Qual será o destino dos soldados norte-coreanos presos na Ucrânia?
Até o momento, dois soldados norte-coreanos foram capturados pelas forças ucranianas
Internacional|Do R7

Dois soldados norte-coreanos foram capturados pelas forças ucranianas até este momento da guerra. Durante o interrogatório de inteligência, os soldados revelaram que foram enganados sobre a participação no conflito. Um deles afirmou que acreditava estar em um treinamento, enquanto o outro mostrou hesitação ao mencionarem um possível retorno à Coreia do Norte.
A Ucrânia informou que os soldados capturados têm três opções: pedir retorno à Coreia do Norte, permanecer na Ucrânia ou solicitar abrigo em um terceiro país, como a Coreia do Sul.
Caso optem por permanecer na Ucrânia, os soldados norte-coreanos podem pedir refúgio e viver sob proteção do governo de Volodimir Zelensky. No entanto, a decisão envolve riscos, já que a presença de prisioneiros norte-coreanos pode ser vista como uma ferramenta política nas negociações de paz ou prisões em outros países.
Zelensky afirmou na rede social X, antigo Twitter, que os soldados que decidirem “se aproximar da paz” e “espalhar a verdade sobre a guerra” em língua coreana teriam a oportunidade de ficar na Ucrânia.
Our soldiers have captured North Korean military personnel in the Kursk region. Two soldiers, though wounded, survived and were transported to Kyiv, where they are now communicating with the Security Service of Ukraine.
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) January 11, 2025
This was not an easy task: Russian forces and other North… pic.twitter.com/5J0hqbarP6
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Em entrevista ao jornal alemão DW, o ex-tenente-general do Exército da Coreia do Sul, Chun In-bum, disse que a opção mais favorável para os soldados seria pedir refúgio na Coreia do Sul, onde seriam “bem-vindos”. A Coreia do Sul tem uma política de acolher desertores e prisioneiros norte-coreanos. Isso evitaria uma possível execução dos soldados ou envio para campos de prisioneiros, já que seriam considerados desertores pela ditadura norte-coreana.
De acordo com Chun In-bum, o retorno à Coreia do Norte seria fatal para os soldados capturados. “Eles seriam executados imediatamente”, afirmou. O regime norte-coreano mantém rígido controle sobre informações e pune severamente aqueles que não seguem suas ordens, especialmente em situações de rendição. Documentos obtidos pela Ucrânia mostram que soldados norte-coreanos foram instruídos a cometer suicídio em caso de captura.
Combate corpo a corpo
Zelensky ainda pediu aos parceiros militares que pressionem a Rússia e forneçam maior apoio estratégico após a chegada do exército norte-coreano em solo ucraniano.
“Cada dia de guerra prova que Moscou está determinada a continuar sua agressão. Eles não querem mais nada. E é por isso que eles estão tentando aumentar sua produção de armas, e é por isso que eles estão contornando sanções, e é por isso que eles estão cada vez mais vendo a Coreia do Norte como uma aliada, e seus soldados podem estar no campo de batalha contra a Ucrânia e agora seremos forçados a lutar contra a Coreia do Norte”, afirmou o presidente ucraniano.
Na quarta-feira (22), soldados do 8º Regimento das Forças de Operações Especiais da Ucrânia resistiram por oito horas a um intenso ataque de tropas norte-coreanas, matando 21 e ferindo 40 antes de recuar.
Um vídeo divulgado pelas Forças de Operações Especiais ucranianas mostra o avanço de tropas norte-coreanas por campo aberto e floresta, seguido de combates corpo a corpo. As filmagens foram divulgadas pelo jornal ucraniano The Kyiv Independent.
Envolvimento no conflito
A Coreia do Norte enviou cerca de 12 mil soldados para reforçar as forças russas em Kursk, em troca de pagamentos que ultrapassam US$ 2.000 por soldado. Estima-se que pelo menos quatro mil desses combatentes já tenham sido mortos ou feridos. Apesar disso, Pyongyang e Moscou não admitem oficialmente o envio de tropas norte-coreanas.
Em novembro, em Pyongyang, Putin e Kim Jong-un assinaram pactos de defesa mútua. Desde o encontro na capital da Coreia do Norte, os líderes aprofundaram parcerias estratégicas e tratados militares.
A Coreia do Norte tem 1,28 milhão de soldados, uma das maiores Forças Armadas do mundo, mas carece de experiência em combate. Muitos especialistas questionam se o envio de tropas de Pyongyang ajudaria a Rússia na guerra, citando a escassez de experiência e o equipamento desatualizado.
Pyongyang forneceu mais de 13 mil contêineres de munições, armas e mísseis para a Rússia desde agosto de 2023. Nos últimos anos, governos dos Estados Unidos e Coreia do Sul acusaram a Coreia do Norte de fornecer armamento para a Rússia desde o início da guerra. Moscou e Pyongyang negam as acusações.