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Com uma semana de Copa, veja os acertos e os erros do País anfitrião do Mundial

Hospitalidade, acesso, protestos e invasão marcaram primeiros dias de campeonato

Cidades|Do R7

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Há exatamente uma semana, no dia 12, o Brasil deu início à sua Copa do Mundo em meio a um público dividido entre o pessimismo e o entusiasmo. Já na abertura, na Arena Corinthians, em São Paulo, foi observada uma série de problemas estruturais e também no acesso. De fora da arena, a alegria da torcida frequentemente contrastou com a violência na repressão dos protestos, com disparos de balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. O cancelamento de voos, o trânsito excessivo, greve no transporte coletivo e até mesmo um desmoronamento prejudicaram o acesso aos jogos
Ainda assim, o maior evento esportivo da história do País registrou acertos como a farta sinalização nos transportes, a receptividade aos turistas e às delegações e o clima festivo. Acompanhe, nas fotos a seguir, o que pode ser melhorado e o que pode ser mantido para que o País bata um bolão nessa Copa Reportagem: R7, BBC Brasil e Agência Brasil
Transporte  A ameaça de greve dos metroviários de São Paulo na abertura da Copa não se concretizou e os usuários puderam utilizar o metrô, além do Expresso Copa e dos ônibus, para chegar ao Itaquerão. O R7 testou o acesso e a viagem durou cerca de 20 minutos
A reportagem verificou que o transporte coletivo estava bem sinalizado, em inglês e português, e não houve atrasos na hora de ir embora. Em Natal (RN), porém, a greve dos motoristas e cobradores de ônibus, iniciada no dia 12, reduziu as opções para se chegar aos jogos realizados no Estádio das Dunas. A categoria, no entanto, cumpriu a liminar que obrigava a manutenção de 70% da frota nos horários de pico
Trânsito O trânsito em algumas das cidades-sede mostrou ser um desafio para o País. Em capitais onde o congestionamento já é frequente, como Salvador e Manaus, os dias de jogos foram um pouco caóticos, e os torcedores que tentavam ir de carro à Fonte Nova e à Arena Amazônia, respectivamente, sentiram na pele os problemas de mobilidade urbana das duas cidades. Sem feriados decretados, o trânsito de Salvador ficou caótico nos dias dos jogos entre Espanha x Holanda e Alemanha x Portugal, e torcedores relataram que demoraram 1h30 para chegar do Rio Vermelho (região mais turística da cidade) até a Fonte Nova
Em Manaus, que recebeu a partida de Itália x Inglaterra, uma das equipes da BBC que chegava para o jogo com três horas de antecedência precisou desviar do caminho principal para a Arena da Amazônia, percorrendo 2 km em 40 minutos na tentativa de fugir do congestionamento. Houve muita gente que foi desistindo no caminho para ir a pé
Em São Paulo, o feriado municipal na abertura da Copa aliviou o trânsito. Curiosamente, a capital registrou mais de 300 km de congestionamento na última terça-feira (17), poucas horas antes da partida entre Brasil e México, que foi realizada em Fortaleza (CE)
Para evitar esse problema, o Rio de Janeiro criou um esquema especial para aliviar o trânsito na última quarta-feira (18), para o jogo entre Chile e Espanha, no Maracanã. As ruas no entorno do estádio foram fechadas e só reabertas às 20h, duas horas após o término da partida. Além disso, o estacionamento foi proibido em um número maior de ruas. O transporte público, como o metrô, ficou lotado
Acesso A chuva forte que castigou Natal nos últimos dias deixou a cidade em estado de calamidade pública e dificultou o acesso à Arena das Dunas — o próprio entorno dela ficou envolto em uma grande poça de água no primeiro jogo. Na última segunda-feira (16), porém, Gana e Estados Unidos jogaram em condições climáticas bem mais favoráveis
