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Medicamento contra o HIV se mostra promissor para desacelerar quadros de demência

Em testes com camundongos, a droga reduziu a quantidade acumulada no cérebro de proteínas que são associadas ao declínio cognitivo

Saúde|Do R7

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que um medicamento aprovado para o tratamento do HIV pode ter utilidade também no manejo de quadros de demência. Os resultados foram publicados na quarta-feira (26) na revista científica Neuron.

A pesquisa, realizada em camundongos, partiu da identificação da dificuldade que o cérebro de pessoas com demência, incluindo a doença de Huntington, tem para eliminar proteínas tóxicas.

Essa é uma característica comum em indivíduos com doenças neurodegenerativas. As proteínas maldobradas, como a huntingtina e a tau, vão se acumulando a ponto de levar à degradação e à morte de células cerebrais, à medida que surgem os sintomas do declínio cognitivo, como a perda de memória, por exemplo.

Em condições normais, nosso corpo utiliza a autofagia, processo em que as células "comem" essas proteínas. Porém, é algo que não funciona adequadamente em quem tem doenças neurodegenerativas.

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Droga atua em espécie de interruptor que funciona de modo diferente em quem tem demência
Droga atua em espécie de interruptor que funciona de modo diferente em quem tem demência Droga atua em espécie de interruptor que funciona de modo diferente em quem tem demência

Entre as descobertas relatadas pela equipe de Cambridge, está a de que um tipo de célula imunológica, conhecido como micróglia, que protege o cérebro e o sistema nervoso de materiais indesejados e tóxicos, atua de forma prejudicial em quem sofre de doenças que causam demência.

Nos camundongos com doenças neurodegenerativas, a micróglia ativou um interruptor na superfície das células (chamado CCR5) que prejudica o processo de autofagia e, portanto, facilita o acúmulo de toxinas no cérebro.

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"A micróglia começa a liberar esses produtos químicos muito antes de qualquer sinal físico da doença ser aparente. Isso sugere — tanto quanto esperávamos — que, se vamos encontrar tratamentos eficazes para doenças como a de Huntington e a demência, esses tratamentos precisarão se iniciar antes que o indivíduo comece a apresentar sintomas", afirma em comunicado o autor sênior do estudo, o professor David Rubinsztein, do Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido, na Universidade de Cambridge.

O interruptor CCR5 não age apenas nas doenças neurodegenerativas, ele também é usado pelo vírus HIV como uma "porta de entrada" nas células.

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Um medicamento anti-HIV chamado maraviroc, aprovado em 2007 nos EUA e na União Europeia, atua justamente na inibição do CCR5.

Nos testes, a equipe de Rubinsztein submeteu camundongos com doença de Huntington e outros quadros demenciais ao tratamento com o maraviroc por quatro semanas.

Ao analisarem o cérebro dos animais, os pesquisadores encontraram uma redução significativa dos agregados da proteína tóxica huntingtina, quando comparados aos que não haviam sido tratados.

Uma ressalva feita pelos autores é a de que a doença de Hungtinton só se manifesta em camundongos com sintomas leves após 12 semanas. Mesmo sem tratamento, era muito cedo para analisar se o remédio teria impacto.

Já nos camundongos com demência, os pesquisadores constataram que a droga reduziu a quantidade de agregados da proteína tau e também retardou a perda de células cerebrais.

Posteriormente, eles perceberam que os camundongos tratados tiveram desempenho melhor do que os que não tomaram o remédio em um teste de reconhecimento de objetos, sugerindo que o medicamento retardou a perda de memória.

A descoberta abre caminho para pesquisas futuras, inclusive em humanos, afirma o autor do trabalho.

"Estamos muito empolgados com essas descobertas porque não apenas encontramos um novo mecanismo de como nossa micróglia acelera a neurodegeneração, mas também mostramos que isso pode ser interrompido, potencialmente mesmo, com um tratamento seguro existente", conclui.

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