Crise das concessionárias na China: saiba o que está acontecendo

O setor de concessionárias na China vive a maior crise das últimas décadas. Dados divulgados pela agência Bloomberg mostram que em cinco anos 8.000 concessionárias fecharam as portas na China.

A rápida migração para os carros elétricos, o excesso de oferta e a guerra de preços entre as montadoras vêm derrubando margens de lucro e forçando o fechamento em massa das tradicionais lojas 4S — sigla que reúne sales, service, spare parts e surveys (venda, serviço, peças e pesquisa). Mas como isso aconteceu?

Segundo o estudo, a causa é uma combinação de fatores estruturais e tecnológicos que estão redefinindo o varejo automotivo chinês. Há uma mudança de comportamento no consumidor, no tipo de veículo e a sua qualidade, bem como margens menores que não sustentam uma operação.

Guerra de preços

As montadoras locais ampliaram a produção de veículos elétricos em ritmo mais acelerado que a demanda, o que gerou excesso de estoque e descontos agressivos. Marcas como BYD, Geely e Leapmotor reduziram preços para preservar participação de mercado, mas com isso comprimiram suas margens e transferiram o prejuízo para os concessionários.

Hoje, com quase 200 fabricantes domésticos disputando o mesmo público, o mercado chinês de elétricos vive uma saturação sem precedentes. Muitos revendedores são obrigados a vender carros abaixo do custo apenas para cumprir metas impostas pelas fábricas e manter o contrato de franquia.

Vendas diretas “pulam etapas”

Também há uma transformação do modelo de negócios que acelerou com o avanço das vendas diretas e digitais. Desde a pandemia na China, muitos consumidores deixaram de frequentar as lojas tradicionais e não voltaram mais a uma experiência física.

Com isso, uma pré-reserva na Internet e a retirada do carro em uma loja de shopping tiraram os concessionários da chamada “jornada do cliente”.

Marcas como Tesla, NIO e XPeng criaram lojas próprias em shoppings e plataformas online, eliminando intermediários e padronizando preços.

O R7-Autos Carros já viu diversas dessas lojas dentro de centro de compras, edifícios comerciais e também shoppings, muitas vezes dividindo espaço com celulares e gadjets eletrônicos como Xiaomi e Huawei.

Mesmo as montadoras globais começaram a seguir esse caminho. A Ford, por exemplo, adotou canais digitais para lançar novos modelos elétricos na China, como a versão eletrificada do Bronco, que chega diretamente ao consumidor com pacotes de personalização e conectividade, sem depender do estoque das concessionárias.

Showrooms digitais e o novo varejo automotivo

As novas marcas chinesas de elétricos estão substituindo as grandes concessionárias por experience centers — lojas menores e tecnológicas, voltadas à demonstração e venda digital. O formato reduz custos e reforça o relacionamento direto com o consumidor, mas enfraquece o ecossistema tradicional, que dependia da receita de pós-venda e da fidelização presencial.

Essa mudança estrutural vem redefinindo o conceito de comprar um carro: menos test-drives, menos visitas às oficinas e mais decisões tomadas por meio de aplicativos e plataformas integradas.

E no Brasil?

No Brasil não há dados concretos sobre essa mudança. A internet mudou a forma com que o cliente se relaciona com as concessionárias. Por enquanto, as lojas cresceram em função da chegada de novas marcas, mas o futuro é incerto. Concessionárias já reduziram suas áreas ou fecharam migrando para espaços menores.

✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp