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Covid: UFPR espera testar vacina em humanos ainda no 2º semestre

Universidade começou estudo em 2020 e já fez testes em animais, com resultados bons. Custo do imunizante é mais baixo até agora

Saúde|com R7

Cientista da UFPR começaram testes em junho do ano passado
Cientista da UFPR começaram testes em junho do ano passado Cientista da UFPR começaram testes em junho do ano passado

Cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolveram uma nova vacina contra a covid-19 pretendem começar no segundo semestre deste ano os testes do produto em humanos.

De acordo com a instituição, o imunizante apresentou resultados animadores na fase pré-clínica (em animais) - os dados ainda não foram publicados.

Se conseguir o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para realização da próxima etapa da pesquisa, o grupo prevê que a vacina esteja pronta no ano que vem.

O imunizante é produzido com apoio do governo do Paraná, que investiu R$ 700 mil nas pesquisas e mais R$ 250 mil para bolsas de doutorado. O valor seria o suficiente para cobrir a fase 2 dos testes pré-clínicos, que serão aplicados nos próximos seis meses.

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A equipe também trabalha no desenvolvimento de uma versão da vacina para ser aplicada como spray nasal.

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A tecnologia utilizada na vacina da UFPR envolve a produção de partículas de um polímero biodegradável, revestidas com partes da proteína Spike, que é responsável pela entrada do SARS-Cov-2 nas celulas humanas.

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Essa proteína é produzida com a ajuda da bactéria Escherichia coli (normalmente encontrada no aparelho digestivo das pessoas), que é uma forma capaz de aderir ao polímero. 

A vacina é composta pelo polímero e pela proteína sintética, sendo que as partículas terão na sua superfície a proteína S, de forma semelhante ao próprio vírus, "induzindo o organismo a uma forte resposta imune", conforme nota oficial. 

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Com essa solução, não é necessário o uso do coronavírus inteiro para a produção da vacina. Por enquanto, o teste já foi concluído em camundongos.

Segundo os cientistas responsáveis pelos testes, a vacina da UFPR apresentou níveis de produção de anticorpos iguais, e às vezes superiores, aos desenvolvidos pelo imunizante da Oxford/AstraZeneca. Os dados, porém, ainda não foram publicados em revista científica, uma vez que a fase pré-clínica ainda está em curso.

A próxima fase de testes inclui três ensaios-chave: a neutralização, para analisar se o imunizante gera anticorpos capazes de bloquear o vírus e animais; a proteção animal, que verifica se eles desenvolvem a doença após serem vacinados e expostos ao vírus; e o toxicológico, que conclui qual o impacto na saúde do animal após receber diferentes concentrações da vacina.

"Ainda não temos a conclusão do tempo de imunização que os vacinados têm após receber as duas doses. Precisamos fazer apostas estratégicas para o nosso futuro", afirmou Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da UFPR. De acordo com ele, o custo estimado, incluindo materiais e insumos, ficaria entre R$ 5 R$ 10 por cada dose. Para a imunização completa, seriam necessárias duas aplicações.

"Vamos realizar os testes da vacina injetada e também com aplicação nasal, para facilitar os ensaios clínicos. Essa nova plataforma tecnológica que desenvolvemos será um legado não só relacionado ao combate à covid-19, como no desenvolvimento de outras vacinas paranaenses", ressalta Emanuel Maltempi, professor da UFPR, doutor em Bioquímica e coordenador da pesquisa.

A vacina começou a ser pesquisada pela equipe da UFPR em junho do ano passado. "Estamos investindo para termos uma vacina paranaense e sabemos que é um ivestimento de risco, mas nem por isso se deve deixar de investir em ciência e tecnologia", afirmou Aldo Nelson Bona, superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná.

Até o momento, duas outras vacinas já foram anunciadas como "100% brasileiras". A primeira delas foi a ButanVac, anunciada pelo Instituto Butantan. Após o anúncio, porém, o órgão paulista admitiu que o imunizante tem tecnologia importada de pesquisadores dos Estados Unidos, mas a expectativa é ter produção 100% nacional.

A dependência de insumos importados para a fabricação de vacinas é um dos gargalos do plano de imunização do Brasil.

O Butantan disse que os resultados iniciais da pesquisa foram positivos. O órgão pediu na sexta-feira, 23, autorização da Anvisa para iniciar os ensaios clínicos em humanos.

A outra vacina 100% brasileira é a Versamune, que estava sendo desenvolvida pela Farmacore em parceria com a USP de Ribeirão Preto, que também já teve os pedidos de aval para testes em humanos protocolados.

Na última semana, porém, o presidente Jair Bolsonaro vetou R$ 200 milhões de verba para esse imunizante. O ministro da Ciência, Marcos Pontes, chamou o corte orçamentário de na área de "estrago" e alertou para impossibilidade de "ligar e desligar" pesquisas.

Procurada pelo Estadão, a Farmacore não comentou o bloqueio de recursos nem informou se haveria impacto no curso da pesquisa. Em março, a empresa disse prever a conclusão dos testes apenas no ano que vem.

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