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Aeródromo de Cláudio: Juiz manda MG pagar R$ 2 mi à família de Aécio

Treze anos depois, chega ao fim o processo de desapropriação de terreno e Estado terá que pagar o dobro do previsto inicialmente

Minas Gerais|Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas

O juiz da comarca de Cláudio, José Alexandre Marson Guidi, decidiu que o Estado de Minas Gerais deve pagar a parentes do deputado federal Aécio Neves (PSDB) a quantia de R$ 2,1 milhões referente à indenização pela desapropriação de um terreno onde foi feito o aeródromo da cidade, que fica a 140 km de Belo Horizonte. A sentença põe fim a disputa judicial de 13 anos. Com a decisão, Estado terá que desembolsar o dobro do valor previsto incialmente.

A disputa judicial teve início em 2008, quando Aécio Neves ainda era governador de Minas e declarou de utilidade pública parte da fazenda do seu tio, ex-prefeito de Cláudio, Múcio Guimarães Tolentino, morto em 2017.

Disputa judicial começou em 2008
Disputa judicial começou em 2008 Disputa judicial começou em 2008

Na época da desapropriação do terreno de 256 metros quadrados, o governo depositou judicialmente a quantia de R$ 1 milhão. O valor não foi aceito pelos advogados de Tolentino e, desde então, o processo litigioso tramitou na comarca de Cláudio. Em agosto do ano passado, a Record TV Minas adiantou que as partes haviam chegado num consenso e que o Estado teria que desembosar a quantia exata de R$2.183.797,39.

Na sentença, o magistrado informa que já foi depositado judicialmente o valor de R$ 1.074.407,64 e que agora falta o montante remanescente de R$1.109.389,75. Ele afirma que o "valor deverá incidir juros compensatórios no percentual de 6% ao ano, no valor indenizatório, de forma não capitalizada, a partir da data da imissão na posse do bem expropriado, tendo como termo final a data do trânsito em julgado da presente sentença".

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Leia também: Lei promulgada por Aécio dá nome de aeroporto em MG ao tio-avô

O juiz relata ainda que os parentes de Aécio chegaram a ganhar o direito de uma indenização no valor de R$ 3,4 milhões. No entanto, a sentença foi anulada uma vez que a perícia foi realizada por corretor de imóveis, ao passo que deveria ser feita por engenheiro agrimensor.

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Gastos

Após a desapropriação, o Governo de Minas gastou R$ 14 milhões para asfaltar a pista e fazer melhorias no local. O investimento levou o MP a abrir inquérito, que foi arquivado. Em 2018, outro inquérito foi instaurado, ainda sem desfecho.

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A obra ficou pronta em 2010, mas o aeródromo só foi liberado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em 2016, durante o governo do ex-presidente Michel Temer. A primeira versão do aeródromo foi construída em 1983, durante a gestão do então governador do estado Tancredo Neves, avô de Aécio, na época uma pista de chão batido.

Investigação

Cláudio sempre foi um dos destinos preferidos de Aécio. Quando governou o Estado, de 2003 a 2010, o tucano voou para o município 102 vezes em aeronaves do Estado. No mesmo período, Aécio foi 60 vezes para Brasília.

Ao todo, foram 1.337 voos para diversos destinos. O gasto com os deslocamentos chamou a atenção do Ministério Público, que moveu processo contra Aécio alegando que ele usou as aeronaves para fins particulares.

Em 2019, a Justiça em Belo Horizonte chegou a bloquear os bens de Aécio Neves no valor de R$ 11,5 milhões para ressarcir os cofres públicos. Dois meses depois, a mesma Justiça da capital extinguiu o processo alegando que o caso prescreveu. O Ministério Público recorreu ao Tribunal de Justiça, mas o caso ainda não foi apreciado pelos desembargadores.

Resposta

Procurada, a defesa de Aécio Neves avaliou que a decisão da Justiça não "não guarda qualquer relação com o então governador". "No entanto, vale ressaltar que a decisão judicial reconhece, mais uma vez, a legalidade de todos os procedimentos envolvendo a desapropriação da área", destacou a equipe do político em nota.

Em nota, o governo de Minas informou, via Advocacia Geral do Estado, que ainda não foi intimada da decisão judicial. A reportagem entrou em contato a assessoria do ex-prefeito Múcio Tolentino, mas aguarda os posicionamentos. O advogado do tio de Aécio também foi procurado, mas não se manifestou.

Veja a íntegra da nota do deputado Aécio Neves:

"Trata-se de decisão do Poder Judiciário que não guarda qualquer relação com o então governador Aécio Neves.

No entanto, vale ressaltar que a decisão judicial reconhece, mais uma vez, a legalidade de todos os procedimentos envolvendo a desapropriação da área.

A obra do aeródromo de Cláudio se inseriu no programa ProAero, que promoveu melhorias em unidades de diversas regiões de Minas e já estava previsto no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, corroborado por estudo resultado de parceria entre governo federal e Fiemg.

As negociações que envolveram a obra, como é regra, foram conduzidas pelas áreas técnicas do Estado responsáveis pela escolha do local e avaliação da área. A preexistência, há décadas, de uma pista de pouso de terra no local tornou a obra mais barata.

O valor de indenização avaliado e proposto pelo Estado na época foi considerado baixo e não foi aceito pelos antigos proprietários. Esse valor é objeto de questionamento na Justiça há cerca de 15 anos o que, por si só, demonstra o zelo do então governo com os recursos públicos.

Os antigos proprietários do terreno, inclusive, faleceram no decorrer da ação.

As discussões sobre o valor, assim como em milhares de outros casos semelhantes em todo o país, se deram, como determina a lei, no âmbito do Poder Judiciário."

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