Vírus da varíola do macaco é encontrado na saliva e no sêmen de infectados
Descoberta de pesquisadores espanhol pode explicar velocidade na transmissão da doença, que já atinge mais de 13.500 pessoas no mundo
Saúde|Do R7

O DNA do vírus da varíola do macaco pode ser detectado frequentemente em diferentes amostras de pessoas infectadas, incluindo saliva e sêmen. Essa foi a conclusão de um estudo feito pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) e publicado na última edição da revista Eurosurveillance, publicação científica sobre vigilância, epidemiologia, prevenção e controle de doenças infecciosas.
A principal forma de transmissão da doença é por meio do contato com as lesões infectadas, mas esse estudo sugere que a propagação também pode acontecer por meio de fluídos sexuais e saliva. O que seria uma explicação para a valocidade no crescimento no número de casos no mundo.
De acordo com monitoramento em tempo real conduzido pela iniciativa Global.health já são mais de 13.200 casos no mundo, sendo Espanha, Reino Unido e Alemanhã são os países com maior concentração de casos.
A pesquisa foi feitas com 147 amostras clínicas de diferentes regiões, coletadas em 12 pacientes infectados com o monkeypox, em diferentes momentos da infecção.
Foram detectadas altas cargas virais em todas as 12 amostras de saliva e de lesões de pele dos pacientes. O DNA foi encontrado também em 11 de 12 swabs – cotonete estéril usado para coletar amostas para exames – retais; 10 de 12 de swabs nasofaríngeos; 7 de 9 de sêmen; 9 de 12 de urina e 8 de 12 de fezes.
" Alguns estudos anteriores já haviam mostrado a presença ocasional de DNA viral em algumas amostras e em alguns pacientes, mas aqui mostramos que o DNA viral está frequentemente presente em vários fluidos biológicos , particularmente na saliva, durante a fase aguda da doença e até até 16 dias após o início dos sintomas em um paciente ”, explicou Aida Peiró, pesquisadora do ISGlobal e primeira autora do estudo.
Os voluntários da pesquisa eram homens que fazem sexo com homens, com idade média de 38 anos. Sendo que quatro pacientes eram HIV-positivos, mas com carga viral de HIV indetectável. Todos relataram atividade sexual com até 10 parceiros no mês anterior.
Mesmo com a descoberta, os autores do estudo ressaltam que a presença do DNA do vírus em uma amostra não significa necessariamente que seja um agente infeccioso.
"Nossos resultados contribuem para uma melhor compreensão de um provável enigma de transmissão complexo e sublinham outras áreas imediatas de pesquisa, como a infectividade de fluidos corporais, a frequência de casos secundários e assintomáticos ou o impacto de fatores sociais e comportamentais que afetam a transmissão viral", afirmaram os pesquisadora na publicação.
Saiba o que ainda intriga a ciência sobre a varíola do macaco
É possível a reinfecção da doença? Por ser até então uma doença rara, ainda não é possível saber se há casos de reinfecção ou se as pessoas que já pegaram outros tipos de varíola estão imunes à doença. "Não se sabe se a doença pode ser pega mais de ...
É possível a reinfecção da doença? Por ser até então uma doença rara, ainda não é possível saber se há casos de reinfecção ou se as pessoas que já pegaram outros tipos de varíola estão imunes à doença. "Não se sabe se a doença pode ser pega mais de uma vez. O que se sabe é que a imunidade gerada pela doença ou pela vacinação é uma imunidade protetora e que dura um longo período de tempo. Até porque, se não fosse assim, a varíola não teria sido erradicada", ressalta Giliane Trindade






![Vai ser necessário vacinar toda a população?
Por ora, a OMS acredita que a vacinação pode ser localizada e indicada para pessoas próximas às infectadas, como está sendo feito no Reino Unido e nos Estados Unidos. Profissionais de saúde da linha de frente também podem ser beneficiados com o imunizante.
Existe uma vacina contra a varíola do macaco produzida pelo laboratório Bavarian Nordic, na Dinamarca. Além disso, a vacina usada anteriormente poderia ser empregada, mas precisaria passar por atualização. A questão é que não há produção em larga escala de nenhum imunizante.
A epidemiologista Andrea McCollum, do CDC, disse, em entrevista à revista Nature, acreditar que as terapias provavelmente não serão implantadas em grande escala para combater a varíola. Para conter a propagação do vírus, deve ser usado o método chamado vacinação em anel. Aplica-se o imunizante nos contatos próximos de pessoas que foram infectadas para cortar quaisquer rotas de transmissão. “Mesmo em áreas onde a varíola [do macaco] ocorre todos os dias, ainda é uma infecção relativamente rara”, afirmou a especialista](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/QKBWL7J2O5NRJP7OV4WHGB2PPA.jpg?auth=95a13bb0bf102b370ae62f0e354531eb43452a4647e955794466b31465338afc&width=771&height=514)
