Saúde Mulher recebe prótese de nariz 'cultivada' no próprio antebraço

Mulher recebe prótese de nariz 'cultivada' no próprio antebraço

Francesa de 50 anos tinha perdido parte do órgão após um câncer nasal e passou dois meses 'construindo' o novo 

  • Saúde | Do R7

Resumindo a Notícia

  • Francesa de 50 anos recebeu prótese de nariz 'cultivada' no próprio antebraço
  • Mulher havia perdido parte do órgão após um câncer nasal
  • Novo nariz foi construído a partir de um modelo com biomaterial feito em uma impressora 4D
  • Cirurgia foi um sucesso, e a mulher voltou até a respirar um pouco melhor
Com uma prótese de biomaterial, os médicos 'cultivaram' um novo nariz para a paciente

Com uma prótese de biomaterial, os médicos 'cultivaram' um novo nariz para a paciente

Reprodução/CHU de Toulouse

Uma francesa de 50 anos "cultivou" uma prótese de nariz no próprio antebraço durante dois meses para realizar uma cirurgia reconstrutora. 

Carine foi diagnosticada com câncer nasal em 2013 e se submeteu a diversos tratamentos, como quimioterapia e radioterapia. Os procedimentos eliminaram a doença, mas também comprometeram a maior parte do nariz. 

"Fiquei trancada dentro de casa nos últimos oito anos. Quando você está doente, você se isola, e o rosto é o que você vê primeiro", contou a mulher ao portal de notícias francês 20 Minutes.

As tentativas de usar enxertos de pele para recuperar a área e próteses para ocultar os danos deram errado. Então, os cirurgiões Agnes Dupret-Bories e Benjamin Valerie tiveram a ideia de "criar" um nariz para a paciente. 

As células entraram na parte interna e ao redor da prótese

As células entraram na parte interna e ao redor da prótese

Reprodução/CHU de Toulouse

O modelo foi feito com biomaterial em uma impressora 3D. Em julho deste ano, os médicos implantaram o nariz artificial no antebraço da francesa, com o objetivo de que as células e vasos sanguíneos passassem a "crescer" em todo o entorno do dispositivo. 

"É um implante feito sob medida em biomaterial, que era basicamente um andaime para ser colonizado pelo corpo da paciente", disse Dupret-Bories ao portal de notícias France3.

E acrescentou: "É como um suporte que dá forma. A pele vive ao redor, os tecidos vão para dentro do biomaterial, que é preenchido pelas células do corpo do paciente. O biomaterial impresso em 3D feito sob medida foi colocado sob a pele do antebraço para que pudesse ser colonizado".

Para Carine, o dispositivo foi "milagroso". 

"Esse biomaterial foi meu último recurso, e saúdo a pesquisa e o trabalho dos médicos que me ajudaram a aguentar", comemorou.

A escolha do local se deveu à semelhança da pele da região com a do rosto — é mais fina. Durante dois meses, Carine visitou o hospital constantemente, para garantir que a pele estava crescendo bem, de forma funcional e sem danos.

Após esse período, a francesa foi submetida a um processo cirúrgico para mover o nariz até o rosto. Com a ajuda de um microscópio, os médicos conectaram os vasos sanguíneos do modelo com os da área desejada. 

A pele que teve de ser retirada do antebraço para a realocação do nariz foi substituída com um enxerto de uma coxa da paciente. Carine ficou dez dias sob os cuidados do hospital para evitar infecções e intercorrências, mas o transplante foi um sucesso. 

Hoje, a mulher não tem nenhuma sensibilidade relacionada ao implante e respira um pouco melhor. A reconstrução, nesse momento, foi considerada mais estética. Para restaurar as demais sensações mais comuns do nariz, há necessidade de outra cirurgia.

Apesar de o nariz ainda estar inchado, ele não tem vermelhidão. O implante, para Carine, foi um recomeço.

"Encontro os cheiros do meu jardim, posso sair, volto à vida. É milagroso", contou.

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