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Fiscal do Clima

No dicionário do clima: por que tanto se fala em mitigação e adaptação climática?

Professor da FGV alerta sobre a importância da mudança de hábitos comuns, desde a economia de energia elétrica à separação do lixo que podem surtir efeito na redução de emissão de carbono

Fiscal do Clima|Luiza ZanchettaOpens in new window



Segundo o Inpe, entre janeiro e setembro, o Brasil foi o terceiro país com mais focos de incêndio no mundo, sendo 203,4 mil Marcelo Camargo/Agência Brasil

A partir de agora teremos esse espaço para repercutir os principais acontecimentos ligados às mudanças climáticas e como de fato podemos combater suas causas, efeitos e consequências. Sejamos todos Fiscais do Clima, procurando entender os impactos no meio ambiente e, acima de tudo, às condições de sobrevivência para a humanidade nesse planeta.

Começo explicando a diferença entre dois termos que estão intimamente ligados a todas essas mudanças no clima que tanto nos afeta e amedronta. Você já deve ter ouvido falar em mitigação e adaptação, certo?

A mitigação climática se refere às ações realizadas por pessoas, empresas ou governos com o objetivo de reduzir a emissão dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, ou seja, combatem as causas das mudanças climáticas. Enquanto a adaptação climática, é composta por iniciativas que visam combater as consequências dos eventos climáticos que tendem a ser cada vez mais frequentes e intensos.


Todas as ações, portanto, que nos preparam para o enfrentamento de enchentes, deslizamentos de encostas, inundações, ondas de calor, seca, entre outros, fazem parte do contexto de adaptação climática.

Mas como aplicar na prática essas ações para que realmente possamos contribuir para o “sequestro” de carbono e outros gases poluentes?


Você vai ler a seguir uma entrevista que fiz com o professor do curso de Mudanças Climáticas e Transição Energética da Fundação Getúlio Vargas, José Neto. Ele revela como pequenas mudanças nos hábitos do dia a dia podem, sim, somar esforços nesse movimento coletivo de luta e de corrida contra o tempo.

Professor, como ensinar a dona de casa e os consumidores a aplicarem na prática medidas que ajudem de alguma forma a evitar o aquecimento global?

É fundamental que o engajamento no combate às mudanças climáticas faça parte do dia a dia de todas as pessoas e, certamente, nós como sociedade civil temos muito a contribuir nessa luta. Podemos, por exemplo, considerar as seguintes ações no nosso cotidiano:

  • Economia de energia elétrica: a produção de energia elétrica gera a emissão de GEE, em especial pela operação de usinas que utilizam combustíveis fósseis para a operação. Dessa forma, ao economizarmos energia elétrica estamos contribuindo para a redução da emissão de GEE. Note que esta é uma ação de mitigação climática!
  • Instalação de painéis solares: ainda no que se refere ao consumo de energia elétrica, a instalação de painéis solares em nossas residências é uma iniciativa (de mitigação climática) que auxilia na redução da emissão dos GEE, visto que está associada com a produção de eletricidade por meio de uma fonte renovável (energia solar). Além disso, o investimento necessário para a aquisição destes painéis solares será recuperado com alguns anos de uso, o que torna essa iniciativa atrativa não somente por ser uma opção mais sustentável.
  • Realizar a manutenção de áreas verdes: a presença de áreas verdes, tais como jardins, quintais arborizados e calçadas não totalmente concretadas permitem que a água da chuva seja absorvida pelo solo, minimizando a possibilidade de enchentes e inundações. Importante notar que, neste caso, estamos falando de uma ação de adaptação climática.
  • Escolha por produtos de empresas comprometidas com o combate às mudanças climáticas: sabemos que diversas empresas estão comprometidas com questões climáticas e, dessa forma, compartilham as ações que estão sendo executadas, proporcionando produtos com uma menor quantidade de GEE associados ao processo de fabricação (ação de mitigação climática). Nós, como sociedade, devemos, sempre que possível, priorizar a compra de produtos dessas empresas, fazendo com que cada vez mais ações de redução de GEE sejam incorporadas no setor econômico como um todo.
  • Uso de biocombustível: optar por abastecer o carro com etanol (álcool) ao invés de gasolina é uma ação que auxilia no combate (mitigação) das mudanças climáticas.
  • Potencializar a coleta seletiva e destinação adequada de nossos resíduos: no nosso dia a dia são produzidos diversos tipos de resíduos (“lixo”) em nossas casas. O processamento / destinação final destes materiais geram GEE e, dessa forma, realizar a coleta seletiva é fundamental para possibilitarmos ações de reciclagem e destinação adequada em aterros controlados para a fração dos resíduos não recicláveis. A correta gestão dos resíduos, além de ser considerada uma ação de mitigação climática, também pode ser considerara como uma ação de adaptação climática por minimizar a redução de enchentes e inundações devido à obstrução de bueiros, “bocas de lobo” e demais instalações do sistema de drenagem urbana.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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