isso, sindicatos rurais e organizações camponesas e indígenas ressoam os tambores, para anunciar "uma greve por tempo indeterminado" a partir desta terça-feira, que se soma aos pedidos de fechamento do Congresso, antecipação das eleições e elaboração de uma nova Constituição, segundo um comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru.

O serviço ferroviário entre Cusco e a cidade inca de Machu Picchu será suspenso nesta terça-feira devido aos protestos, informou a empresa que opera as viagens.

A Frente Agrária e Rural, que reúne uma dúzia de organizações, pede ainda a "liberdade imediata" de Castillo. Segundo a Frente Agrária, ele "não praticou nenhum golpe de Estado".

O ex-presidente foi detido pela própria equipe de segurança na quarta-feira, quando se dirigia à Embaixada do México para pedir asilo político. O Ministério Público o acusa de rebelião e conspiração. Ele já era investigado por corrupção.

RESPALDO AO PRESIDENTE

Nesta segunda, as atenções se concentravam na reação do Congresso à proposta de eleições gerais antecipadas, pois também implicam a redução do mandato dos legisladores em dois anos.

Para reduzir mandatos populares, como o presidencial e o legislativo, é necessária uma reforma constitucional, um processo que pode demorar 12 meses. 

A demanda por novas eleições está associada a uma rejeição esmagadora do Congresso. De acordo com as pesquisas de opinião de novembro, 86% dos peruanos desaprovam o Parlamento.

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