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Violência dos militares no Egito não deve calar a Irmandade Muçulmana

O Exército parece determinado a acabar com o movimento islâmico mais antigo do mundo árabe

Internacional|Do R7, com AFP

Menina segura cartaz com a foto do presidente deposto Mohamed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana
Menina segura cartaz com a foto do presidente deposto Mohamed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana

Até a noite de segunda-feira (19), Farid Ismail era um dos poucos líderes da Irmandade Muçulmana a atender seu telefone, mesmo quando muitos de seus colegas foram presos ou entraram na clandestinidade.

Na manhã de terça-feira (20) Ismail não podia ser encontrado em lugar algum, depois que as autoridades detiveram o chefe do grupo, Mohamed Badie, durante a noite.

Os militares parecem determinados a decapitar o movimento islâmico mais antigo e possivelmente mais resistente do Oriente Médio a fim de evitar que ele prepare uma volta depois que o presidente Mohamed Mursi, um de seus principais líderes, foi derrubado em 3 de julho.

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A prisão de Badie significa que os líderes mais respeitados e experientes da Irmandade estão agora atrás das grades. Outros como Ismail, se ele continua livre, devem agora se concentrar em permanecer fora da cadeia.


A estratégia militar parece clara: remover o topo de uma organização com o formato de pirâmide na esperança de que o resto caia.

Os membros da Irmandade recebem suas ordens do Conselho Consultivo Shura de 120 membros e do Gabinete de Orientação de 18 membros, que envia diretivas via vários advogados ou representantes.


A tática de divisão promovida pelas Forças Armadas já pagaram dividendos.

A Irmandade, que durante seis semanas conseguiu manter grandes acampamentos no Cairo para exigir a volta de Mursi ao poder, agora está lutando para levar as pessoas às ruas. As autoridades, enquanto isso, apertam o cerco com toques de recolher da manhã ao anoitecer.

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"De certa forma eles conseguiram. O comparecimento na rua é baixo", disse Khalil Anani, especialista em movimentos islâmicos. "A curto prazo, a Irmandade recebeu um grande golpe."

O governo apoiado pelo Exército indicou que não mostrará piedade, assumindo uma linha bem mais dura do que a da maioria dos governos egípcios passados. A Irmandade viu seus líderes e membros presos por décadas, mas nunca enfrentou tamanho derramamento de sangue.

Demonizando a Irmandade

As forças de segurança mataram centenas de pessoas, expulsando com vigor manifestantes islamitas de protestos em 14 de agosto. Mais gente morreu dois dias depois durante o "Dia da Fúria" da Irmandade.

Um porta-voz de uma aliança pró-Irmandade disse que o total de mortos entre os partidários de Mursi estava em cerca de 1.400, consideravelmente maior do que o número oficial de cerca de 900 mortos na última semana, inclusive cerca de 100 soldados e policiais.

Os militares vêm trabalhando para descrever a Irmandade como um grupo terrorista, uma narrativa que sugere que a repressão não terminará logo. A humilhação parece parte da estratégia.

Imagens exibidas na mídia local horas depois da prisão de Badie mostravam o líder barbado sentado carrancudo em um sofá em um manto cinza, as mãos algemadas, com um homem armado com um rifle do lado.

O general que está no comando, o chefe do Exército Abdel Fattah al-Sisi, assumiu uma linha mais agressiva contra a Irmandade do que os outros governantes do Egito apoiados pelos militares.

Ele obteve amplo apoio público para o que chama de uma campanha contra o terrorismo.

Mas não está claro se a campanha de mão pesada de Sisi pode ser bem sucedida a longo prazo.

A Irmandade tem longa experiência de pressão. Seus líderes sofreram privações na cadeia e episódios de perseguição sob o ex-presidente Gamal Abdel Nasser e seus sucessores.

Em um sinal de desordem dentro do movimento, o jornal do Partido Liberdade e Justiça relatou que Mahmoud Ezzat, ex-vice de Badie, tinha sido nomeado líder temporário, apenas para o partido negar a informação horas depois em seu site oficial.

Ainda assim, os partidários da Irmandade estão minimizando os desafios à frente.

Sentado em um café do Cairo, Nidal Sakr, estrategista político da Irmandade, via o noticiário sobre Badie.

"Isso não é nada novo. Já vimos antes", falou, estimando que as autoridades prenderam mais de 3.000 líderes de médio e baixo escalão da Irmandade em todo o Egito.

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