Em Brasília, houve problema para entrar no estádio. Muitas filas se acumularam na revista e na checagem dos ingressos e, faltando menos de 10 minutos para o início do jogo, a reportagem  verificou milhares de pessoas ainda esperando para entrar. Muitos deles só conseguiram se acomodar no Mané Garrincha quando o jogo entre Suíça e Equador já havia começado
Em São Paulo, a reportagem também apurou que o acesso ao Itaquerão era bastante confuso quando se saía da estação Corinthians-Itaquera, local de desembarque do Expresso Copa e acesso para quem tinha ingresso do lado leste do estádio. A sinalização para a arena era insuficiente e milhares de torcedores se deslocaram para o lado errado da estação, chegando a um camarote que foi invadido por milhares de pessoas
Uma vez identificado o lado certo para se chegar ao Itaquerão, o público encontrava dificuldade para saber onde ficavam os portões de entrada. Muitos estavam com o ingresso do lado oeste e as informações sobre o acesso eram confusas — enquanto alguns policiais militares e voluntários indicavam que esses torcedores podiam entrar no portão leste, muitos recomendavam que os pagantes atravessassem uma passarela que, na verdade, havia sido bloqueada, conforme apuração da reportagem
Muitos passageiros perderam os jogos porque o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ficou fechado para pousos e decolagens por mais de quatro horas, por causa de um forte nevoeiro. Com a suspensão, torcedores que seguiam para Belo Horizonte, para acompanhar a partida entre Bélgica e Argélia, marcada para as 13h, perderam o voo e reclamaram da falta de informação das companhias aéreas. Segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), 30 voos foram cancelados. Muitos passageiros se aglomeraram nos balcões das companhias aéreas em busca de informações e devolução do valor da passagem. Foi o caso de torcedores belgas, que deveriam embarcar às 7h58, mas às 12h permaneciam no saguão do Santos Dumont, lamentando não conseguir chegar a tempo para ver a seleção de seu país
Além do Santos Dumont, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antonio Carlos Jobim também suspendeu as operações para pousos por mais de uma hora, o que resultou no atraso de 30 voos. O Galeão  e mais cinco aeroportos nas cidades-sede da Copa do Mundo vão receber, nos terminais durante o Mundial, reforço na frota de ônibus que levam os passageiros para área de embarque e desembarque. O aeroporto do Galeão receberá a maior quantidade. Serão seis ônibus disponíveis no Rio e mais oito nas outras cidades. Além disso, o efetivo da área operacional foi ampliado em 18%
Informação dentro do estádio Já dentro do estádio, houve muitas queixas com relação aos voluntários. Todos foram muito elogiados por serem educados e prestativos, mas criticados principalmente por não saberem passar informações básicas — localização de banheiros, bares e assentos. Se a pergunta era feita em inglês, a resposta era ainda mais difícil — os voluntários bilíngues ainda são uma raridade nas arenas. Alguns desses problemas são explicados pela demora na entrega dos estádios. Segundo a Fifa, em coletiva de imprensa realizada um dia depois da abertura do Mundial, a entidade está preparada para lidar com esses desafios, que tendem a ser maiores nos estádios que estrearam durante a Copa — as seis arenas já testadas na Copa das Confederações já não teriam os mesmos problemas
Protestos Os incidentes mais preocupantes neste início de Copa foram os enfrentamentos entre manifestantes e policiais durante os protestos contra os gastos do poder público com o evento. No primeiro deles durante o Mundial, na manhã da abertura do torneio, em São Paulo, duas jornalistas da CNN, um fotógrafo argentino e um auxiliar-técnico do SBT foram feridos pelo estilhaço de uma bomba de efeito moral jogada pela Polícia Militar. Além disso, um jornalista e fotógrafo brasileiro foi atingido por vários golpes de cassetete na região da cabeça, tórax e braços. Seu notebook, que estava dentro de uma mochila, ficou totalmente danificado
