Regime e rebeldes se acusam de uso de armas químicas
Internacional|Do R7
O regime e os rebeldes sírios se acusaram mutuamente nesta terça-feira de terem utilizado armas químicas, pela primeira vez em dois anos de conflito, embora os Estados Unidos tenham afirmado que não possuem provas disso.
A Rússia deu crédito às acusações do governo de Bashar al-Assad, seu aliado, indicando ter "recebido informações" de que os rebeldes utilizaram armas químicas durante um ataque na província de Aleppo (norte), que deixou oficialmente 31 mortos.
A informação não pôde ser confirmada por fontes independentes. O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG síria com sede no Reino Unido, confirmou um disparo de míssil terra-terra contra o Exército na cidade de Khan al-Assal, mas não acredita que estivesse carregado de material não convencional.
Enquanto isso, em Istambul, o "primeiro-ministro" interino da oposição, Ghasan Hitto, disse que não dialogará com o governo, e colocou entre as suas prioridades a queda do regime e o envio de ajuda às populações das regiões do norte e do leste sob controle rebelde.
Hitto formará um governo em um mês, que terá como missão proteger a infraestrutura e os recursos públicos e privados, cuidar dos postos fronteiriços em poder dos insurgentes e coordenar a ajuda humanitária internacional.
França e Estados Unidos, que apoiam os rebeldes, saudaram a eleição desse "primeiro-ministro" interino da oposição.
"Os terroristas lançaram um míssil que continha produtos químicos a partir de Kfar Dael, na região de Nairab, contra a região de Khan al-Assal", a oeste de Aleppo (norte), declarou o ministro sírio da Informação, Omran al-Zohbi.
O ministro criticou a "Liga Árabe, a comunidade internacional e os Estados que armam, que financiam e abrigam os terroristas, assim como o governo (turco) de Erdogan e o Qatar" por "este crime praticado pelos terroristas, que utilizaram uma arma proibida pelas leis internacionais".
Os rebeldes do Exército Sírio Livre desmentiram o ministro, e acusaram o regime de empregar armas químicas.
"Sabemos que o Exército atacou Khan al-Assal utilizando um míssil, e nossas primeiras informações indicam que este poderia conter armas químicas em seu interior. Há muitas vítimas, e vários feridos têm problemas respiratórios", declarou Louai Moqdad, porta-voz do ESL.
"Não temos nem míssil de longo alcance nem armas químicas", acrescentou.
Um médico de um hospital de Aleppo, por sua vez, declarou à televisão oficial que estes "produtos tóxicos estão provocando vômitos e uma perda de consciência".
Espera-se que a ONU e a Cruz Vermelha cheguem à zona para verificar os fatos.
Nos últimos meses, os rebeldes tomaram importantes depósitos de armas do Exército.
A comunidade internacional multiplicou as advertências contra o governo, para que não utilizasse armas químicas.
Os Estados Unidos indicaram que não têm "prova alguma para sustentar as acusações de que a oposição utilizou armas químicas", e lançaram uma nova advertência ao governo de Damasco.
Já Moscou deu crédito à tese do regime sírio, acusando os rebeldes de ter utilizado armas químicas, e sem indicar se suas informações vêm de fontes russas ou sírias.
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