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Revista científica despublica artigo de brasileiros que ‘pisaram’ em jararacas para pesquisa

Cientistas dizem que nenhum animal sofreu sequelas, lesões ou morreu ao longo dos dois anos de estudo

Internacional|Do R7

O estudo, publicado em maio de 2024, foi conduzido por pesquisadores do Instituto Butantan
O estudo, publicado em maio de 2024, foi conduzido por pesquisadores do Instituto Butantan Reprodução/Science/João Miguel Alves-Nunes

A revista científica Scientific Reports, do grupo Nature, despublicou um artigo no qual cientistas brasileiros descreviam a frequência e as condições em que serpentes da espécie jararaca (Bothrops jararaca) picam seres humanos.

Após uma denúncia anônima, o Comitê de Ética em Publicações (Cope) da editora Springer Nature, responsável pela publicação, iniciou uma investigação. A denúncia indicava o uso de uma experimentação animal não condizente com o protocolo aprovado pela Comissão de Ética em Uso Animal (CEUAIB) do instituto. Além disso, a utilização de filhotes também foi apontado como um problema, já que o experimento inicial aprovado incluía somente indivíduos adultos.

O estudo, publicado em maio de 2024, foi conduzido por pesquisadores do Instituto Butantan e teve como primeiro autor João Miguel Alves Nunes, então orientando de Otávio Vuolo Marques, pesquisador do Laboratório de Ecologia e Evolução do instituto.

Segundo Nunes, o equívoco decorreu de um erro na solicitação para inclusão de filhotes de jararacas. O comitê de ética aprovou seu afastamento do projeto após ele ter sido picado quatro vezes por serpentes e apresentar reações alérgicas ao veneno e ao soro antiofídico, mas não a inclusão dos filhotes. Isso foi interpretado pelos autores como uma permissão para aumentar o número de animais no estudo.


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“Pisar” em jararaca

Nunes destaca que o termo “pisada”, usado no artigo, gerou confusão e que a expressão correta seria “tocar levemente com o pé”. Ele reforça que nenhum animal sofreu sequelas, lesões ou morreu ao longo dos dois anos de pesquisa. “A decisão foi tomada por um excesso burocrático e erro de formulário, não por mal-estar animal”, afirmou.

Otávio Vuolo Marques, coordenador da pesquisa, assumiu a responsabilidade pelo erro, destacando que não houve intenção de ocultar informações. “Infelizmente, a burocracia tomou conta, não só no Butantan, mas em diversas instituições”, disse.


Ele lamentou a retratação e ressaltou que o estudo não sofreu contestações por plágio ou manipulação de dados, enfatizando sua relevância para a prevenção de acidentes ofídicos. A diretora do Instituto Butantan, Ana Coccuzzo, reforçou a necessidade de cumprimento das normas legais.

“Como instituição pública, temos a obrigação de seguir os protocolos. Se essa notificação não fosse feita e houvesse repercussão, poderíamos enfrentar sanções federais desnecessárias”, afirmou.


Nunes, que não faz mais parte do Instituto Butantan, afirmou que não teve a oportunidade de esclarecer os fatos perante a comissão de ética devido ao seu afastamento compulsório de projetos envolvendo serpentes e venenos. A situação o levou a desistir da carreira na instituição.

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