A manifestação tinha pouco mais de 20 pessoas e ficou longe de se aproximar das dependências da Arena Corinthians. Mais tarde, manifestantes entraram em conflito com a PM também dentro da estação Tatuapé da linha 3-Vermelha do metrô
No último domingo (15), houve mais confronto entre manifestantes e PMs no Rio de Janeiro, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar aos cerca de 150 pessoas que protestavam nas ruas próximas ao Maracanã. Um policial chegou a descer do carro e dar tiros para o alto com uma arma de fogo — ele estava passando pelo local quando viu a manifestação e decidiu agir Segundo a Polícia do Rio, o próprio oficial se apresentou voluntariamente admitindo o uso da arma e agora será aberta uma sindicância para determinar se houve irregularidade na situação
Dois dias depois, a capital fluminense teve mais uma manifestação, desta vez, organizada pelo MPL (Movimento Passe Livre), durante o jogo do Brasil contra o México. O protesto reuniu cerca de 50 pessoas e terminou três horas depois, com pelo menos 15 detidos
Policiais militares usaram gás de pimenta contra manifestantes que faziam uma intervenção artística na Candelária e levaram quatro estudantes em um camburão. Depois houve confusão e agressão policial na Cinelândia, no centro, onde um grupo de ativistas embarcou em um ônibus da linha 455 para seguir até Copacabana, na zona sul
Houve confusão também em Fortaleza (CE), durante protesto realizado na última terça-feira (17). Dez adolescentes foram apreendidos e mais de 20 adultos foram presos depois de confronto entre policiais e manifestantes. De acordo com a Polícia Militar, os manifestantes foram levados para o 16º Distrito Policial, em Dias Macedo. As apreensões aconteceram por depredação do patrimônio púbico e privado, insulto aos policiais e por tentarem bloquear as vias de acesso ao Estádio Castelão. Vinte e duas pessoas foram indiciadas de acordo com crimes previstos no Estatuto do Torcedor. Além disso, um garoto de sete anos foi atingido por uma bala perdida durante tumulto em área próxima à Fifa Fan Fest de Fortaleza, no Aterro da Praia de Iracema. O tiro pegou de raspão e o garoto não corre risco de morte
Em Belo Horizonte (MG), houve manifestações na quinta-feira (12) e no sábado (14). Na abertura do Mundial, aproximadamente 400 pessoas fecharam a praça Sete e ainda picharam os muros da Prefeitura. Manifestantes também apedrejaram a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), agências bancárias e ainda depredaram a sede do Detran. Uma viatura da Polícia Civil foi virada pelo grupo. Já no sábado (14), dia de estreia do Mineirão na Copa, os manifestantes foram encurralados pela PM na praça Sete. Depois de negociações, eles ainda continuaram a passeata até a praça da Estação, onde foram novamente cercados. Com isso, o grupo encerrou o ato. Mesmo assim, 15 pessoas foram detidas. O governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, sancionou,  na terça-feira (17), a lei que restringe o uso de máscaras em manifestações de rua em todo o Estado. Os manifestantes mascarados serão obrigados a se identificar às autoridades policiais quando necessário ou estarão sujeitos ao pagamento de uma multa, que varia entre R$ 1.319,10 e R$ 26.382,00. Além disso, eles poderão ser monitorados em novos protestos ou atos públicos
Em Curitiba, a polícia atirou com balas de borracha para dispersar uma manifestação contra a Copa do Mundo, realizada na segunda-feira (16). Onze pessoas foram detidas em meio à partida entre Irã e Nigéria. Ao menos 200 pessoas se reuniram no centro de Curitiba e seguiram em passeata para a Arena da Baixada, mas foram bloqueadas pela polícia. Os manifestantes pararam um ônibus que levava torcedores e bloquearam várias ruas, incendiando lixo. Após a dispersão do grupo, alguns manifestantes, com os rostos cobertos, voltaram ao centro da cidade e atacaram agências bancárias
