Ex-prefeito de Unaí é condenado a 100 anos de prisão por participação em chacina
Antério Mânica foi um dos mandantes do crime, mas poderá recorrer em liberdade
Minas Gerais|Thaís Mota, do R7
O ex-prefeito de Unaí, Anterio Mânica, foi condenado na noite dessa quinta-feira (5) a 100 anos de prisão pelo envolvimento no assassinato de quatro servidores do Ministério do Trabalho, no crime que ficou conhecido como "Chacina de Unaí". O caso aconteceu há quase 12 anos, mas, devido a recursos impetrados pela defesa, o julgamento do acusado foi adiado várias vezes.
Mânica foi acusado de ser um dos mandates do crime e terá que cumprir pena de 99 anos e 11 meses, já que ficou preso por 26 dias pelo crime. Além disso, ele poderá recorrer da sentença em liberdade, mas, por determinação do juiz Murilo Fernandes, entregou seu passaporte à Justiça para impedir que ele deixe o país.
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O julgamento, que teve início na quarta-feira (4), durou dois dias. Neste período, foram ouvidas 16 testemunhas de acusação e três de defesa, entre elas o delator e réu Hugo Alves Pimenta, que será julgado na próxima semana. Ele confessou participação como intermediador do crime, mas negou ter conhecido Antério Mânica antes de ser preso.
Na semana passada, o irmão de Antério, Norberto Mânica, e o empresário José Alberto de Castro foram condenados a 100 e 96 anos de prisão, respectivamente. Já os executores da chacina, Erinaldo Vasconcelos Silva, Rogério Allan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda, já cumprem pena pelos crimes. Eles foram julgados e condenados pelo Tribunal do Júri Federal em setembro de 2013, com penas que foram de 56 a 94 anos de prisão. Um dos acusados teve o processo extinto e um dos intermediadores morreu na cadeia em 2013.
Relembre o caso
Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros em uma emboscada em uma estrada de terra, próxima de Unaí, na região Noroeste do Estado. Na ocasião, as vítimas fiscalizavam denúncias de trabalho escravo e diversas irregularidades trabalhistas nas propriedades rurais dos empresários, que devido ao poder econômico são conhecidos como "reis do feijão".
O carro do Ministério do Trabalho foi cercado por homens armados, que mataram os fiscais à queima-roupa, ainda atados aos cintos de segurança.
Segundo o MPF, Antério teria ligado para o local de trabalho dos fiscais para confirmar a morte antes que o crime se tornasse conhecido e, em outra ligação, teria perguntado se um dos servidores estava no local para receber flores. A acusação ainda aponta ligações telefônicas entre os réus no dia do crime e o testemunho do réu William Gomes que coloca Antério Mânica em um Marea dizendo que "pode matar todo mundo".