Covid-19 avança no Brasil e já representa 70% das internações por complicação respiratória
Boletim InfoGripe, da Fiocruz, indica aumento de 7% nas hospitalizações entre 29 de maio e 4 de junho
Saúde|Do R7
A Covid-19 já representa cerca de 70% de todas as internações por complicação respiratória no Brasil, aponta o boletim InfoGripe, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), divulgado nesta quinta-feira (9).
O levantamento aponta cerca de 7.700 hospitalizações por Srag (síndrome respiratória aguda grave) entre 29 de maio e 4 de junho, um aumento de 7% em relação à semana anterior.
Também houve aumento da predominância da Covid-19 entre as internações por Srag. Na semana de 22 a 28 de maio, a infecção pelo coronavírus representava 48% dos casos.
O crescimento do número de internações ocorre no contexto de uma alta de novos casos de Covid-19.
Nesta quarta-feira (8), o Brasil registrou uma média móvel de novas infecções de 36.537, elevação de 144% em relação ao observado há duas semanas.
Os pesquisadores do InfoGripe calculam que as internações por síndrome respiratória aguda grave entre adultos tenham subido 88,7% entre a primeira e a última semana de maio.
"É fundamental que a população retome certas medida simples e eficazes, como o uso de máscara, especialmente no transporte público, seja ele coletivo ou individual – tais como ônibus, trem, metrô, barcas, táxis e aplicativos. E quem ainda não tomou a dose de reforço da vacina da Covid precisa tomar. A vacinação é simplesmente fundamental", afirma o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.
Somente neste ano, já foram notificadas mais de 155,2 mil internações por síndrome respiratória aguda grave, das quais 48,3% tiveram teste positivo para algum vírus respiratório. A Covid representa, em 2022, 82,7% dessas hospitalizações.
O VSR (vírus sincicial respiratório) responde por quase 10% das hospitalizações e tem afetado, desde o início do ano, principalmente crianças entre zero e 4 anos.
Especialistas avaliam que a tendência é um inverno com aumento das internações, por alguns motivos. O primeiro deles é o relaxamento de medidas de proteção, especialmente o uso de máscara em locais fechados, além do retorno ao trabalho e das aulas presenciais.
"Qualquer situação em que se aglomeram pessoas [em locais] sem ventilação é propícia para a transmissão de doenças respiratórias. É por isso que esperamos que haja um aumento não só de Sars-CoV-2, mas também de outros vírus de transmissão respiratória", salienta o vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e coordenador da infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Botucatu, Alexandre Naime Barbosa.
Em segundo lugar, a imunidade conferida pelas vacinas cai ao longo do tempo, da mesma forma que a proteção natural conferida pela própria doença. Ou seja, quem tomou reforço ou teve Covid-19 em janeiro já está vulnerável a ter a infecção novamente.
Ainda há aqueles que não se vacinaram ou estão com o esquema vacinal incompleto.
Na tentativa de frear o agravamento dos quadros de Covid-19, o Ministério da Saúde liberou na semana passada a aplicação de um segundo reforço em indivíduos acima de 50 anos e profissionais da saúde que tenham tomado a dose anterior há mais de quatro meses.