Também no dia 16, em Natal, cerca de 300 ativistas protestaram contra o gasto público com a Copa do Mundo e contra a presença do vice-presidente americano, Joe Biden, na Arena das Dunas. O protesto transcorreu sem violência
Estrutura O grande teste brasileiro de organização nesta Copa começou no dia 12 de junho, durante  a abertura, no Itaquerão, em São Paulo. Houve falha dos geradores de energia no primeiro tempo do jogo, mas nada que afetasse efetivamente o bom andamento. A grande reclamação ficou por conta da falta de comida nos restaurantes e bares. Nos arredores, já não havia água desde as 13h. Mais tarde, cem torcedores do jogo entre México e Camarões, em Natal, precisaram ser realocados porque suas cadeiras foram interditadas por questões de segurança. O estádio finalizou seus 10 mil assentos temporários (arquibancadas móveis) em cima da hora, sem que os bombeiros conseguissem emitir o alvará que liberaria os lugares para serem utilizados.  A conexão de internet também foi alvo de queixas. No Maracanã (RJ), Mané Garrincha (DF), Itaquerão (SP) e Arena da Baixada (PR), houve reclamações quanto a oscilações do 3G e do wifi fornecido para a imprensa. Os torcedores também relataram instabilidade do sinal
Ocorrências policiais Em Salvador (BA), um turista suíço foi assaltado no centro histórico, enquanto tirava fotos da festa que ocorria por causa do segundo jogo do Brasil, no dia 17. Ele foi empurrado no meio de outros três homens e, na confusão, os ladrões levaram a máquina fotográfica, a carteira, os documentos e os cartões de crédito do estrangeiro. A vítima reagiu e machucou o dedo da mão direita. Um turista mineiro tentou ajudá-lo e teve os óculos quebrados
Na quarta-feira (18), 18 colombianos foram presos por assaltar dois brasileiros na região central de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, os turistas estavam armados com facas e pedras e chegaram a roubar joias e R$ 70 em dinheiro
No Rio de Janeiro, pelo menos 85 torcedores, sem ingressos, foram detidos na quarta-feira (18) depois de derrubar as grades do portão 8 do Maracanã e provocar um quebra-quebra no estádio. Uma parte chegou ao campo e tentou pular a mureta que separa o gramado da arquibancada. Outros entraram na sala de imprensa e derrubaram uma parede. Esta foi a segunda invasão em dois jogos no Maracanã. No domingo (15), dezenas de torcedores pularam o muro do estádio para tentar assistir ao confronto entre Argentina e Bósnia, mas foram barrados antes de chegar às arquibancadas
Além disso, um turista espanhol foi preso na tarde de quarta-feira (18) ao ser flagrado por um guarda municipal tentando vender três ingressos para a Copa do Mundo no Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, sete estrangeiros e um brasileiro foram detidos por revender ingressos para o jogo entre Holanda e Austrália, no Beira-Rio, por preços que variavam de US$ 500 (cerca de R$ 1.100) a US$ 3.000 (cerca de R$ 6.700)
Lixo O lixo acumulados nas ruas se junta aos destaques negativos nesta Copa. Enquanto os arredores da Arena Corinthians ficaram limpos logo após o começo do 1º tempo do jogo do Brasil, no dia 12, o bairro Vila Madalena, que concentra as comemorações pelo torneio por causa dos bares na região, tem amanhecido coberto de sujeira. Um dia após o segundo jogo do Brasil, mais de 40 toneladas de lixo foram retiradas. Para se ter uma ideia da quantidade de sujeira, no jogo entre Brasil e Croácia, realizado no Rio de Janeiro, a Prefeitura recolheu 10,8 toneladas de lixo em toda a cidade
Hospitalidade A recepção dos brasileiros tem garantido a satisfação dos turistas, que estão aproveitando para viver uma "grande festa" na Copa do Mundo no Brasil. A reportagem conversou com croatas, ingleses, mexicanos, argentinos e tantos outros estrangeiros. Quando perguntados se estavam gostando do Brasil, a respostas tinha sempre algo em comum: "fantastic people" (povo fantástico).

