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Chegada do antídoto do metanol reabre debate sobre logística em situações de emergência

Especialistas apontam que o principal desafio está na homologação de novos fornecedores internacionais

Saúde|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

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Ministério da Saúde orientou profissionais de saude sobre uso do medicamento Paulo Pinto/Agência Brasil/Arquivo

No início deste mês, o Brasil recebeu as primeiras doses do antídoto contra intoxicação por metanol, o fomepizol, após o registro de diversos casos de intoxicação pela substância.

As entregas estão sendo realizadas em articulação com as secretarias estaduais de Saúde. Estados como Bahia, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal já contam com o medicamento disponível na rede pública.


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Segundo Ricardo Canteras, diretor comercial da Temp Log, empresa especializada em logística, a principal diferença no transporte do fomepizol está no controle térmico.

“É necessário rastrear todos os trechos do transporte, tanto o internacional quanto o nacional, para garantir que não haja nenhuma excursão de temperatura”, explica.


Apesar da sensibilidade do produto, Canteras ressalta que o medicamento deve ser mantido entre 2 °C e 8 °C, faixa comum utilizada também no transporte de vacinas.

“O controle refrigerado visa garantir o monitoramento em tempo real da temperatura em todos os trechos, assegurando a eficácia do antídoto”, afirma.


Mercado desafiador

De acordo com o especialista, o maior obstáculo está na homologação de novos fornecedores internacionais e na aquisição expressa do produto.

“O fomepizol é de uso extremamente restrito, indicado apenas para casos graves de intoxicação por metanol ou etilenoglicol. Poucos laboratórios no mundo o produzem, e a maioria dos países mantém estoques reduzidos, apenas para uso emergencial”, conta Canteras.


Ele também destaca que, devido às dimensões continentais do Brasil, a distribuição do medicamento exige uma combinação de planejamento, tecnologia e parcerias locais.

“Garantir o abastecimento em regiões remotas depende de planejamento e da atuação conjunta com empresas regionais que já possuam estrutura adequada para o transporte de medicamentos de cadeia fria”, afirma.

Como o medicamento atua

O consumo de bebidas alcoólicas contaminadas por metanol pode causar sintomas graves e até fatais, alerta o médico-cirurgião do aparelho digestivo André Augusto Pinto.

“Os sintomas leves incluem náuseas, vômitos, dor abdominal intensa, dor de cabeça, visão turva e sonolência. Eles podem piorar com o tempo”, ressalta.

O especialista explica que há um período de latência de 12 a 24 horas após a ingestão, o que torna urgente o início do tratamento.

Atualmente, o tratamento é feito com etanol farmacêutico, mas a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) iniciou o processo de importação do fomepizol, considerado mais eficaz contra a intoxicação.

“O fomepizol não é produzido no Brasil. Como o consumo é muito baixo, o medicamento precisa ser importado”, declara o médico.

O metanol, ao ser absorvido, é convertido em formaldeído, substância altamente tóxica, que pode causar cegueira, convulsões e até morte. Por isso, o tratamento deve começar logo após o surgimento dos primeiros sintomas, mesmo antes da confirmação laboratorial.

Nos casos mais graves, quando há falência renal ou acidose metabólica, é necessário realizar hemodiálise para remover o metanol da corrente sanguínea.

“Sem o antídoto, a hemodiálise é essencial para retirar o metanol do organismo”, reforça o médico.

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