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Grávidas vacinadas contra a covid imunizam os bebês? Entenda

Pesquisa indicou a presença de anticorpos contra a covid-19 em bebês cujas mães receberam a vacina da Pfizer/BioNTech

Saúde|Do R7

Imunologistas alertam que resultados podem não garantir imunidade ao longo do tempo
Imunologistas alertam que resultados podem não garantir imunidade ao longo do tempo Imunologistas alertam que resultados podem não garantir imunidade ao longo do tempo (Pixabay)

Uma pesquisa israelense, publicada na quinta-feira (20) na revista científica Journal of Clinical Investigation, indicou a presença de anticorpos contra a covid-19 em bebês cujas mães foram vacinadas com o imunizante da Pfizer/BioNTech.

No Brasil, o primeiro caso de um bebê que herdou anticorpos da mãe, imunizada com a Coronavac, também repercutiu desde quarta-feira (19). A notícia é positiva, mas imunologistas alertam que os resultados podem não garantir imunidade e que os anticorpos tendem a decair com o tempo.

Em Israel, o estudo observacional reuniu 1.094 mulheres de oito hospitais do país. As amostras foram coletadas entre abril de 2020 e março de 2021 após o parto e divididas em três grupos: participantes que receberam a vacina entre janeiro a março de 2021; participantes que não receberam a vacina e que tinham resultados PCR positivos para a covid-19; e participantes que não foram vacinadas nem tinham documentação sobre a infecção.

A sorologia de sangue do cordão umbilical demonstrou que a vacinação com a Pfizer/BionTech transmitiu uma "robusta resposta imunológica" para o feto, inclusive com a mesma concentração de anticorpos presentes na mãe. A proporção de anticorpos foi a mesma em comparação entre as mulheres que foram vacinadas e infectadas pelo coronavírus.

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Anticorpos em gestantes

O caso brasileiro ocorreu na cidade de Tubarão, em Santa Catarina. Enrico nasceu em 9 de abril e, um dia depois, foi submetido à coleta de sangue para o teste neutralizante do coronavírus. O exame indica se há a presença de anticorpos no organismo capazes de bloquear a ação viral. Resultados abaixo de 20% são considerados negativos, mas no caso de Enrico, o teste apontou 22% de neutralização.

Médica que atuava na linha de frente em um hospital da prefeitura de Tubarão, a mãe do bebê, Talita Menegali Izidoro, de 33 anos, recebeu a Coronavac em fevereiro, na 34ª semana de gestação. A decisão foi tomada junto com o obstetra, já que, na época, a imunização para gestantes só era recomendada sob acompanhamento. Como àquela altura o bebê já estava quase formado e seria uma vacina com vírus inativado - com efeitos colaterais mais brandos -, Talita não teve dúvidas.

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"O Enrico veio para mostrar que a vacina funciona e que é o caminho", diz. Segundo ela, que também é professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), o teste no filho foi feito para colaborar com pesquisas sobre os efeitos da vacinação em mulheres grávidas e para incentivar gestantes a se vacinarem.

Mãe e filho ainda serão acompanhados pelos próximos seis meses por um grupo de pesquisadores catarinenses. Novos testes serão feitos a cada trimestre, e o relato do caso deve ser publicado em uma revista científica internacional.

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"O que nós vamos avaliar é se haverá o aumento dos anticorpos (no bebê) e se isso vai estar relacionado com a amamentação", explica o farmacêutico bioquímico Daisson Trevisol, que é secretário municipal da saúde de Tubarão e integrante do núcleo que analisa o caso de Enrico no Centro de Pesquisas Clínicas da Unisul, onde é professor.

Em abril, outros estudos já haviam apontado que mães imunizadas contra a covid passam anticorpos para os bebês pelo leite materno. Uma análise feita pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), a partir de mais de 100 estudos clínicos, concluiu que os anticorpos poderiam prevenir a infecção ou reduzir a gravidade dos sintomas dos bebês.

O que já se sabe sobre anticorpos maternos em recém-nascidos?

Segundo o imunologista e professor da USP Jean Pierre Schatzmann Peron, pesquisador-líder da Plataforma Científica Pasteur, a transmissão vertical de anticorpos já é conhecida. "Evolutivamente, o bebê herda os anticorpos da mãe através da placenta e só a partir do 6º mês é que consegue produzir as próprias respostas imunes", explica.

Pesquisas anteriores com vacinas contra coqueluche, tétano e gripe já apontavam respostas semelhantes. A diferença é que, agora, há a comprovação em relação à vacina contra a covid-19.

Segundo Jean Pierre, o que se sabe é que os anticorpos decaem com o tempo. "Não há estudos que comprovem se os bebês estão imunes. O que sabemos é que esses anticorpos têm um potencial para protegê-los. Provavelmente, deve se repetir o que acontece com a vacinação. No caso da Pfizer, é 95% de proteção, e se ele se infectar, vai ter uma doença muito mais branda do que se não estivesse imunizado."

O pesquisador explica que existem cinco tipos de anticorpos. "Segundo o estudo (israelense) com a Pfizer, o anticorpo transferido pela placenta é do tipo IgG, mas os bebês não têm o anticorpo do tipo IgM, que não passa pela placenta", afirma.

Na prática, isso significa que, passada a proteção materna, o bebê precisará desenvolver os próprios anticorpos. Diante das incertezas, para o imunologista, as crianças devem ser vacinadas assim que puderem, principalmente com a ameaça de novas variantes.

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