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Há exatamente uma semana, no dia 12, o Brasil deu início à sua Copa do Mundo em meio a um público dividido entre o pessimismo e o entusiasmo. Já na abertura, na Arena Corinthians, em São Paulo, foi observada uma série de problemas estruturais e também no acesso. De fora da arena, a alegria da torcida frequentemente contrastou com a violência na repressão dos protestos, com disparos de balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. O cancelamento de voos, o trânsito excessivo, greve no transporte coletivo e até mesmo um desmoronamento prejudicaram o acesso aos jogos
Ainda assim, o maior evento esportivo da história do País registrou acertos como a farta sinalização nos transportes, a receptividade aos turistas e às delegações e o clima festivo. Acompanhe, nas fotos a seguir, o que pode ser melhorado e o que pode ser mantido para que o País bata um bolão nessa Copa Reportagem: R7, BBC Brasil e Agência Brasil
Transporte  A ameaça de greve dos metroviários de São Paulo na abertura da Copa não se concretizou e os usuários puderam utilizar o metrô, além do Expresso Copa e dos ônibus, para chegar ao Itaquerão. O R7 testou o acesso e a viagem durou cerca de 20 minutos
A reportagem verificou que o transporte coletivo estava bem sinalizado, em inglês e português, e não houve atrasos na hora de ir embora. Em Natal (RN), porém, a greve dos motoristas e cobradores de ônibus, iniciada no dia 12, reduziu as opções para se chegar aos jogos realizados no Estádio das Dunas. A categoria, no entanto, cumpriu a liminar que obrigava a manutenção de 70% da frota nos horários de pico
Trânsito O trânsito em algumas das cidades-sede mostrou ser um desafio para o País. Em capitais onde o congestionamento já é frequente, como Salvador e Manaus, os dias de jogos foram um pouco caóticos, e os torcedores que tentavam ir de carro à Fonte Nova e à Arena Amazônia, respectivamente, sentiram na pele os problemas de mobilidade urbana das duas cidades. Sem feriados decretados, o trânsito de Salvador ficou caótico nos dias dos jogos entre Espanha x Holanda e Alemanha x Portugal, e torcedores relataram que demoraram 1h30 para chegar do Rio Vermelho (região mais turística da cidade) até a Fonte Nova
Em Manaus, que recebeu a partida de Itália x Inglaterra, uma das equipes da BBC que chegava para o jogo com três horas de antecedência precisou desviar do caminho principal para a Arena da Amazônia, percorrendo 2 km em 40 minutos na tentativa de fugir do congestionamento. Houve muita gente que foi desistindo no caminho para ir a pé
Em São Paulo, o feriado municipal na abertura da Copa aliviou o trânsito. Curiosamente, a capital registrou mais de 300 km de congestionamento na última terça-feira (17), poucas horas antes da partida entre Brasil e México, que foi realizada em Fortaleza (CE)
Para evitar esse problema, o Rio de Janeiro criou um esquema especial para aliviar o trânsito na última quarta-feira (18), para o jogo entre Chile e Espanha, no Maracanã. As ruas no entorno do estádio foram fechadas e só reabertas às 20h, duas horas após o término da partida. Além disso, o estacionamento foi proibido em um número maior de ruas. O transporte público, como o metrô, ficou lotado
Acesso A chuva forte que castigou Natal nos últimos dias deixou a cidade em estado de calamidade pública e dificultou o acesso à Arena das Dunas — o próprio entorno dela ficou envolto em uma grande poça de água no primeiro jogo. Na última segunda-feira (16), porém, Gana e Estados Unidos jogaram em condições climáticas bem mais favoráveis
Em Brasília, houve problema para entrar no estádio. Muitas filas se acumularam na revista e na checagem dos ingressos e, faltando menos de 10 minutos para o início do jogo, a reportagem  verificou milhares de pessoas ainda esperando para entrar. Muitos deles só conseguiram se acomodar no Mané Garrincha quando o jogo entre Suíça e Equador já havia começado
