O conflito no leste da Ucrânia deixou pelo menos 6.417 mortos e 15.962 feridos, segundo o último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos apresentado nesta segunda-feira (1).
Estes números são estimativas do Alto Comissariado e da Organização Mundial da Saúde (OMS), e recolhem as vítimas contabilizadas desde meados de abril de 2014 até 30 de maio de 2015. "Isto é uma estimativa conservadora e os números reais poderiam ser maiores", indica o texto.
O relatório, o décimo elaborado pelos especialistas do Alto Comissariado, abrange o que ocorreu no leste da Ucrânia desde 16 de fevereiro a 15 de maio. O texto indica que apesar de ter notado uma diminuição dos bombardeios após a adoção em 12 de fevereiro dos Acordos de Minsk, estes não pararam.
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Também não cessaram as hostilidades entre as Forças Armadas ucranianas e os grupos armados pró-Rússia. "As vítimas por causa de minas antipessoais e outros tipos de artilharia não exploradas ainda são consideráveis", diz o documento.
O relatório lembra que desde 11 de abril, o aeroporto de Donetsk e a cidade de Shyrokzne foram alvo de intenso fogo cruzado. "Persistem os relatórios sobre material militar sofisticado e combatentes desdobrados pela Federação Russa".
Além disso, os especialistas denunciam que foram detectadas "sérias violações aos direitos humanos, intimidação e ameaças da população local realizadas pelos grupos armados". "A missão de investigadores recebeu novas alegações de assassinatos, tortura, maus tratos, assim como casos de detenção arbitrária, trabalho forçado, saques e extorsão nos territórios controlados pelos grupos armados".
O próprio alto comissário, Zeid Ra'ad al-Hussein, citado em comunicado , denunciou o preço pago pelos civis neste conflito. "Documentamos relatórios alarmantes sobre execuções sumárias por grupos armados, e estamos investigando alegações similares contra as forças armadas ucranianas", assinala Zeid.
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"Também temos relatos horrorosos sobre torturas e maus tratos de detidos, realizadas tanto pelos grupos armados como pelas Forças Armadas ucranianas". Por outro lado, o relatório dá ênfase ao impacto a longo prazo que o conflito terá na população local. E alerta, além disso, que foi detectado um "preocupante aumento do risco de tráfico de pessoas".
O texto lembra que os cidadãos que residem no leste do país estão cada vez mais isolados e sofrem com as consequências da decisão do governo de privá-los dos serviços sociais básicos.
Por outra parte, o relatório volta a denunciar a falta de suposição de consequências pelas violações aos direitos humanos ocorridas durante a revolução do Maidan, onde 117 pessoas morreram e outras 2.295 ficaram feridas.
Finalmente, o relatório se refere também à situação na Crimeia, onde a população local, especialmente a minoria tártara, segue sofrendo "detenções, maus tratos, torturas e intimidação" por parte das autoridades, que estão sob controle efetivo da Federação Russa.