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Em carta, vítimas da Backer denunciam falta de assistência

Texto critica a empresa por não prestar os devidos auxílios às vítimas de intoxicação por dietilenoglicol e que custeio de tratamento não foi feito

Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7

Fábrica foi interditada pelo Ministério da Agricultura
Fábrica foi interditada pelo Ministério da Agricultura Fábrica foi interditada pelo Ministério da Agricultura

Familiares e vítimas da intoxicação por dietilenoglicol, substância tóxica encontrada em cervejas da Backer, divulgaram uma carta aberta em que denunciam o que chamaram de "comportamento atroz" da empresa no atendimento aos pacientes. 

No texto, as vítimas dizem que há gente "na fila do SUS aguardando tratamento e remédios, outras que não estão no hospital, mas não conseguem mais trabalhar devido às sequelas neurológicas e de visão."

"Existem vítimas que estão em coma, tetraplégicas e entubadas, outras em CTI com problemas nos rins, fazendo diálises diariamente, e com problemas neurológicos como paralisia de movimentos e facial, além de prejuízo a questões básicas como visão, fala e paladar", diz outro trecho da carta.

Ainda segundo a carta, para as vítimas, a Backer "não prestou qualquer auxílio" mesmo após mais de 30 dias da confirmação dos casos e cinco dias após prazo dado pelo Ministério Público. No dia 30 de janeiro, o MP determinou que a cervejaria pagasse o custo do tratamento dos pacientes em até 72 horas. 

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No entanto, segundo as vítimas, as reuniões individualizadas começaram a ser realizadas em 3 de fevereiro e "o enfoque da Backer passou longe de ser a saúde das vítimas".

"A empresa pretendia coletar informações por meio de um questionário que envolviam perguntas sem nenhuma relação com as necessidades e custeios de tratamento. Tratou-se de investigação própria que pode até mesmo embasar teses de defesa em face das vítimas. Ficou claro que, além de a cervejaria não estar preocupada com as vítimas e seus familiares, também não pretende arcar com os gastos referentes aos tratamentos", diz outro trecho do texto.

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A reportagem procurou a Backer, que informou por meio de sua assessoria de imprensa, que "as tratativas feitas em conjunto com o Ministério Público Estadual estão sendo observadas na íntegra e todas as comunicações oficiais estão sendo formalizados perante a autoridade competente que está ciente do cumprimento dos atos pela empresa".

Leia a carta na íntegra:

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CASO BACKER – CARTA ABERTA DAS VÍTIMAS À COMUNIDADE DE MINAS GERAIS

Belo Horizonte, 10 de fevereiro de 2020.

As vítimas da intoxicação por dietilenoglicol e seus familiares vêm, por meio desta carta aberta, denunciar o comportamento atroz que a Cervejaria Três Lobos - Backer vem apresentando perante os consumidores que estão com gravíssimos problemas de saúde após a ingestão da cerveja Belo Horizontina.]

É importante desde já indicar que dentre os mais de 30 (trinta) casos relacionados e 6 (seis) mortes, existem vítimas que estão em coma, tetraplégicas e entubadas, outras em CTI com problemas nos rins, fazendo diálises diariamente, e com problemas neurológicos como paralisia de movimentos e facial, além de prejuízo a questões básicas como visão, fala e paladar. Existem vítimas que estão na fila do SUS aguardando tratamento e remédios, outras que não estão no hospital, mas não conseguem mais trabalhar devido às sequelas neurológicas e de visão.

Diferentemente do que a empresa afirma na mídia, ATÉ AGORA, MAIS DE 30 (TRINTA) DIAS DA CONFIRMAÇÃO DO CASO E 5 (CINCO) DIAS DEPOIS DO PRAZO ESTABELECIDO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, A BACKER NÃO PRESTOU QUALQUER AUXÍLIO.

No dia 30 de janeiro deste ano, o Ministério Público de Minas Gerais notificou familiares das vítimas e a cervejaria para uma audiência pública, na qual ficou ajustado que a cervejaria custearia as despesas envolvendo o tratamento de saúde das vítimas intoxicadas e auxílio psicológico a todos os familiares. Ficou acordado que a empresa realizaria reuniões individualizadas com os representantes das vítimas e, em 72 (setenta e duas) horas, efetivaria o custeio das despesas por eles apontadas ou apresentaria negativa fundamentada.

Durante essas reuniões individualizadas, ocorridas em 03 de fevereiro, o enfoque da Backer passou longe de ser a saúde das vítimas. A empresa pretendia coletar informações por meio de um questionário que envolviam perguntas sem nenhuma relação com as necessidades e custeios de tratamento. Tratou-se de investigação própria que pode até mesmo embasar teses de defesa em face das vítimas. Ficou claro que, além de a cervejaria não estar preocupada com as vítimas e seus familiares, também não pretende arcar com os gastos referentes aos tratamentos.

Muito pelo contrário. Frases como "vocês não sabem o que a Backer está passando" ou "está cheio de oportunistas por aí" para justificar a exigência de documentos pela empresa comprovaram a total FALTA de humanidade da empresa.

Em 06 de fevereiro, a empresa enviou nota à imprensa comunicando que por iniciativa própria (o que não é verdade), recorreu ao Ministério Público para ampliar o apoio humanitário que tem dado aos familiares dos consumidores intoxicados pela cerveja Belo Horizontina, e informando que a logística do atendimento seria definida e formalizada junto aos familiares. Além disso, disseram que seria informado contato para agendamento com psicóloga.

Ocorre que, até a presente data, NENHUMA família foi respondida. NENHUM contato foi informado. NÃO está sendo prestada qualquer assistência. Mesmo após o vencimento do seu prazo de 72 horas, a empresa ignora o nosso sofrimento.

Perante a mídia, no entanto, a Backer informa que está prestando assistência, inclusive por questão de humanidade e solidariedade. Onde está a humanidade em ser tratado como número, com descaso e sem respostas?

Como se não bastasse, a empresa utilizou do prazo concedido de boa-fé pelo Ministério Público de Minas Gerais e todas as vítimas da intoxicação para tomar providências em benefício próprio. O Pub Backer Gourmet, localizado no aeroporto de Confins, já teve seu nome alterado. Qual é o próximo passo? Esconder patrimônio?

Temos certeza de que a comunidade mineira deseja que nossas empresas prosperem, mas não às custas de vidas, desprezo e tanto desamparo. A falta de respeito conosco e a postura dissimulada da empresa devem ser de conhecimento de todos, contamos com a ajuda de cada um de vocês.

Minas Gerais não merece ter mais essa marca em seu povo.

Libertas quæ sera tamen."

VÍTIMAS INTOXICADAS PELO DIETILENOGLICOL E SEUS FAMILIARES

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