Em São Paulo, a reportagem também apurou que o acesso ao Itaquerão era bastante confuso quando se saía da estação Corinthians-Itaquera, local de desembarque do Expresso Copa e acesso para quem tinha ingresso do lado leste do estádio. A sinalização para a arena era insuficiente e milhares de torcedores se deslocaram para o lado errado da estação, chegando a um camarote que foi invadido por milhares de pessoas
Uma vez identificado o lado certo para se chegar ao Itaquerão, o público encontrava dificuldade para saber onde ficavam os portões de entrada. Muitos estavam com o ingresso do lado oeste e as informações sobre o acesso eram confusas — enquanto alguns policiais militares e voluntários indicavam que esses torcedores podiam entrar no portão leste, muitos recomendavam que os pagantes atravessassem uma passarela que, na verdade, havia sido bloqueada, conforme apuração da reportagem
Muitos passageiros perderam os jogos porque o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ficou fechado para pousos e decolagens por mais de quatro horas, por causa de um forte nevoeiro. Com a suspensão, torcedores que seguiam para Belo Horizonte, para acompanhar a partida entre Bélgica e Argélia, marcada para as 13h, perderam o voo e reclamaram da falta de informação das companhias aéreas. Segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), 30 voos foram cancelados. Muitos passageiros se aglomeraram nos balcões das companhias aéreas em busca de informações e devolução do valor da passagem. Foi o caso de torcedores belgas, que deveriam embarcar às 7h58, mas às 12h permaneciam no saguão do Santos Dumont, lamentando não conseguir chegar a tempo para ver a seleção de seu país
Além do Santos Dumont, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antonio Carlos Jobim também suspendeu as operações para pousos por mais de uma hora, o que resultou no atraso de 30 voos. O Galeão  e mais cinco aeroportos nas cidades-sede da Copa do Mundo vão receber, nos terminais durante o Mundial, reforço na frota de ônibus que levam os passageiros para área de embarque e desembarque. O aeroporto do Galeão receberá a maior quantidade. Serão seis ônibus disponíveis no Rio e mais oito nas outras cidades. Além disso, o efetivo da área operacional foi ampliado em 18%
Informação dentro do estádio Já dentro do estádio, houve muitas queixas com relação aos voluntários. Todos foram muito elogiados por serem educados e prestativos, mas criticados principalmente por não saberem passar informações básicas — localização de banheiros, bares e assentos. Se a pergunta era feita em inglês, a resposta era ainda mais difícil — os voluntários bilíngues ainda são uma raridade nas arenas. Alguns desses problemas são explicados pela demora na entrega dos estádios. Segundo a Fifa, em coletiva de imprensa realizada um dia depois da abertura do Mundial, a entidade está preparada para lidar com esses desafios, que tendem a ser maiores nos estádios que estrearam durante a Copa — as seis arenas já testadas na Copa das Confederações já não teriam os mesmos problemas
Protestos Os incidentes mais preocupantes neste início de Copa foram os enfrentamentos entre manifestantes e policiais durante os protestos contra os gastos do poder público com o evento. No primeiro deles durante o Mundial, na manhã da abertura do torneio, em São Paulo, duas jornalistas da CNN, um fotógrafo argentino e um auxiliar-técnico do SBT foram feridos pelo estilhaço de uma bomba de efeito moral jogada pela Polícia Militar. Além disso, um jornalista e fotógrafo brasileiro foi atingido por vários golpes de cassetete na região da cabeça, tórax e braços. Seu notebook, que estava dentro de uma mochila, ficou totalmente danificado
A manifestação tinha pouco mais de 20 pessoas e ficou longe de se aproximar das dependências da Arena Corinthians. Mais tarde, manifestantes entraram em conflito com a PM também dentro da estação Tatuapé da linha 3-Vermelha do metrô
