Dia Mundial do Doador de Sangue: 1,4% da população brasileira doa regularmente no SUS
A coordenadora-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde reforça que cada coleta pode salvar até quatro vidas
Saúde|Da Agência Brasil
Dados do Ministério da Saúde mostram que, atualmente, 14 em cada grupo de mil brasileiros são doadores de sangue no SUS (Sistema Único de Saúde). Isso significa que 1,4% da população doa sangue regularmente, o que põe o país dentro dos parâmetros definidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que recomenda que o índice se mantenha entre 1% e 3%.
Em 2022, 3,1 milhão de coletas de sangue foram contabilizadas no Brasil.
No Dia Mundial do Doador de Sangue, lembrado nesta quarta-feira (14), o ministério reforçou a importância de ampliar o número de doadores para manter a regularidade dos estoques do país, sem risco de desabastecimento. A coordenadora-geral de Sangue e Hemoderivados, Joice Aragão, reforçou que cada doação pode ajudar a salvar até quatro vidas.
"É importante lembrar que a doação de sangue é um ato voluntário, altruísta e não remunerado."
Com a mensagem "Quando você doa sangue ajuda a salvar muitas vidas, doe sangue regularmente", a pasta lançou nesta quarta-feira (14) uma campanha para a conscientização sobre a importância da doação.
O ministério faz um alerta de que este período do ano costuma registrar baixa nos estoques de sangue, devido à proximidade das férias escolares e das festas juninas, além da mudança de estação, com a chegada do inverno. "Isso tem um impacto na assistência como um todo", ressaltou Joice.
"O sangue é muito importante para os atendimentos de urgência, a realização de cirurgias de grande porte, o tratamento em pessoas com doença falciforme e talassemias, por exemplo, doenças oncológicas variadas que frequentemente necessitam de transfusão."
Coleta segura
Na rede pública, todo sangue coletado é testado e só é liberado para uso após ter a segurança comprovada. Além da sorologia, 100% da coleta passa por um teste, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), que reduz a chamada janela imunológica para HIV, hepatites C e B — tempo em que os vírus já estão presentes no doador e ainda não foi possível detectá-los.
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Recentemente, segundo o ministério, a malária também passou a ser incluída como novo alvo de detecção. O próximo passo, de acordo com a coordenadora-geral, deve ser a inclusão da testagem para hepatite E. O país conta, atualmente, com 2.097 serviços de hemoterapia, que incluem serviços como coleta, hemocentros, hemonúcleos, unidades de coleta e transfusão e agências transfusionais.
Requisitos básicos
Para doar, é preciso ter entre 16 e 69 anos; pesar, no mínimo, 50 quilos; não ter ingerido álcool nas últimas 12 horas; e estar em boas condições de saúde.
Hemobrás
Atualmente, a importação de medicamentos para atender pacientes com hemofilia e outras doenças relacionadas à coagulação sanguínea supera a cifra de R$ 1,5 bilhão ao ano. Em nota, o ministério destacou que o pleno funcionamento da Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia) configura "um passo fundamental" para que o Brasil reduza sua dependência externa no setor de derivados do sangue e biotecnologia.
"O recolhimento do plasma excedente nos serviços de hemoterapia em 2022 foi de aproximadamente 100 mil litros, e a previsão, para 2023, é ultrapassar 150 mil litros. Para o próximo ano, a expectativa é coletar mais de 200 mil litros", informou a pasta.
PEC
Também em nota, o ministério se posicionou contrário à proposta de emenda à Constituição nº 10, de 2022, que pretende alterar a Carta para autorizar a coleta e o processamento de plasma humano pela iniciativa privada. "Se aprovado na forma como está, pode causar prejuízos para a Rede de Serviços Hemoterápicos no Brasil e para o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados."
"Caso a PEC 10/22 seja aprovada, o incentivo financeiro para doações de componentes sanguíneos e as campanhas mercadológicas pelo comércio de plasma poderão refletir na diminuição de doações voluntárias para a rede pública de saúde, afetando os atendimentos. Além disso, a desestruturação da cadeia de suprimentos na rede pública pode impactar na capacidade de oferta de sangue para regiões mais remotas e até em grandes centros — inclusive, o sangue coletado no Brasil poderá ser enviado para outros países, desabastecendo o mercado nacional".
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