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Estudo mostra que exame de sangue pode detectar câncer de pulmão

Segundo pesquisadores norte-americanos, sequenciamento genético pode ser usado para o diagnóstico precoce da doença, antes dos primeiros sintomas

Saúde|Gabriela Lisbôa, do R7

Exame pode identificar doença no início e aumentar as chances de cura
Exame pode identificar doença no início e aumentar as chances de cura

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pulmão é o mais comum entre todos os tumores malignos. A cada ano, mais de um milhão de pessoas são diagnosticadas com a doença em todo o mundo.

No Brasil, a expectativa é que em 2018, 31.270 pessoas descubram que têm câncer no pulmão – entre estes pacientes, estão 18.740 homens e 12.530 mulheres.

Ainda segundo o Inca, este é um tipo de câncer altamente letal, que no fim do século XX, se tornou uma das principais causas de morte evitáveis.

Como todos os tipos de câncer, no de pulmão a expectativa de cura ou de maior tempo de sobrevida depende, principalmente, do momento em que a doença é descoberta.


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Novo exame para diagnóstico precoce


Atualmente, o diagnóstico de câncer de pulmão é feito por meio de uma tomografia, que deve ser feita anualmente em pacientes que apresentam risco para a doença, como os fumantes – de acordo com o Inca, 90% dos casos estão associados ao consumo de derivados de tabaco.

Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabaco
Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabaco

Sem este controle, o diagnóstico costuma aparecer apenas quando surgem os primeiros sintomas, o que, segundo o oncologista Jacques Tabacof, do Grupo Oncoclinicas, só acontece quando a doença já está em um estágio mais avançado.


Além disso, o diagnóstico por meio de tomografia não é 100% assertivo, é comum que aconteçam os chamados resultados “falsos-positivos”.

“Na tomografia podem aparecer nódulos pequenos, que nem sempre são tumores malignos, mas precisamos investigar, fazer biópsia, colocar uma agulha no pulmão do paciente”, explica o oncologista.

Um estudo apresentado no Asco 2018 – o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que terminou na terça-feira (5), em Chicago, nos Estados Unidos – mostrou que nos próximos anos a tomografia pode deixar de ser a única ferramenta para o diagnóstico.

Depois de analisar amostras de sangue de mais de 1.700 voluntários, pesquisadores dos Estados Unidos e do Canadá desenvolveram um sofisticado exame de sangue capaz de identificar a presença de fragmentos de DNA do tumor de pulmão em fase inicial na corrente sanguínea.

"Estamos um passo mais perto de sermos capazes de detectar o câncer de pulmão precoce a partir de um simples exame de sangue"

(David Graham)

"Estamos animados porque os resultados iniciais do estudo mostram que é possível detectar câncer de pulmão em estágio inicial a partir de amostras de sangue usando o sequenciamento genômico", disse o principal autor do estudo, Geoffrey R. Oxnard, professor associado do Instituto do Câncer Dana-Farber e da Escola de Medicinal de Harvard.

Oxnard também afirma que um exame sanguíneo capaz de identificar a doença "pode ser facilmente implementado por sistemas de saúde".

O exame não está aprovado para uso clínico porque o estudo ainda não foi totalmente concluído. Neste momento, os pesquisadores estão desenvolvendo uma segunda etapa com outros mil voluntários.

Mas, especialistas já começam a ter esperanças de que esta nova possibilidade possa fazer parte da rotina clínica nos próximos anos.

"Estamos um passo mais perto de sermos capazes de detectar o câncer de pulmão precoce a partir de um simples exame de sangue. Embora ainda haja um caminho a percorrer antes que o DNA livre de células do sangue possa ser usado para a detecção do câncer em larga escala, essa pesquisa serve como um alicerce para o desenvolvimento de testes futuros ”, afirma David Graham, diretor médico do Levine Cancer Institute, em Charlotte, na Carolina do Norte.

O oncologista Jacques Tabacof acompanhou a divulgação do estudo e também se mostra esperançoso:

“Eu fiquei muito animado em ver como a tecnologia chegou em um ponto onde este exame está muito mais perto do que podíamos imaginar. Embora seja uma inovação para daqui a alguns anos, parece totalmente possível”.

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