No último domingo (15), houve mais confronto entre manifestantes e PMs no Rio de Janeiro, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar aos cerca de 150 pessoas que protestavam nas ruas próximas ao Maracanã. Um policial chegou a descer do carro e dar tiros para o alto com uma arma de fogo — ele estava passando pelo local quando viu a manifestação e decidiu agir Segundo a Polícia do Rio, o próprio oficial se apresentou voluntariamente admitindo o uso da arma e agora será aberta uma sindicância para determinar se houve irregularidade na situação
Dois dias depois, a capital fluminense teve mais uma manifestação, desta vez, organizada pelo MPL (Movimento Passe Livre), durante o jogo do Brasil contra o México. O protesto reuniu cerca de 50 pessoas e terminou três horas depois, com pelo menos 15 detidos
Policiais militares usaram gás de pimenta contra manifestantes que faziam uma intervenção artística na Candelária e levaram quatro estudantes em um camburão. Depois houve confusão e agressão policial na Cinelândia, no centro, onde um grupo de ativistas embarcou em um ônibus da linha 455 para seguir até Copacabana, na zona sul
Houve confusão também em Fortaleza (CE), durante protesto realizado na última terça-feira (17). Dez adolescentes foram apreendidos e mais de 20 adultos foram presos depois de confronto entre policiais e manifestantes. De acordo com a Polícia Militar, os manifestantes foram levados para o 16º Distrito Policial, em Dias Macedo. As apreensões aconteceram por depredação do patrimônio púbico e privado, insulto aos policiais e por tentarem bloquear as vias de acesso ao Estádio Castelão. Vinte e duas pessoas foram indiciadas de acordo com crimes previstos no Estatuto do Torcedor. Além disso, um garoto de sete anos foi atingido por uma bala perdida durante tumulto em área próxima à Fifa Fan Fest de Fortaleza, no Aterro da Praia de Iracema. O tiro pegou de raspão e o garoto não corre risco de morte
Em Belo Horizonte (MG), houve manifestações na quinta-feira (12) e no sábado (14). Na abertura do Mundial, aproximadamente 400 pessoas fecharam a praça Sete e ainda picharam os muros da Prefeitura. Manifestantes também apedrejaram a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), agências bancárias e ainda depredaram a sede do Detran. Uma viatura da Polícia Civil foi virada pelo grupo. Já no sábado (14), dia de estreia do Mineirão na Copa, os manifestantes foram encurralados pela PM na praça Sete. Depois de negociações, eles ainda continuaram a passeata até a praça da Estação, onde foram novamente cercados. Com isso, o grupo encerrou o ato. Mesmo assim, 15 pessoas foram detidas. O governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, sancionou,  na terça-feira (17), a lei que restringe o uso de máscaras em manifestações de rua em todo o Estado. Os manifestantes mascarados serão obrigados a se identificar às autoridades policiais quando necessário ou estarão sujeitos ao pagamento de uma multa, que varia entre R$ 1.319,10 e R$ 26.382,00. Além disso, eles poderão ser monitorados em novos protestos ou atos públicos
Em Curitiba, a polícia atirou com balas de borracha para dispersar uma manifestação contra a Copa do Mundo, realizada na segunda-feira (16). Onze pessoas foram detidas em meio à partida entre Irã e Nigéria. Ao menos 200 pessoas se reuniram no centro de Curitiba e seguiram em passeata para a Arena da Baixada, mas foram bloqueadas pela polícia. Os manifestantes pararam um ônibus que levava torcedores e bloquearam várias ruas, incendiando lixo. Após a dispersão do grupo, alguns manifestantes, com os rostos cobertos, voltaram ao centro da cidade e atacaram agências bancárias
Também no dia 16, em Natal, cerca de 300 ativistas protestaram contra o gasto público com a Copa do Mundo e contra a presença do vice-presidente americano, Joe Biden, na Arena das Dunas. O protesto transcorreu sem violência
