Número de mortos por supertufão nas Filipinas chega a 4 mil
Um funcionário da ONU elogiou cautelosamente a ajuda que muitos países
Internacional|Do R7
O número de mortes provocadas por um dos mais poderosos tufões do mundo aumentou para 4.000 nesta sexta-feira (15), mas a distribuição de ajuda está sendo tão irregular que corpos ainda não foram recolhidos e milhares de pessoas tentam desesperadamente sair das regiões afetadas na parte central das Filipinas.
Depois de vários dias, centenas de membros de equipes internacionais de ajuda armavam hospitais de campanha e distribuíam suprimentos, enquanto helicópteros de um porta-aviões dos Estados Unidos levavam remédios e água a regiões remotas arrasadas pelo tufão Haiyan há uma semana.
Filipina vê morte de pais ao seu lado sob escombros em 1ª cidade atingida por tufão
"Estamos muito, muito preocupados com milhões de crianças", disse o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Marixie Mercado, a repórteres em Genebra.
Um funcionário da ONU (Organização das Nações Unidas) elogiou cautelosamente a ajuda que muitos países estão oferecendo.
"A resposta da comunidade internacional não tem sido enorme em comparação à magnitude do desastre, mas tem sido muito generosa até agora", disse Jens Laerke, do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários, em entrevista coletiva.
O capitão Victoriano Sambale, um médico militar que desde sábado tem tratado pacientes em uma sala cheia de lixo e detritos em Tacloban, a cidade mais afetada, disse que houve uma mudança no ritmo da resposta ao desastre.
"Posso ver que a ajuda internacional está chegando aqui", disse. "No primeiro dia nós tratamos mais de 600 pacientes. No segundo dia, tivemos mais de 700. No terceiro, perdemos a conta", afirmou.
O presidente filipino, Benigno Aquino, pego de surpresa pela escala do desastre, tem sido criticado pela lentidão na distribuição da ajuda e falta de precisão nas estimativas de vítimas, especialmente em Tacloban, capital da província de Leyte.
Um quadro de avisos na sede da prefeitura de Tacloban estimava os mortos em 4.000 nesta sexta-feira, um salto em relação aos 2.000 registrados um dia antes, somente na cidade. Horas depois, o prefeito de Tacloban, Alfred Romualdez, pediu desculpas e disse que a cifra se referia a toda a região central das Filipinas.
A cifra, marcada em um quadro branco, é compilada por funcionários que começaram a enterrar os cadáveres em valas comuns na quinta-feira.
Romualdez disse que algumas pessoas podem ter sido levadas pelo mar e seus corpos podem ter se perdido depois que uma parede de água, semelhante a um tsunami, devastou as áreas costeiras. Um bairro com população de 10 mil a 12 mil pessoas está agora deserto, disse ele.
O dado da prefeitura foi o primeiro reconhecimento público de que o número de mortos provavelmente excederia uma estimativa dada nesta semana por Aquino, que disse que as mortes ficariam entre 2.000 e 2.500.
Tufão transforma cidade filipina em cenário de filme de terror
Autoridades confirmaram que o número oficial de mortos em todo o país subiu em mais de 1.200 na madrugada, para 3.621 nesta sexta-feira. A confusão aumentou quando a ONU, citando dados do governo, afirmou que a última cifra de mortos era de 4.460, mas uma porta-voz disse que a entidade está agora revisando o número.
"Espero que não aumente mais. Espero que esse seja o número final", disse o diretor do Conselho Nacional de Administração e Redução de Riscos em Desastres, Eduardo del Rosario. "Se aumentar, provavelmente será muito pouco."
Na terça-feira, Aquino afirmou que a estimativa de 10 mil mortos, feita por autoridades locais, era exagerada e havia sido causada por um "trauma emocional". Elmer Sofia, chefe regional de polícia que deu a estimativa, foi removido do cargo.
O porta-voz da Polícia Nacional, Reuben Sindac, disse que Soria havia tido uma "reação aguda de estresse" e tinha sido transferido para Manila. Mas um policial do alto escalão disse à Reuters acreditar que Soria foi enviado para outra área por causa da estimativa não autorizada de vítimas.
Faltam sacos para corpos
Mas os enormes problemas de logística persistem. Sobreviventes feridos esperavam por tratamento em longas filas sob sol escaldante. Autoridades locais disseram que estão em falta sacos para corpos, gasolina e funcionários para a coleta de corpos.
"Há ainda corpos espalhados pelas ruas. Mas agora pelo menos estão em setores onde o departamento de saúde tem sacos para a coleta", disse o chefe de uma equipe de ajuda australiana, Ian Norton, à Reuters.
Fome e sede ameaçam sobreviventes de supertufão nas Filipinas
Brasileiros nas Filipinas se mobilizam para ajudar vítimas de tufão
Sobreviventes em Tacloban disseram que a cifra de mortos pode ser de milhares. "Há um monte de pessoas mortas nas ruas de nosso bairro, em meio ao lixo", disse Aiza Umpacan, de 27 anos, moradora de San José, um dos bairros mais afetados.
O número preliminar de desaparecidos até esta sexta-feira, de acordo com a Cruz Vermelha, subiu para 25.000. Isso poderia incluir pessoas que já foram localizadas, disse a instituição.
O porta-aviões norte-americano USS George Washington e outros navios chegaram à costa da província oriental de Samar na noite de quinta-feira com 5.000 tripulantes e mais de 80 aeronaves.