Estrutura O grande teste brasileiro de organização nesta Copa começou no dia 12 de junho, durante  a abertura, no Itaquerão, em São Paulo. Houve falha dos geradores de energia no primeiro tempo do jogo, mas nada que afetasse efetivamente o bom andamento. A grande reclamação ficou por conta da falta de comida nos restaurantes e bares. Nos arredores, já não havia água desde as 13h. Mais tarde, cem torcedores do jogo entre México e Camarões, em Natal, precisaram ser realocados porque suas cadeiras foram interditadas por questões de segurança. O estádio finalizou seus 10 mil assentos temporários (arquibancadas móveis) em cima da hora, sem que os bombeiros conseguissem emitir o alvará que liberaria os lugares para serem utilizados.  A conexão de internet também foi alvo de queixas. No Maracanã (RJ), Mané Garrincha (DF), Itaquerão (SP) e Arena da Baixada (PR), houve reclamações quanto a oscilações do 3G e do wifi fornecido para a imprensa. Os torcedores também relataram instabilidade do sinal
Ocorrências policiais Em Salvador (BA), um turista suíço foi assaltado no centro histórico, enquanto tirava fotos da festa que ocorria por causa do segundo jogo do Brasil, no dia 17. Ele foi empurrado no meio de outros três homens e, na confusão, os ladrões levaram a máquina fotográfica, a carteira, os documentos e os cartões de crédito do estrangeiro. A vítima reagiu e machucou o dedo da mão direita. Um turista mineiro tentou ajudá-lo e teve os óculos quebrados
Na quarta-feira (18), 18 colombianos foram presos por assaltar dois brasileiros na região central de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, os turistas estavam armados com facas e pedras e chegaram a roubar joias e R$ 70 em dinheiro
No Rio de Janeiro, pelo menos 85 torcedores, sem ingressos, foram detidos na quarta-feira (18) depois de derrubar as grades do portão 8 do Maracanã e provocar um quebra-quebra no estádio. Uma parte chegou ao campo e tentou pular a mureta que separa o gramado da arquibancada. Outros entraram na sala de imprensa e derrubaram uma parede. Esta foi a segunda invasão em dois jogos no Maracanã. No domingo (15), dezenas de torcedores pularam o muro do estádio para tentar assistir ao confronto entre Argentina e Bósnia, mas foram barrados antes de chegar às arquibancadas
Além disso, um turista espanhol foi preso na tarde de quarta-feira (18) ao ser flagrado por um guarda municipal tentando vender três ingressos para a Copa do Mundo no Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, sete estrangeiros e um brasileiro foram detidos por revender ingressos para o jogo entre Holanda e Austrália, no Beira-Rio, por preços que variavam de US$ 500 (cerca de R$ 1.100) a US$ 3.000 (cerca de R$ 6.700)
Lixo O lixo acumulados nas ruas se junta aos destaques negativos nesta Copa. Enquanto os arredores da Arena Corinthians ficaram limpos logo após o começo do 1º tempo do jogo do Brasil, no dia 12, o bairro Vila Madalena, que concentra as comemorações pelo torneio por causa dos bares na região, tem amanhecido coberto de sujeira. Um dia após o segundo jogo do Brasil, mais de 40 toneladas de lixo foram retiradas. Para se ter uma ideia da quantidade de sujeira, no jogo entre Brasil e Croácia, realizado no Rio de Janeiro, a Prefeitura recolheu 10,8 toneladas de lixo em toda a cidade
Hospitalidade A recepção dos brasileiros tem garantido a satisfação dos turistas, que estão aproveitando para viver uma "grande festa" na Copa do Mundo no Brasil. A reportagem conversou com croatas, ingleses, mexicanos, argentinos e tantos outros estrangeiros. Quando perguntados se estavam gostando do Brasil, a respostas tinha sempre algo em comum: "fantastic people" (povo fantástico).

Há exatamente uma semana, no dia 12, o Brasil deu início à sua Copa do Mundo em meio a um público dividido entre o pessimismo e o entusiasmo. Já na abertura, na Arena Corinthians, em São Paulo, foi observada uma série de problemas estruturais e também no acesso. De fora da arena, a alegria da torcida frequentemente contrastou com a violência na repressão dos protestos, com disparos de balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. O cancelamento de voos, o trânsito excessivo, greve no transporte coletivo e até mesmo um desmoronamento prejudicaram o acesso aos jogos

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